Estação de transbordo ou transchuncho!


Por Caio Fernandes Publicado 18/08/2020 às 16h52 Atualizado 19/02/2024 às 18h17
coleta de transbordo

As estações de transbordo são pontos de transferência intermediários de resíduos coletados nas cidades, ilhas ou pontos necessários. Geralmente, são criados em função da considerável distância entre a área de coleta e o local de destinação final. Nas estações de transbordo, os resíduos coletados são descarregados e, depois, colocados em carretas ou balsas de maior capacidade que levam esses resíduos até o aterro sanitário. Dessa forma, há uma redução no número de caminhões na malha viária, nas trilhas das ilhas, contribuindo, assim, para a minimização das emissões dos gases de efeito estufa, prejudiciais à camada de ozônio. Os resíduos, descarregados nas estações de transbordo, são carregados no mesmo dia em carretas com grande capacidade de carga e levados até o aterro sanitário.

Foto/Prefeitura de Paranaguá

A pseudo estação de transbordo da Ilha do Mel

A nova estação de Transbordo da Ilha do Mel foi executada com os recursos que vieram do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) entre o Terminal de Contêineres do Paraná (TCP), a Prefeitura e o Instituto Águas e Terras (IAT), por meio da Lei Complementar 60/2007  Art.84 § 2º do inciso VIII, no valor de R$ 450 mil, como medida compensatória da expansão do terminal. Estima-se que sejam produzidas cerca de 20 toneladas de lixo, diariamente, durante a temporada de verão, nas duas comunidades, e que são transportados por balsa até o aterro sanitário em Paranaguá. A utilização de carrinhos de tração humana ou elétricos são de grande importância para a minimização dos impactos ambientais, mas, mesmo assim, não podem ficar próximos e nem dentro do mar.

Aliás, cadê o trapiche de acesso à balsa que transporta os resíduos até Paranaguá? E por que “cargas d´água” o caminhão tem que entrar na água pra receber o resíduo? Não era para diminuir o impacto ambiental? Por que está havendo despejo recorrente de chorume, como ressaltam alguns moradores nativos da ilha?

O transbordo de resíduos sólidos deve ser empreendido numa operação ambientalmente adequada, seguindo as normas técnicas, tornando o empreendimento vantajoso para a sociedade. Mas, não é bem assim que estão sendo feitas as coisas por lá. Segundo alguns moradores locais, os resíduos ficam lá por vários dias, até serem transportados para Paranaguá.

Isso gera um grande transtorno, causando grandes problemas e ineficiência do processo de transbordo. Ou seja, de nada adianta ter uma estação de transbordo, pois o mau cheiro do restos de alimentos é insuportável, além de se tornar um grande atrativo para animais silvestres e domésticos abandonados na ilha, que acabam revirando todo o lixo e espalhando por toda a região. Além do mais, também servem de atrativo para possíveis vetores de zoonoses (doenças transmitidas de animais para os seres humanos) tais como ratos, baratas, etc.  Uma vez que existe o isolamento geográfico o aumento de ratos pode gerar outra consequência ainda pior, que é o aumento de serpentes peçonhentas que se alimentam desses animais.

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Cumprimento efeitvo e nâo só pra inglês ver

Campanhas educacionais para separação e destinação dos resíduos são necessárias sim, mas só funcionam com os moradores locais. Durante a alta temporada é muito comum vermos grande quantidade de lixo espalhado pelas trilhas e praias. Essa sensibilização ambiental, e demais atividades, deve ser feita de forma efetiva por parte dos responsáveis e, de preferência, realizadas por empresas parnanguaras como exige o TAC, e que tenham fiscalização do Poder Público (prefeitura/IAT) ou da própria TCP, que está cumprindo medida compensatória. Uma vez que, compensação não significa que o empresa constrói ou reforma e nunca mais volta ao local, é necessário acompanhar e monitorar as atividades realizadas na estação de transbordo. A doação de recicláveis ajuda as cooperativas na geração de renda, mas e o restante do passivo que fica? Deve-se enfatizar, ainda, que as estações de transbordo não são aterros sanitários e nem lixões (conforme determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei 12.305/10).

Dessa forma, toda a extensão de vida útil, de locais já em operação, deve ser tecnicamente adequada para que a coleta de resíduos sólidos funcione atendendo a população e proporcionando melhor qualidade de vida ambiental.  É importante ressaltar que a responsabilidade com a limpeza dos municípios está ligada diretamente a determinadas seções do Poder Municipal, porém a participação da comunidade para a solução dessas questões é imprescindível.

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