DENGUE: DESAFIOS ATUAIS!


Por Caio Fernandes Publicado 11/05/2020 às 14h38 Atualizado 19/02/2024 às 18h17

Paranaguá já sabe as consequências de uma epidemia de Dengue, mas mesmo assim, ainda sofre a complexidade do controle dessa doença no mundo moderno. O mosquito vetor (transmissor) se reproduz em velocidade recorde e gosta nosso ambiente quente e, principalmente, poluído. O parnanguara adora jogar um sofá e uma geladeira na esquina de casa! O surgimento de grandes aglomerados urbanos, condições de habitação inadequadas, falta de saneamento básico, o crescente trânsito de pessoas e cargas em nosso Porto e as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global, que influem no regime e duração das chuvas, são alguns dos fatores que ajudam o mosquito a amar nossa cidade

COMBATE NO BRASIL

O Brasil, assim como muito dos países do continente americano, apresenta esses macro fatores determinantes para a proliferação do Aedes aegypti e a transmissão da dengue, pois sua maioria vive em áreas urbanas sem acesso à água encanada,  destinando seus lixos inadequadamente e, por último, a questão relacionada ao trânsito de pessoas por ser esse o meio de introdução de novos sorotipos virais, com a consequente ocorrência de epidemias. Outros aspectos importantes são: a inexistência de uma vacina eficaz; a limitação dos atuais métodos de avaliação entomológica para a predição de ocorrência da transmissão de dengue; e a possibilidade da ocorrência de resistência do vetor aos inseticidas em uso. Com as condições socioambientais e climáticas do Brasil, estamos fadados a conviver com a ameaça da permanente exposição ao vírus da dengue. Isso não significa dizer que, necessariamente, teremos de conviver com epidemias e mortes pela doença.

EDUCAÇÃO X EPIDEMIA EM PARANAGUÁ

A prevenção da dengue apresenta-se intimamente ligada às práticas campanhistas / higienistas, voltadas para o combate ao vetor. Tais práticas cobram da população o fim dos criadouros domésticos, por meio da aplicação de larvicidas e retirada de pneus, garrafas e locais que mantenham água parada nos quintais. Há excesso de informações nesse modelo educativo, o que gera banalização do problema, pois essas, normalmente, circulam com maior intensidade durante os períodos mais favoráveis ao aparecimento da doença, o que caracteriza a educação sazonal, a qual objetiva atender aos surtos epidemiológicos. A qualidade das informações também é vista como problema na promoção da educação, uma vez que os conteúdos informativos se restringem ao ciclo de vida do vetor, modos de transmissão, sintomatologia e prevenção. Essa educação nem sempre corresponde às necessidades locais, o que pode não gerar mudança de hábitos, pois não atinge as questões culturais, crenças, valores e percepção de saúde-doença. Acredita-se que problemas como a dengue serão resolvidos com atividades coletivas e participação popular, pois a forma de educação que não considera os saberes populares não consegue sensibilizar as pessoas, tão pouco criar mudanças nas atitudes. Vamos juntos?