Após recomendação do MPPR, supostos casos de nepotismo aumentam em Antonina


Por Redação JB Litoral Publicado 29/08/2019 às 14h04 Atualizado 15/02/2024 às 08h06
Após recomendação do MPPR

Os supostos casos de nepotismo na prefeitura de Antonina têm sido alvo de destaque na imprensa e nas redes sociais nos últimos meses. Em março deste ano, o Ministério Público do Paraná (MPPR) emitiu Recomendação Administrativa orientando que o Prefeito José Paulo Vieira Azim (PSB) exonerasse a esposa do Vereador Vitor de Souza Fernandes (PTB), do cargo de Diretora Administrativa da Secretaria Municipal de Saúde, Patrícia dos Santos Fernandes, o que não foi atendido até o momento. Porém, apesar da advertência, desde então, novos casos estão sendo denunciados.

Neste mês, a Promotora de Justiça Cibelle Maria Scopel, da 1ª Promotoria de Justiça de Antonina, instaurou Inquérito Civil para apurar três situações distintas que, supostamente, configuram nepotismo. Além de Patrícia, estão sendo investigados o Diretor de Administração Giancarlo Nogueira da Cruz, que preside a Comissão Permanente de Licitação (CPL), sua esposa; a Chefe de Tesouraria Adriana Vilela Islabao da Cruz; e a Chefe de Patrimônio Ana Paula Peres Mendes, filha da Controladora Interna do Município, Marcia Peres Mendes. Segundo as Portarias de Instauração de Inquérito Civil nº 53 e 54/2019, foi necessário desmembrar as investigações em razão da realização de arquivamento parcial, a fim de não tumultuar as medidas a serem adotadas individualmente com relação a cada uma das situações.

Giancarlo e Adriana da Cruz

O documento nº 53 analisa a situação de Giancarlo, que foi nomeado Diretor Administrativo da Secretaria Municipal de Administração, em agosto de 2017. Naquela ocasião, ele declarou não possuir cônjuge ou companheiro que exercesse cargo comissionado na administração pública direta. Por sua vez, Adriana foi nomeada Chefe de Divisão de Cultura em junho de 2017, e Chefe de Divisão de Tesouraria em março de 2018, em ambos os casos alegando não possuir cônjuge ou companheiro que exercesse cargo comissionado na administração pública direta.

 

Giancarlo e a esposa negaram que tinham cônjuge na administração pública no momento das nomeações. Foto/reprodução/Facebook

De acordo com a Promotora, foi constatado que as nomeações ferem a Súmula Vinculante nº 13, do Supremo Tribunal Federal, que prevê que “a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”.

Neste caso, além dos citados, o Prefeito também é investigado e, na última quarta-feira (22), deveria comparecer à Promotoria de Justiça da cidade, para firmar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em razão da prática de ato de improbidade administrativa.

Vale lembrar que, no mês passado, o MPPR já havia recomendado que Zé Paulo exonerasse Giancarlo da função gratificada de Coordenador da Comissão Permanente de Licitação, substituindo-o por servidor efetivo com qualificação técnica na área. Com a gratificação, ele passa a receber R$ 7.710, remuneração que ultrapassa, por exemplo, os vencimentos do Vice-prefeito e de Secretários Municipais, que ganham R$ 5.540 mensais.

Ana Paula e Marcia Mendes

No documento nº 54, é averiguada a nomeação de Ana Paula Mendes, aprovada em concurso público em maio de 2014, para o cargo de Serviços Gerais. Porém, em fevereiro de 2018 ela foi designada para a função de confiança de Chefe de Arquivo, exercendo tais funções duas vezes por semana e sempre que há necessidade, orientando estagiários. Nos demais dias da semana, exerce o cargo de serviços gerais no gabinete e na recepção do gabinete.

Ana Paula e sua mãe, Marcia Mendes, são servidoras efetivas, mas, também, possuem cargo de confiança. Foto/reprodução/Facebook

No entanto, sua mãe, Marcia Peres, é Controladora do município desde 2018, sendo servidora efetiva desde 2004. Segundo a Promotora Cibelle, das provas colhidas, não se pode ignorar que, além de não haver função de chefia para motivar a nomeação de Ana Paula, ela exerce funções no gabinete do Prefeito, o que “pode ser considerado indício da existência de relação perniciosa entre o Prefeito e a Controladora Interna, em violação aos princípios de moralidade, impessoalidade e eficiência”.

Zé Paulo também é investigado neste caso e, junto com as mulheres referidas, deveria comparecer à Promotoria de Justiça no último dia 22, para firmar um TAC, em razão da prática de ato de improbidade administrativa gerador de enriquecimento ilícito, perpetrado em concurso de agentes, diante da nomeação de Paula para a função de chefia inexistente.