81 ANOS DE PORTO – Gilson e Walter: experiência e juventude garantindo recordes na faixa portuária


Por Redação JB Litoral Publicado 17/03/2016 às 07h00 Atualizado 14/02/2024 às 12h47

Duas trajetórias que diferem quanto à transitoriedade do tempo, mas que convergem em pelo menos um ponto: a paixão pelo porto de Paranaguá. O JB mergulhou nos registros da atividade portuária e encontrou duas extremidades: o portuário em atividade há mais tempo e o que ingressou recentemente na área. A cronologia, é óbvio, difere-se, mas as afinidades são uníssonas.

Funcionário mais experiente, como ele mesmo gosta de pontuar, Gílson Pinto do Nascimento, 61 anos, empresta sua força laboral à atividade portuária por exatas 42 primaveras. Ingresso como colaborador no silo vertical, também passou pelo Corredor de Exportação e, atualmente, está na fiscalização da faixa portuária.

Segundo ele, nesse intervalo temporal, benefícios foram inseridos, principalmente por meio da tecnologia: “Antes a gente trabalhava 12 horas a fio, direto, sem intervalo. Hoje, com a informatização, tudo se tornou mais acessível e organizado. Facilidades vieram com o decorrer do tempo. Antigamente, relatórios e conferências eram feitos a mão. Hoje, uma gama de recursos dá mais celeridade a esses processos”, explica o orgulhoso portuário.

Ao fazer questão de frisar que entrou para o quadro de funcionários do porto por meio de concurso público, Gilson comenta da convicção que sempre teve pela profissão: “Trabalhava no extinto Banco SulBrasileiro e quando fiquei sabendo do concurso, me inscrevi, realizei a prova, passei e estou aqui até hoje”, comenta.

Ponderado e econômico com as palavras, Gilson se emociona ao falar que desde a juventude, sustentou seus filhos com o suor do seu trabalho no Dom Pedro II. Ciente da aposentadoria iminente, ele analisa sua trajetória envaidecido e, nesta importante data, agradece a Deus e destaca que o empenho é sempre salutar em qualquer âmbito da vida.

Juventude, agora, em defesa da categoria

Por outro lado, o portuário mais novo, Walter Zella Mendes, gosta de ser enfático. Atuando deste 2007 na carreira e com 44 anos de idade, ele caracteriza como a realização de um sonho o exercício de sua profissão: “ Desde pequeno sempre fui atraído pela atividade portuária. Seja pela magnitude que o porto sempre representou à cidade, como também pelos comentários que eram feitos a respeito da estabilidade salarial que o cargo oferecia. Comecei no Corredor de Exportação, onde estou até hoje”.

Porém, para Walter, nem tudo são as flores. Quando questionado acerca das mudanças que a Nova Lei dos Portos pode oferecer ao terminal de Paranaguá, ele é taxativo: “Infelizmente, as mudanças são perigosas. Quando eu entrei no porto, éramos em mais ou menos em 700 funcionários. Com o passar dos anos, esse número foi se deteriorando. O motivo? A irresponsabilidade desta atual administração, que está dizimando o trabalhador portuário, deixando-nos de lado, quando na verdade somos peça-chave desta engrenagem. Veja, por exemplo, os guardas portuários. O efetivo está sendo reduzido, as funções estão sendo terceirizadas. Pessoas capacitadas administrativamente estão sendo escanteadas. E isso é lamentável”, dispara.

O portuário vai além e comenta do excesso de cargos comissionados no organograma administrativo do porto: “Há 09 anos, tínhamos 15% de cargos comissionados. Hoje, esse número praticamente triplicou. Estamos sendo achatados, não temos voz ativa. No mínimo é uma grande irresponsabilidade nomear para cargos de chefia alguém que não é da área, ou seja, que não está em consonância com as nossas demandas”, lamenta.

Preocupado com o futuro, Walter tenta projetar um amanhã auspicioso para o porto. Porém, segundo ele, algumas coisas precisam mudar: “Tenho medo do legado que deixaremos para as próximas gerações. Da maneira como está, fica difícil pensar em algo positivo. Sem contar que a atividade portuária interfere de forma considerável na economia da cidade”, fala o portuário.

Clamando por diálogo por parte do Governo do Estado, que, de acordo com ele, adota uma postura unilateral, Walter defende a isonomia entre as funções e respeito às classes trabalhadoras.
Apesar da reticência quando o assunto diz respeito aos anos que estão por vir, o “novato” do porto saúda todos os seus companheiros com uma mensagem de otimismo e perseverança a fim de que direitos sejam mantidos.