As convenções partidárias na primeira eleição municipal após as novas regras eleitorais, em tempo de Covid-19, prometem pegar fogo. “Que comecem os jogos…”


Por Maximilian Santos Publicado 24/08/2020 às 23h12 Atualizado 19/02/2024 às 15h28

As mudanças no calendário eleitoral, por conta do adiamento das eleições, impactaram no prazo das realizações das convenções partidárias, que são os eventos que escolhem os candidatos para as prefeituras. Em Paranaguá, cidade do litoral que recebe grande atenção das siglas, por ser uma das 10 maiores do estado e, principalmente, por conta do Porto, importante triunfador econômico, as movimentações para as realizações das convenções já começaram e, conforme a coluna apurou, os diretórios estaduais estão com os “olhos abertos” na “Cidade Mãe”. Além de serem marcadas pelo adiamento histórico, as convenções que se aproximam, a partir da próxima segunda-feita (31), também terão uma “pitada” de “polêmica” com a proposta de emenda à Constituição 33/2017, em que os partidos sairão sozinhos na disputa para as Câmaras Municipais. Mas Max… por qual motivo você fala em “polêmicas”? Pois bem… primeiro que uma das consequências, que essa alteração na legislação pode trazer, é um aumento no número de candidatos para prefeito e vice, pois, candidaturas majoritárias teriam o poder de puxar votos para as postulações proporcionais, aos pretendentes ao cargo de vereador. E… com mais proponentes para o executivo… mais “racha” e disputa na cidade, ainda mais que em Paranaguá não tem segundo turno, né? Pra começar, já tem filiados de partidos por aí e pré-candidatos para o Palácio Carijó que sabem disso e estão fazendo de tudo, de olho nessa força, para que seus partidos lancem candidaturas próprias à prefeitura nas convenções. Outro fato, nesse movimento teórico, é que essa mudança pode fortalecer partidos mais competitivos, favorecendo nomes que já têm mandato, com carreira política consolidada. Para os estreantes e concorrentes menores, isso trará desafios. Por isso, os eleitores e, obviamente, os que concorrem à vaga de vereador, devem compreender que esse ano não haverá coligação proporcional, nem a cláusula de barreira. Sem coligar e se não fizer 10% do quociente eleitoral da cidade, mesmo o partido conquistando uma vaga, o candidato não entra! É competição na competição. E em se tratando de Paranaguá… bem, caro leitor… você já pode imaginar…

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E já tem partido entrando em contato com hotéis, salões e auditórios, solicitando orçamento para os encontros das convenções. Mas… existe a possibilidade de realização no formato on-line, autorizado pelo TSE por conta da pandemia da Covid-19, evitando assim aglomerações. Esse formato não agrada muita gente na cidade, pelo fato da falta do “olho no olho”, tão necessário no jogo político, e da facilidade de viralização por meio de gravação, o que foi dito no encontro on-line. E, após as chamadas “janelas partidárias”, ficou evidente que muitos adversários históricos acabaram no mesmo partido. Mas… não podemos esquecer do decreto municipal que proibe aglomerações. Não faz sentido político, quem sempre julgou as “festinhas” na cidade, agora promover a convenção presencial com grande número de pessoas. Sem falar que, segundo o art. 268 do Código Penal, “infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa, tem pena de detenção (de um mês a um ano) e multa”.

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E, historicamente, as convenções causam polêmicas e “bafafás” em toda a cidade. Quem acompanha a política local há um bom tempo, lembra do boato em 2004, do “dormiu vice, acordou nem vereador”, protagonizado pelo ex-vereador Edson Veiga, na época no PPS. Veiga ajudou a colocar o último deputado estadual eleito por Paranaguá, o hoje Presidente da Câmara, Waldir Leite, na ALEP. Na época, Veiga também filiou no então recém fortalecido partido, o atual Secretário da Agricultura e Pesca, Antonio Ricardo dos Santos. O partido era coligado com o PDT, que tinha José Baka Filho ao principal cargo no Executivo. Já Edson, estava totalmente acertado para vir como o vice até o dia da convenção, por todo o seu trabalho na eleição de Leite e, principalmente, feito no partido. Pois bem… como na política nada é certo… uma reunião extraordinária na casa de Leite (sem Edson), acertou que Ricardo seria o vice de Baka, deixando Edson Veiga de escanteio, que foi o principal articulador político do grupo. Baka e Ricardo foram eleitos, Leite Junior, irmão do então deputado, assumiu uma cadeira na Câmara também pelo partido e, Edson, ficou literalmente “a ver navios”. Foi motivo para a revolta em grande parte do grupo e, muita também, na cidade! E como essa história, Paranaguá tem outras bem parecidas. Mas… enfim caro leitor… com as mudanças eleitorais, as convenções prometem uma acirrada, estratégica e, nada fiel, disputa, e, alguns prováveis “arranca rabos”. Em tempos de Covid-19, compreensão no novo formato eleitoral e “ânimos exaltados”, a coisa vai pegar fogo. Não é? E, para nós eleitores, que assistem de fora essa versão “eleitoral bagrinha” do filme Jogos Vorazes… o que queremos, realmente, é que… “Comecem os jogos…”