Orgulhosa e emocionada, família de parnanguara selecionado para o Bolshoi tem uma certeza: Pedro vai para Joinville; vídeo


Por Amanda Batista Publicado 10/10/2023 às 18h33 Atualizado 19/02/2024 às 01h52

Com a família toda (pai, mãe e os quatro irmãos), apenas com os irmãos mais velhos, ou outras alternativas: mesmo sem ter certeza de que forma será a mudança para Joinville, Pedro Henryk França da Silva, um parnanguara de apenas 11 anos, está confiante, pois tem o apoio da família e irá de mudar para Joinville (SC) para realizar seu grande sonho. Conforme acompanhou o JB Litoral, Pedro disputou com 4 mil crianças uma das 40 vagas da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, sediada em Joinville. Agora, a família corre contra o tempo para definir como fará a mudança do garoto.

Antes mesmo da aprovação em uma das escolas de ballet mais conceituadas do mundo, o JB Litoral conversou com a mãe do jovem dançarino, Rafaela Morena França da Silva, que comentou sobre o desejo da família de apoiar os sonhos do garoto e mudar “de mala e cuia” para Santa Catarina. No entanto, após Pedro ter vencido a concorridíssima seleção, eles se viram em um dilema: mudar todos juntos e perder as fontes de renda do trabalho, caindo na incerteza do desemprego, ou mandar os dois irmãos mais velhos, de 18 e 17 anos, para irem morar com o garoto no estado vizinho.

Possibilidades

A família abriu as portas da casa, no bairro Divineia, em Paranaguá, e recebeu o JB Litoral, na tarde de segunda-feira (9). A mãe conta que enfrentar essa nova etapa não será nada fácil, especialmente agora, que ela está começando uma nova carreira. “Meu esposo é funcionário público e a estabilidade financeira dele é muito importante para mantermos nossa família, ainda mais agora que estou começando um novo trabalho. Não teríamos como nos manter se fôssemos todos para lá, por isso ainda estamos tentando encontrar um meio-termo”, destaca Rafaela.

Uma das possibilidades seria participar do programa “Mãe Social”, no qual a família do Pedro pagaria uma determinada quantia para que uma família catarinense cuidasse do garoto. Porém, a mãe coruja prefere não contar com essa alternativa.

Tem vários alunos que vivem assim, mas nós não queremos deixar ele por oito anos morando com desconhecidos. Não teríamos como ter certeza se estariam tratando ele bem e também seria muito solitário passar todos esses anos sem nenhum parente por perto”, argumenta Rafaela.

Desafio com apoio dos irmãos

Para o irmão mais velho, Guilherme Matheus, de 18 anos, a responsabilidade de viver sem os pais e sendo responsável por Pedro é grande, mas nada se compara ao ver o irmão “número 3” conquistar seu maior sonho ainda tão jovem. 

Como sou o mais velho, vou fazer de tudo para que ele consiga conquistar esse sonho. Ele já fez a parte dele e agora é nossa vez de correr atrás. É um peso grande, mas tenho muito orgulho do meu irmão e de poder fazer isso por ele”, afirma.

Junto ao mais velho, o irmão Deryk, de 17 anos, também deve se mudar para Santa Catarina. O jovem, que está terminando o último ano do ensino médio, conta que está ansioso para a nova vida.

São 17 anos aqui em Paranaguá, então vai ser tudo novo. Quando a gente se mudar, quero fazer faculdade de logística, trabalhar nesse ramo, e continuar apoiando o Pedro no que ele precisar. Se eu gostar da cidade, talvez fique por lá mesmo”, confessa o rapaz.

Confiante a grato

Entre todos da família, o Pedro é o que se mostra menos apreensivo com toda a situação. Ao JB Litoral, ele comentou sobre como se sente feliz e ansioso com a mudança, mas que está confiante com sua futura vida na escola de ballet.

Quando saiu a lista de aprovados e eu vi que passei, ajoelhei, orei para Deus e chorei muito. Fiquei muito feliz também, mas ao mesmo tempo com o coração apertado por deixar minha vida em Paranaguá. Era um sonho meu desde pequenininho e agora consegui passar”, lembra emocionado.

E quanto às incertezas que terá pela frente, ele emenda com um trecho da famosa música de Zeca Pagodinho “deixa a vida me levar”.

Próximos passos

Em novembro, a mãe viaja novamente para fazer a matrícula do filho e, no dia 10 de janeiro, começam as aulas para os 40 bolsistas aprovados. Como bolsista, Pedro terá benefícios como alimentação, transporte, uniforme, figurino, assistência social, orientação pedagógica, assistência odontológica, atendimento fisioterápico nutricional e assistência médica de emergência/urgência pré-hospitalar.

Para manter a bolsa, ele precisará tirar boas notas e ter um bom rendimento na dança, o que não é problema para o garoto, destaca o pai, Reinaldo França. “Tenho certeza que ele vai se esforçar ao máximo nesses oito anos. Para nós, vai ser difícil lidar com a saudade e acompanhar ele de longe, mas é o sonho dele e nós vamos apoiar para que tudo dê certo”, finaliza o pai.

Confira a entrevista especial em vídeo: