Das obras ao atendimento à comunidade: diretor-presidente da Portos do Paraná fala sobre o que esperar dos portos no futuro

Nas últimas seis décadas, a cidade de Paranaguá é sede de uma das maiores empresas públicas do Brasil. A Portos do Paraná tem papel direto no desenvolvimento e na economia da maior cidade do Litoral e cabe à autarquia do Governo do Paraná investir e melhorar a vida dos parnanguaras, afinal, ocupa grande parte da estrutura local.

Na gestão de Ratinho Júnior (PSD) no comando do Governo do Paraná, a Portos do Paraná, que compreende empreendimentos em Paranaguá e Antonina, é chefiada por Luiz Fernando Garcia da Silva. O economista tem elevado o grau de importância da empresa pública tanto no mercado interno quanto externo, dando mais visibilidade e aumentando a relevância do litoral paranaense frente a concorrentes fortes e históricos, como Santa Catarina e São Paulo.

De janeiro a junho de 2024, os portos do Paraná alcançaram a marca de 33 milhões de toneladas movimentadas, um recorde histórico de movimentação em um primeiro semestre; 9% a mais do que a comparação com o mesmo período de 2023. A importação foi a que mais cresceu, com uma movimentação de 12 milhões de toneladas, 16% a mais que em 2023.

Com mais um ano de recordes e destaque no cenário portuário mundial, o diretor-presidente da Portos do Paraná – que já foi também diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp); assessor especial do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil; e secretário nacional de políticas portuárias no Governo Federal – falou, em entrevista concedida em celebração ao aniversário de 376 anos de Paranaguá, sobre as obras mais esperadas, como o Moegão e a construção de uma nova rodovia que pode desafogar a BR-277, além da atuação direta dos dois portos nas comunidades locais.

Confira a entrevista exclusiva que Luiz Fernando Garcia da Silva concedeu ao JB Litoral:

JB Litoral: Qual a importância da Portos do Paraná para o município de Paranaguá hoje? Como tem sido essa relação entre a empresa pública e a gestão municipal?

Luiz Fernando Garcia: Atualmente o setor portuário é responsável por grande parte dos empregos diretos e indiretos em Paranaguá, sendo responsável por um em cada cinco vagas de trabalho na região. Trabalhadores portuários avulsos, agentes portuários, profissionais terceirizados, operadores e até tripulações atuam nos portos de Paranaguá e Antonina gerando renda e empregos para a população. Os portos também atuam diretamente em prol de projetos sociais e ambientais na região.

JB Litoral: Quais ações e projetos a Portos tem realizado em Paranaguá? Como isso interfere na rotina dos munícipes?

Luiz Fernando Garcia:A Portos do Paraná influencia diretamente na rotina da população ao investir em infraestrutura, como é o caso do Moegão, que está com cerca de 10% das obras concluídas e com previsão de término para dezembro de 2025. O projeto irá diminuir a interferências dos trens na cidade, aumentando a capacidade de recepção de vagões, que será aumentada de 550 para 900 por dia, promovendo um fluxo mais eficiente e rápido de carga ferroviária. São registradas, em média, 16 pontos de interferências. Com o Moegão, esse número seria reduzido para apenas cinco. Ou seja, ele traz melhorias na condição ferroviária local, diminuindo os efeitos colaterais causados pelos portos.

Outra obra importante que realizamos foi o viaduto Nelson Buffara, na entrada de Paranaguá, onde a BR-277 se divide entre as avenidas Ayrton Senna e Bento Rocha. O viaduto melhorou o trânsito pesado da região e agilizou a movimentação de cargas em direção ao porto de Paranaguá.

Outro ponto importante da Portos do Paraná para as comunidades são os projetos socioambientais investidos, principalmente o PRAD, que é o Programa de Recuperação de Áreas de Preservação Permanente Degradadas. O projeto busca reduzir o assoreamento nos rios da região, recuperar as áreas de preservação permanente e trazer renda para a população local com o cultivo de diversas espécies frutíferas.

