Era dezembro de 2023 quando a Prefeitura de Paranaguá inaugurou o Centro de Pronto Atendimento da Atenção Primária (CEPAP), ao lado do Centro de Diagnóstico João Paulo II. Poucos dias após o início dos atendimentos, a reportagem do JB Litoral esteve no local, que funcionava com quatro médicos, equipe de enfermeiros, técnicos de enfermagem e pessoal administrativo. Na época, a Administração Municipal afirmou que o CEPAP surgia como uma resposta às necessidades imediatas da população, oferecendo atendimento sem agendamento prévio para pacientes com sintomas leves. Com funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, o objetivo era proporcionar uma alternativa eficaz para casos não urgentes, permitindo que a UPA atendesse às situações mais graves.
A então secretária municipal de Saúde, Luciana Costa, destacava a importância do CEPAP como uma extensão das Unidades Básicas de Saúde (UBS).
“Caso o paciente não possa aguardar o dia da consulta, nós abrimos o CEPAP, uma extensão das unidades básicas de saúde com livre demanda de atendimento. Para casos mais simples, esse morador não precisa se dirigir à UPA, ele encontrará o atendimento imediato no centro. Temos equipes de profissionais completas para realizar esse serviço”, explicou, em entrevista ao JB Litoral.
A reportagem também falou com os médicos que atendiam no CEPAP.
“Os atendimentos realizados no Centro de Pronto Atendimento da Atenção Primária desempenham um papel fundamental ao absorver a demanda de pacientes que buscam assistência na UBS no mesmo dia, necessitando de cuidados mais específicos, como em casos de sintomas de resfriado, gripe, diarreia, entre outros”, ressaltou o médico Jorge Luis Pinho Woll.
Durante a reportagem, realizada no mesmo mês de inauguração do Centro (dezembro do ano passado), os profissionais de saúde afirmaram que a quantidade de atendimentos chegava a 60 por dia. Porém, com o dobro de pacientes atendidos, com uma média de 120 ao dia, segundo funcionários, o CEPAP foi fechado na última quarta-feira (30).
DENÚNCIAS
Na terça-feira (29), o JB Litoral recebeu denúncias de pessoas que trabalhavam no CEPAP. De acordo com elas, o número de médicos atuando no local já havia sido reduzido e a unidade seria fechada no dia seguinte, deixando pessoas sem emprego e a população voltando a enfrentar filas demoradas de atendimento em UBSs e UPA. Ainda segundo denunciado, os exames laboratoriais coletados nas instalações seriam descontinuados.
PREFEITURA CONTESTA
Diante das denúncias e da confirmação do encerramento das atividades no CEPAP, o JB Litoral procurou a Prefeitura de Paranaguá, que se manifestou por meio de sua assessoria de imprensa. Segundo a Administração Municipal, o CEPAP foi instituído temporariamente “para atender, em especial, casos de dengue, complementando os serviços das unidades básicas de saúde e aliviando a demanda da unidade de pronto atendimento (UPA) em um período de verão, quando os casos têm a tendência de aumentar em virtude das condições climáticas e se somavam a outras patologias. Esta iniciativa tinha previsão inicial de funcionamento até janeiro de 2024, como anunciado no site oficial da Prefeitura de Paranaguá em 5 de dezembro de 2023”, diz trecho da resposta aos questionamentos feitos pela reportagem.
Porém, tal informação não foi fornecida ao JB Litoral, à época da inauguração, tão pouco foi localizada no site, nem nas redes sociais da Prefeitura de Paranaguá, em buscas realizadas até o fechamento desta reportagem, na noite de sexta-feira (1º de novembro).
Ainda segundo a Prefeitura, após cumprir sua função temporária e com a previsão de reformas e manutenção no espaço, as atividades do CEPAP foram encerradas.
ATENDIMENTOS NA REDE
Também de acordo com a resposta enviada à reportagem, os atendimentos de urgência e emergência continuam sendo realizados pela UPA e pela Unidade Rodrigo Gomes, na Ilha dos Valadares, que opera 24 horas por dia.
“As UBSs mantêm, além de outros serviços, sua função de acompanhamento de doenças crônicas e prevenção. O Centro de Diagnóstico João Paulo II continuará realizando exames como antes da abertura temporária do CEPAP, sem interrupção dos serviços. O CEPAP utilizava um espaço anexo ao Centro de Diagnóstico e operava de forma independente com os exames ocorrendo no João Paulo II, que permanece aberto normalmente”, afirma a Prefeitura.
Além disso, a Prefeitura de Paranaguá não informou quantos atendimentos foram realizados pelo CEPAP ao longo dos 10 meses de funcionamento.