Protestos atrapalham a vida da população no Litoral – serviços públicos paralisados, falta de combustível e mais


Por Luiza Rampelotti Publicado 01/11/2022 às 13h19 Atualizado 17/02/2024 às 20h34

As paralisações coordenadas por caminhoneiros bolsonaristas nas rodovias do Brasil, principalmente no Sul, também estão afetando a vida da população do Litoral. Desde a tarde de segunda-feira (31), a BR-277, principal acesso ao Porto de Paranaguá, está bloqueada. Além disso, a PR-412, acesso de Pontal do Paraná à Matinhos também está parada, bem como o trecho de Guaratuba. A PR-408, que liga Morretes à Antonina está, igualmente, tomada pelos manifestantes, no trecho da entrada de Morretes.

Até o momento, apenas o prefeito de Guaratuba, Roberto Justus (União), se manifestou a respeito da paralisação. Ele destacou, por meio de um vídeo, que os protestos estão impedindo acessos à cidade, e que o município está enfrentando muita dificuldade na área da saúde.

Ontem, 15 pacientes nossos que foram fazer consultas e tratamento fora não conseguiram retornar e tiveram que pernoitar em Tijucas do Sul (PR). Estamos tendo muito problema na coleta de lixo, porque nossos caminhões estão tendo dificuldade por causa das filas. Dificuldades também nos serviços públicos em geral por conta da falta de combustível; estamos racionando combustível porque o fornecedor não consegue chegar na cidade, de modo que estamos suspendendo alguns serviços como manutenção de ruas, para que não falte para a nossas ambulâncias”, disse.

Ele classificou o resultado das paralisações na cidade como um ‘transtorno generalizado’. Justus ainda comentou que a expectativa para um bom movimento em Guaratuba nesta quarta-feira (2), feriado nacional, já está frustrada por conta das manifestações. O prefeito também destacou que já há ordem judicial que para que os protestos sejam interrompidos.

Em Paranaguá, a Secretaria Municipal de Saúde e a Fundação Municipal de Assistência à Saúde também informaram que a paralisação nas estradas pode afetar os atendimentos de saúde no município. “Muitos dos médicos que atuam na cidade residem em Curitiba e Região Metropolitana e não estão conseguindo vir a Paranaguá em decorrência das barreiras na BR-277“, disse.

Já a Secretaria Municipal de Meio Ambiente comentou que também está encontrando dificuldade na coleta de lixo doméstico. Conforme a pasta, os caminhões que realizam o serviço, não estão conseguindo chegar ao aterro sanitário em decorrência dos bloqueios. Por isso, a situação pode gerar atraso na coleta dos resíduos.


Falta de combustível em Matinhos e ferrovia paralisada em Morretes

Assim como em Guaratuba, Matinhos também já sente a falta de combustível. Um dos postos localizados na cidade informou que devido à paralisação, os estoques já acabaram.

Em Morretes, a ferrovia localizada na PR-408 também foi paralisada. A concessionária Rumo Logística disse que há uma redução no volume de caminhões em seus terminais e paralisações em trechos da via férrea.

A Rumo trabalha atualmente com estoque e com carga em trânsito em trens que permitem até o momento atender a demanda de operação prevista em seus contratos”, afirmou.

O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, derivados de Petróleo, Gás Natural, Biocombustíveis e Lojas de Conveniência do Paraná, Paranapetro, destacou que as paralisações nas rodovias agravaram a situação da distribuição de combustíveis. Com isso, mais postos estão tendo falta de produtos.

Não temos como fazer previsões, mas de forma geral a situação se agravou desde ontem”, disse.

Um dos manifestantes fala com a equipe do JB Litoral, em Matinhos, e convida população a ”salvar o país contra a investida comunista”.

Apenas 54 caminhões no Pátio de Triagem de Paranaguá

A empresa pública Portos do Paraná, administradora do Porto de Paranaguá, informou que apesar do bloqueio rodoviário, os portos seguem operando e o reflexo do movimento, que ainda ocorre em diversas estradas brasileiras, está na recepção aos caminhões.

Segundo dados do Pátio de Triagem, onde os caminhões chegam para aguardar a descarga dos granéis sólidos vegetais de exportação, apenas 54 caminhões foram recebidos, das 14h de ontem (31/10) até as 9h de hoje (01/11).

Os operadores portuários já têm adotado medidas em relação aos agendamentos para evitar filas e maiores transtornos. As equipes das empresas e da Portos do Paraná seguem monitorando a situação junto às autoridades responsáveis”, disse.

A autoridade portuária informou, ainda, que quando houver previsão de liberação das pistas, serão decididas as novas medidas frente ao fluxo acumulado.

Nas redes sociais, é possível observar grande parte da população revoltada por conta das paralisações. Muitas pessoas estão preocupadas, principalmente, com questões de saúde, como a realização de consultas e procedimentos médicos em outras cidades.

  • Manifestante não concordou com os pedidos da PRF e disse que estão em

PMPR está utilizando ‘bom senso e diálogo’ na liberação das vias; PRF está ‘negociando’ com manifestantes

De acordo com o coronel Hudson Teixeira, comandante da Polícia Militar do Paraná, que está autorizada a atuar para o desbloqueio das rodovias, “está sendo utilizado do bom senso na mediação da conversa com os manifestantes para que garantam às pessoas o direito de ir e vir de forma normal e tranquila”.

Ele afirmou que a PMPR respeita todo tipo de manifestação, “desde que seja feita de forma democrática e não restrinja o direito de outras pessoas”, e que os oficiais estão orientados a conversar com os manifestantes para que de forma pacífica desobstruam as vias.

Temos decisões judiciais importantes que devem ser cumpridas, e obviamente que permanece o bom senso e diálogo na mediação”, finalizou.  

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também está liberando os pontos interditados e o processo de liberação seguirá “durante todo o período necessário até que se restabeleça a total fluidez nas rodovias“. A instituição afirmou que está ‘em negociação’ com os manifestantes na BR-277, em Paranaguá.