JB Litoral: Paranaguá está completando 376 anos e é reconhecida nacionalmente como uma cidade portuária de destaque. Como a Portos do Paraná pode ajudar a desenvolver ainda mais o município e transformar a região no hub logístico do Brasil?

Luiz Fernando Garcia: Atualmente, o principal investimento para modernização portuária de Paranaguá feito pela Portos do Paraná é o Moegão, que funcionará como um sistema de recepção e descarga ferroviária de grãos e farelos nos terminais de exportação.

O projeto permitirá o desbloqueio de 220 vagões diariamente, e com sua conclusão, 180 vagões poderão ser recebidos, descarregados e liberados em até quatro horas, proporcionando um ganho para todo o sistema portuário.

Também temos os arrendamentos. Em 2019, a Portos do Paraná foi a primeira Autoridade Portuária brasileira com delegação de competências para realizar estudos e leiloar as áreas disponíveis. Antes disso, a última área tinha sido licitada em 2002.

JB Litoral: Com a sua experiência de gestão, é possível ampliar ainda mais a movimentação dentro do porto de Paranaguá, mesmo com os índices subindo ano após ano?

Luiz Fernando Garcia: A cada dia mais percebemos a grande capacidade dos portos paranaenses em ampliar a movimentação. No ano passado batemos a marca de 65 milhões de toneladas movimentadas, recorde esperado para apenas 2040 e seguimos investindo em ações de infraestrutura e logística inteligente para seguirmos crescendo ano a ano e suprindo a grande demanda de mercado.

JB Litoral: Muito se fala sobre a necessidade de uma nova estrada que ligue o porto de Paranaguá à região da capital, principalmente porque qualquer problema na BR-277 deixa o Litoral isolado. Como a empresa avalia a necessidade de uma nova rodovia? A autarquia tem atuado para que essa implementação aconteça?

Luiz Fernando Garcia: Nós defendemos todos os bons projetos que trazem melhorias para os portos paranaenses. Este mês a Concessionária EPR Litoral Pioneiro apresentou para a comunidade portuária, representada pela Coalização Empresarial dos Portos do Paraná, o cronograma de obras do Lote 2 da concessão rodoviária, que inclui a BR-277 até o porto de Paranaguá.

São previstas novas faixas adicionais ao longo dos 81 quilômetros da BR-277 entre Curitiba e Paranaguá, que já são duplicados, além de 23 quilômetros de ciclovias no mesmo trecho. Praticamente toda a extensão terá três pistas e acostamento nos dois sentidos da rodovia nos primeiros anos de contrato.

A medida vai facilitar o escoamento da safra estadual, estimada em mais de 65,5 milhões de toneladas para este ano, além de tornar as viagens dos turistas rumo ao Litoral mais rápidas e seguras.

Na região próxima ao porto de Paranaguá, serão instaladas novas vias marginais, viadutos, trincheiras e ciclovias, melhorando o tráfego no perímetro urbano da cidade. A Avenida Ayrton Senna, principal via de acesso ao município, receberá 8,1 quilômetros de vias marginais nos dois sentidos, além de quatro viadutos. Todas estas boas iniciativas tem o nosso apoio.

JB Litoral: Pensando no futuro, como a empresa pode contribuir para o desenvolvimento de Paranaguá e também dos moradores locais?

Luiz Fernando Garcia: Seguimos investindo em infraestrutura e mantendo em alta a eficiência do porto, para que as empresas sigam interessadas em estarem aqui, gerando renda e movimentando a economia local.

JB Litoral: Gostaria que deixasse, como representante da Portos, uma mensagem para os parnanguaras em mais esse aniversário da cidade.

Luiz Fernando Garcia: Eu parabenizo Paranaguá por mais um aniversário, e agradeço o apoio recebido, pois sabemos que o porto é um vizinho pesado, mas que auxilia no desenvolvimento local. Desejo muito sucesso e realizações a todos os parnanguaras.