Atropelamentos ainda continuam fazendo vítimas em nossa biodiversidade


Por Caio Fernandes Publicado 16/10/2021 às 20h55 Atualizado 19/02/2024 às 18h16

O avanço das tecnologias inovadoras, a urbanização desenfreada, o uso insustentável dos nossos recursos naturais e o grande avanço econômico causam diversas ameaças a nossa biodiversidade, afetando espécies representantes da flora e da fauna, incluindo nós, os seres humanos. Entre essas ameaças, destacamos a destruição de habitats, que é, sem sombra de dúvidas, a pior ameaça e a principal responsável pela extinção das espécies. Dentre as principais causas, podemos destacar a expansão humana juntamente com suas atividades, como agricultura, mineração, industrialização e instalação de rodovias e represas. Nesse processo decorrente da implantação de estradas, provoca-se a fragmentação das áreas naturais, dividindo-as em pedaços menores, consequentemente, altera as condições ambientais em seu entorno. Essas estradas formam barreiras que interrompem o fluxo de alguns animais causando alterações ecológicas, gerando “efeitos de evitação e efeitos de barreira”.

Será mesmo que não é um problema nosso?

A abertura de estradas é uma atividade antrópica importante no desenvolvimento socioeconômico, pois elas são necessárias para a sociedade, facilitando o deslocamento, criando oportunidades de serviços e geração de renda. Em nosso litoral não é diferente, elas são utilizadas como estratégia de ocupação e operação de produtos e riquezas para o desenvolvimento econômico. Por outro lado, representam grandes impactos ambientais negativos, acarretando prejuízos infinitos, que não se restringem somente à área diretamente afetada pela estrada, mas, também, à sua área de entorno. Geralmente, as estradas implicam impactos físicos e biológicos, como as erosões, alterações hídricas e do solo, perda de habitats, aumento da dispersão de poluentes, alterações nas populações, entre outros efeitos para as comunidades terrestres e aquáticas.

O que esses “efeitos” causam na biodiversidade

Os atropelamentos de animais silvestres podem ocorrer de diversas maneiras e em diversos locais, como em rodovias estaduais ou federais, por estarem próximas a ambientes naturais com ou sem interferência humana.  Geralmente os animais são atraídos para as estradas devido à facilidade de alimentos, como os grãos derramados por veículos de transporte, como também pelo calor do asfalto, que pode atrair animais de sangue frio (répteis). Em contrapartida, anfíbios são mais atingidos nas épocas de chuvas. Certas influências das paisagens podem favorecer ou não a visualização do animal pelos motoristas, por exemplo a falta de sinalização e o excesso de velocidade dos veículos. O “efeito de evitação” consiste no comportamento de afastamento parcial de áreas de rodovias e proximidades. Já o “efeito de barreira” diz respeito ao obstáculo que as estradas representam para a movimentação dos animais. Segundo o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), a cada segundo 15 animais silvestres morrem atropelados nas rodovias brasileiras, número que corresponde a 475 milhões de mortes por ano ou a 1,3 milhão por dia. 

#ConsulteSempreUmBiólogo