“Cavalgar para crescer”: equoterapia chega a Paranaguá, abrindo novos horizontes para a inclusão

ESPECIAL 376 ANOS


Por Luiza Rampelotti Publicado 29/07/2024 às 17h01

Paranaguá dá um passo importante em direção à inclusão com a chegada da equoterapia, uma terapia assistida por cavalos que oferece um tratamento único e transformador para pessoas com deficiência. A iniciativa promete beneficiar crianças, jovens e adultos com deficiência ou mobilidade reduzida, abrindo novas possibilidades de desenvolvimento e de superação.

A equoterapia teve início na última sexta-feira (26) e é um projeto da Secretaria Municipal de Inclusão Social (SEMI). Para Camila Leite, secretária da pasta, o projeto representa um investimento importante para a comunidade. “A equoterapia é um presente para Paranaguá. É um investimento na qualidade de vida e na felicidade de quem busca tratamento e desenvolvimento. Estamos muito felizes em poder oferecer essa oportunidade”, afirma.

O programa de equoterapia, que já disponibiliza 30 vagas (com previsão de mais 20 vagas em breve), é conduzido de maneira multidisciplinar. “O tratamento vai além do simples contato com o cavalo. Nossa abordagem envolve uma equipe dedicada que cuida de cada aspecto, desde a avaliação inicial até o acompanhamento individualizado”, explica Camila Leite.

A equipe é composta por fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras, equitadores e psicopedagogos. Cada paciente passa por uma avaliação detalhada para garantir que a equoterapia será benéfica. “Analisamos cuidadosamente cada caso para identificar contraindicações específicas, como problemas na coluna ou mielomeningocele, e adaptamos o tratamento conforme necessário”, detalha Camila.

Dois cavalos experientes e dóceis, o Baio e o Balconeiro, treinados por oito meses para essa missão especial, são os parceiros equinos da terapia. O processo inclui uma fase de adaptação tanto para os cavalos quanto para os pacientes, com sessões semanais de até 30 minutos. Durante a fase inicial, os pacientes podem começar a terapia no chão, com atividades como escovação e jogos, para estabelecer um vínculo com o animal. O compromisso mínimo com a terapia é de um ano, e a ausência não justificada por três vezes consecutivas pode resultar na perda da vaga.

Participação familiar e benefícios da terapia


Durante as sessões de terapia, os responsáveis pelos pacientes também participam de um acompanhamento psicológico. “Enquanto a criança está na terapia, os pais ou responsáveis são atendidos pelo psicólogo. Essa abordagem ajuda a entender o comportamento da criança em diferentes contextos e a ajustar o tratamento conforme necessário”, explica Camila Leite.

Os benefícios da equoterapia são variados e significativos. “A terapia melhora a postura, o equilíbrio, fortalece e alonga os músculos, e promove o desenvolvimento da coordenação motora. Além disso, contribui para a autoestima, autoconfiança, e a independência, além de melhorar a sensibilidade tátil, visual e auditiva”, lista a secretária de Inclusão.


O cavalo como companheiro de jornada


Carla Cordeiro Borges, equitadora responsável pelo treinamento dos cavalos, destaca a importância dos animais no processo terapêutico. “O Baio e o Balconeiro são verdadeiros terapeutas. Eles aprendem a entender e a responder às necessidades de cada pessoa, ajustando seus movimentos para proporcionar o melhor tratamento”, diz.

Carlos Dacheux, fisioterapeuta da equipe, explica que a equoterapia utiliza o movimento tridimensional do cavalo para modulações tônicas que impactam aspectos físicos, motores e sociais simultaneamente. “O movimento do cavalo é essencial para melhorar o equilíbrio e o fortalecimento muscular, especialmente em pacientes com síndrome de Down, proporcionando ganhos significativos que muitas vezes não são alcançáveis com a fisioterapia convencional”, explica.

Patrícia Moreira dos Santos, psicopedagoga, ressalta que a equoterapia é um caminho para o aprendizado e a descoberta. “O cavalo é uma ferramenta poderosa que estimula a memória, a coordenação motora, o raciocínio lógico e a criatividade”, afirma.

Por fim, o psicólogo Tharick Ommini Guzella enfatiza o impacto da terapia no desenvolvimento comportamental, cognitivo e sensorial. “A equoterapia ajuda a criança a superar medos e fobias, desenvolvendo habilidades sociais e estimulando a percepção tátil, visual e auditiva, além de promover a coordenação motora e o equilíbrio”, conclui.

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