Médico curitibano trará método revolucionário para tratamento de AVC


Por Redação JB Litoral Publicado 28/03/2018 às 17h07 Atualizado 15/02/2024 às 02h02

Na semana passada, o JB Litoral entrevistou o Drº Guilherme José Agnoletto, 30 anos, médico formado pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), com especialização em Neurocirurgia pelo Instituto de Neurologia de Curitiba (INC), o qual trará ao Brasil um método inovador de tratamento do Acidente Vascular Cerebral (AVC) realizado nos Estados Unidos da América (EUA) a partir do próximo ano. Entre 2016 e 2018, o Drº Guilherme realizou uma intensa especialização no estado da Florida, nos Estados Unidos (EUA), em torno do tratamento do AVC na instituição Lyerly Neurosurgery, afiliada ao Baptist Health Jacksonville, a qual desenvolve e já colocou em prática tratamentos médicos mais eficazes e revolucionários que serão trazidos por ele ao Brasil.

“Passei dois meses ano passado acompanhando o serviço e seu funcionamento, bem como as diferenças e novas modalidades de tratamento. Fui novamente em março para os EUA para uma Conferência que reunia os pesquisadores do mundo todo sobre AVC e doenças cerebrovasculares. Irei novamente agora em julho e passarei um ano aperfeiçoando estes novos métodos”, destaca o médico.

Segundo ele, o AVC é a enfermidade mais prevalente no Brasil e está crescendo a cada dia. “É uma doença que gera alta taxa de incapacidade nos indivíduos afetados, causando grande impacto socioeconômico e também em todo o círculo familiar do paciente. Sem sombra de dúvidas a prevenção e tratamento deveria ter um foco imenso de investimento público tão grande quanto câncer de mama”, sugere.

Ele informa que está sendo desenvolvido neste estudo nos EUA uma das maiores revoluções na história da medicina mundial dos últimos cinco anos, algo que vem sendo aplicado na Florida, mas que ainda não se propagou no contexto brasileiro.

 “O AVC, que é uma oclusão de algum vaso cerebral que leva sangue ao cérebro, até há poucos anos poderia ser tratado com medicamento endovenoso e apenas se fosse em até 4 horas e 30 minutos do início dos sintomas. O que se descobriu por meio de muita pesquisa e inovações tecnológicas é que é possível tratá-lo desobstruindo mecanicamente o vaso cerebral que foi ocluído, de maneira minimamente invasiva, por navegação dentro do vaso, apenas com uma punção, sem cirurgia ou cortes.

 

Além disto, este método pode ser realizado em até 24 horas do início dos sintomas, e os resultados são incrivelmente excelentes, com grande parte dos pacientes obtendo melhora completa dos sintomas e permanecendo sem sequela alguma”, ressalta Drº Guilherme.

A instituição Lyerly Neurosurgery que desenvolve e coloca em prática o tratamento

Método será trazido ao Brasil

Segundo o médico, o objetivo é trazer o método inovador de tratamento do AVC já em 2019, onde ele estará se especializando na Florida. “Além de aperfeiçoar o método e trazer ao Brasil, o objetivo é também tentar estender a janela de tempo de tratamento para além das 24 horas iniciais, permitindo pacientes que têm pouco acesso à atenção hospitalar especializada que procurem alguma a tempo. Isto vai revolucionar e mudar por completo o tratamento da doença no Brasil, como já aconteceu nos Estados Unidos. Na Florida, o tratamento, por meio deste procedimento, virou lei. Muito em breve, os centros de tratamento de AVC aqui no Brasil também deverão possuir alguém habilitado e deverão estar disponíveis para que a população possa ser atendida. E isto deve ser difundido cada vez mais”, comenta.

“Existem outros aspectos importantes que podem e devem evoluir no tratamento de doenças cerebrovasculares que também irei aperfeiçoar neste ano lá, como tratamento de aneurismas de maneira mais rápida, menos invasiva e mais segura, que também tem tido um impacto grande na sobrevivência e qualidade de vida dos pacientes com este problema. No entanto, esta reviravolta e quebra do paradigma no tratamento do AVC, que antes era considerado tratável apenas se o paciente chegasse em até 4 horas e meia, foi um dos maiores e mais importantes avanços na medicina”, finaliza o Drº Guilherme José Agnoletto.