Valor gasto com asfalto em Paranaguá daria para comprar quatro usinas


Por Redação JB Litoral Publicado 02/08/2017 às 10h43 Atualizado 14/02/2024 às 20h49

Em Ji-Paraná, a prefeitura gastou pouco mais de R$ 1,5 milhão, enquanto que Porto Alegre, com mais de 1,4 milhão de habitantes, desembolsou R$ 1,9 milhão, ambas em 2016. Este ano, Itumbiara espera gastar cerca de R$ 750 mil

Com orçamentos cada vez mais reduzidos e, em início de mandato, reféns de dívidas herdadas, mais que criatividade e inteligência, prefeitos têm investido na contenção de despesas, visando gastar com discernimento e responsabilidade, os recursos públicos em suas gestões municipais.

A filosofia de adotar os mesmos procedimentos de seus antecessores com custos que poderiam ser planejados e, no futuro, resultar no aumento de recursos, hoje, se tornou na continuidade de uma administração fadada ao fracasso.

Prefeito Marcelo em uma única licitação vai gastar R$ 6,6 milhões com asfalto. Foto/PMP

Pensando mais no futuro e menos em projetos pessoais prefeitos, voltados à busca por melhor qualidade de vida ao seu município, têm procurado parcerias, apoio político e até recursos próprios para por fim a compras de serviços e produtos caros em uma gestão.

É o caso da pavimentação de ruas e avenidas com asfalto Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), um dos vilões de toda e qualquer administração municipal e estadual.

Em apenas seis meses de gestão, o Prefeito Marcelo Elias Roque (PODEMOS), em apenas uma única licitação para compra de asfalto concluída no dia 29 do mês passado, encerrou o Pregão Presencial 022/2017 comprometendo os cofres públicos em R$ 6.689.000,00 com a contratação de três empresas para aquisição de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) e cimento asfáltico de petróleo (CAP) 50/70, em atendimento à Secretaria Municipal de Obras Públicas (SEMOP), pasta gerida pelo Vice-prefeito Arnaldo de Sá Maranhão Junior (PSB). A estimativa da prefeitura era de gastar até R$ 8.420.064,00 neste Pregão.

No final do processo licitatório foram declaradas vencedoras, as empresas, Asfalto do Paraná Industrialização e Distribuição de Derivados de Petróleo com R$ 802.800,00, COMPASA Do Brasil com R$ 2.023.000,00 e a BRF Engenharia de Obras ficou com a maior fatia ao vencer dois lotes, um total de R$ 3.864.000,00.

Mais que os quatro anos de Kersten

 

Em toda sua gestão, Kersten gastou R$ 3,1 milhões com asfalto – Foto Marcio Tibilletti

Diante de sair vitoriosa do Pregão com valor expressivo, o JB pesquisou no Portal da Transparência da prefeitura, na ferramenta de “Despesas” e “Liquidação de Empenhos” e levantou quanto a empresa BRF faturou nos quatro anos da gestão do Prefeito Edison de Oliveira Kersten (PMDB).

O resultado foi surpreendente, pois somente neste Pregão Presencial, a instituição vai faturar mais que todos os empenhos pagos pela prefeitura de 2013 a 2016, que ficou R$ 3.183.744,62. Segundo o Portal foram R$ 355.604,22 em 2013, R$ 602.477,75 em 2014, R$ 2.049.339,90 em 2015 e R$ 176.322,75 em 2016.

Vale destacar que a atual licitação vencida de R$ 3,8 milhões, segundo o edital do Pregão, é por um período de 12 meses.

Usinas trariam economia de recursos

A reportagem fez uma pesquisa na internet e levantou que, aplicar recursos em uma Usina de Asfalto a Quente, vai além do fato de economizar. Esta é a melhor saída encontrada por algumas prefeituras para garantir qualidade de vida, sem onerar o tesouro municipal.

Atualmente, investir nas vias públicas por meio de implantação de paralelepípedos se tornou algo muito caro e demorado, uma vez que custa em torno de R$ 60 por metro quadrado.

Todavia, com as usinas próprias, as prefeituras conseguem fazer com que o metro quadrado para calçamento custe metade ou um terço do preço. Assim, as vantagens de manter uma usina municipal de asfalto vão além da economia registrada na hora de fazer o investimento. Chama a atenção também como ponto positivo a maior comodidade aos moradores. A obra feita com paralelepípedo, a rua passa aproximadamente 30 dias interditada. Já com o asfalto a frio, a população aguarda o equivalente a uma semana. Com o uso do asfalto quente – material mais caro e mais resistente – a espera é de apenas um dia.

 

De R$ 750 mil a R$ 1,9 milhão

A reportagem estendeu a pesquisa na internet e levantou que, em junho do ano passado, a cidade de Ji-Paraná, no Estado de Rondônia, a qual possui população de 131.560 habitantes, o segundo mais populoso do estado, a prefeitura investiu R$ 1,5 milhão em uma Usina de Asfalto, que produz 400 toneladas de massa asfáltica a cada 10 horas e pode ser alimentada por energia produzida a gás ou óleo diesel.

Usina de Asfalto Marini Latin America de R$ 1,9 milhão, quando ainda estava sendo construída em Porto Alegre/Foto Site BrasilConstrução

A prefeitura constatou que os custos das obras de pavimentação diminuíram, pois com a usina não é necessário fazer aquisições do produto pronto pois é possível adquirir os insumos e produzir a massa asfáltica no município com recursos próprios. Em Porto Alegre, a Usina de Asfalto entrou em operação em março do ano passado e utiliza gás natural e filtros, com foco na sustentabilidade ambiental. Ela iniciou com uma capacidade de produção de 140 toneladas de asfalto por hora.

A construção custou R$ 1,9 milhão e, apesar do investimento ser considerado alto, a prefeitura acredita que em médio ou longo prazo a economia pode chegar a 60% devido a durabilidade do produto. O Ex-secretário de Obras e Viação de Porto Alegre, Mauro Zacher, previa que, com as duas usinas, seria possível produzir todo o asfalto necessário para a cidade, que possui 1,4 milhão de habitantes. Este ano, na cidade de Itumbiara, no estado de Goiás, que possui 101.544 habitantes, a expectativa da prefeitura é de fazer investimentos na ordem de R$ 6,8 milhões em asfalto neste ano. Com isto, o prefeito local entende que o município precisa de uma usina para atender a demanda de serviços e sua aquisição deve custar à prefeitura cerca de R$ 750 mil e será feita mediante processo licitatório e pago com recursos próprios.