Coronavírus X Saúde pública no Brasil


Por Caio Fernandes Publicado 13/04/2020 às 14h44 Atualizado 19/02/2024 às 18h17

A atual pandemia global de COVID-19 está relacionada a uma doença respiratória aguda causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), altamente contagioso e de evolução ainda pouco conhecida. Considerando-se a recente definição de caso, baseada no diagnóstico de pneumonia, mais de 100.000 pessoas com infecção por COVID-19 foram confirmadas em todo o mundo e a taxa de mortalidade associada tem oscilado em torno de 2%. No entanto, as recentes alterações nos critérios de diagnósticos da doença levaram a um aumento da taxa de novos casos e, a cada dia, números e desafios crescentes têm sido motivo de intenso debate sobre o tema pela comunidade científica.

Nos últimos anos, a emergência de doenças infecciosas, como gripe aviária (Influenza A H5N1) em 2003, a SRAG em 2002/2003, a Influenza A H1N1 em 2009 e a Zika em 2015, suscitaram muitas questões sobre o papel da vigilância epidemiológica. Pandemias têm ocorrido com frequência maior e, a partir de 2018, a OMS reconheceu a necessidade de preparação antecipada à emergência de novos patógenos, incluindo, sob o nome de “doença X”, as ainda desconhecidas com potencial de emergência internacional na lista de prioridades para pesquisa e desenvolvimento no contexto de emergência. O surgimento de novas doenças traz impactos muito além dos casos e mortes que geram. Elas criam também um contexto ideal que impõe, aos sistemas nacionais de saúde pública, tanto a tarefa de validar seu processo de vigilância e assistência em saúde quanto a oportunidade de detecção precoce e ao poder de resposta que vem em cascata.

Desafios postos para melhorar a efetividade da resposta à covid-19

A frequente emergência de novos doenças exige uma reestruturação na forma como são notificados no país. É preciso investir em um novo SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação, baseado em tecnologias mais modernas tanto para facilitar a notificação como para permitir a disseminação e análise de dados de uma maneira mais célere, aderente aos princípios da epidemiologia de precisão. É fundamental que o Ministério da Saúde desenvolva uma infraestrutura integrada de dados à altura da velocidade de espalhamento das doenças nesta era de alta mobilidade global. Há de se considerar um sistema flexível o suficiente para permitir a entrada de novos agravos, mas sem perder a estrutura existente. Quanto à comunicação desse tipo de informação e disponibilização dos dados, o acesso por APIs ao processo de notificação é fundamental, uma vez que possibilita a construção de dashboards (painéis de informações) e relatórios automatizados para o acompanhamento temporal e espacial dos casos notificados e confirmados com o mínimo de atraso. O exemplo positivo dos canais rápidos de notificação e visualização implementados para o surto atual, reconhecidamente fundamental para as ações oportunas, deveria ser incorporado como o padrão da vigilância epidemiológica nacional.

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