Atropelamento de animais silvestres


Por Caio Fernandes Publicado 31/07/2020 às 17h18 Atualizado 19/02/2024 às 18h17

Basta transitar por qualquer rodovia brasileira, para que se verifique a imensa quantidade de animais atropelados. Em relação aos vertebrados silvestres, de acordo com o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), estima-se que mais de 15 deles morrem nas estradas brasileiras a cada segundo. Diariamente, devem morrer mais de 1,3 milhões de animais e, ao final de um ano, até 475 milhões dos selvagens são atropelados no Brasil. Para piorar, cerca de 430 milhões são pequenos vertebrados, como cobras, pequenas aves e sapos, entre outros. Os outros 45 milhões, assim se dividem: 40 milhões de médio porte (gambás, lebres, macacos) e os restantes 05 milhões referem-se aos de grande porte (capivaras, onças, antas, lobos-guarás, etc.). Cabe ressaltar que a região Sudeste do Brasil é a campeã de atropelamentos de animais silvestres, seguida pelas regiões Sul e Nordeste.

Atropelamento nas rodovias do nosso litoral

Em nosso litoral, não é diferente! A Concessionária Ecovia registra uma média de 120 incidentes, por ano, com animais nas rodovias que administra (a BR-277, além das PRs 407 e 508). Veja reportagem nesta edição. Nos últimos dois anos, por exemplo, a empresa registrou situações em que animais estiveram envolvidos em incidentes entre eles cães, gatos, cavalos, tamanduás, gatos do mato e até corujas, que são atraídos pelo lixo atirado nos trechos, especialmente restos de alimentos. A busca por alimento nas rodovias – principalmente grãos que caem dos caminhões – também pode ser fatal para eles. E, quando um animal morre na rodovia, outros chegam para se alimentar dele, correndo o risco de também serem atropelados. Outro fator de risco são as queimadas, que os afugentam e os desorientam, levando-os, muitas vezes, em direção às rodovias. Outro ponto importante, é o abandono de animais domésticos ao longo das estradas. Abandono é crime, mas, lamentavelmente, trata-se de um crime silencioso e, na maioria das vezes, sem testemunhas. Isso torna quase impossível a identificação do abandonador e sua consequente punição. Abandonar um animal em uma rodovia é praticamente condená-lo à morte.

Problemas e como evitar atropelamentos

Quando muitos animais são mortos, como no caso dos atropelamentos, uma reação em cadeia acontece. A diminuição de indivíduos e a extinção de uma espécie causam um desequilíbrio ecológico, afetando diretamente o ser humano como, por exemplo, a proliferação de pragas e o deslocamento de predadores para centros urbanos em busca de alimentos. Além disso, algumas medidas para a proteção à fauna silvestre, em relação a atropelamentos em rodovias, é uma prática relativamente recente no Brasil. Como medida preventiva, o cercamento das rodovias pode diminuir em mais de 80% os acidentes, e os viadutos vegetados, onde os carros passam por baixo da via, e a parte de cima fica restrita aos animais. O Urubu Mobile é um recurso que o motorista pode adotar para ajudar no combate ao atropelamento de animais selvagens. O aplicativo permite que qualquer pessoa registre o acidente e envie informações para o CBEE criar um banco de dados padronizado e possa adotar as melhores estratégias para combater o problema. Vamos Juntos?

#ConsulteSempreUmBiólogo