BASTIDORES DO SAMBA – Blocos Carnavalescos


Por Redação JB Litoral Publicado 10/02/2015 às 07h00 Atualizado 14/02/2024 às 05h49

A tradição dos blocos carnavalescos que mantém viva a cultura do folclore popular da tricentenária Antonina, através de alegorias, dança, encenação e tradição, mais uma vez, dará o toque de saudosismo no sábado (14), a partir das 21 horas na Rua Dr. Carlos Gomes da Costa, a festiva Avenida do Samba. Neste especial do JB “Bastidores do Samba” a reportagem conheceu a fábrica de alegria e cultura dos blocos Boi Barroso, Boi do Norte, Bonecos Gigantes e Índio Guarani. Sem nenhum recurso da prefeitura, nem mesmo o crédito de mil reais liberado, em 2014, junto às lojas de materiais de construção para ajudar nos adereços, os blocos contam apenas com recursos próprios e de colaboradores para garantir o espetáculo a milhares de foliões, que fomentarão o comércio por quatro dias.

Boi Barroso e Boi do Norte

Baseado na encenação do Boi Bumba, uma das pecas mais importantes do folclore brasileiro criado pelo padre jesuíta José de Anchieta, a história do boi de ambos os blocos é a mesma. “Uma mulher grávida tem desejos e quer degustar a língua de um boi, seu marido preocupado corta a língua do boi mais valioso existente na propriedade de seu patrão, um rico fazendeiro.

O boi morre e o proprietário sente a falta do boi e começa procurá-lo. Cadê meu boi? Depois de intensa procura descobre-se a fonte causadora do desaparecimento: o pai Mateus. Catarina, sua esposa havia saciado seu desejo, e como devolver o boi ao patrão? Pai Mateus faz diversas tentativas para ressucitá-lo e não tem sucesso. Ele apela para todo tipo de medicamento, rezas, pajelanças e nada acontece. Então, sob o toque da música, o boi desperta e, ao sair dançando, a alegria é geral”.Esta é a peça que vai, mais uma vez, para Avenida do Samba, através do bloco do Boi Barroso, na folia desde 1920 e resgatado, em 2008, pelas antoninenses, Elisabeth Carraro, Vera Lúcia Nascimento e Ângela Maria Siqueira.

Animada e ansiosa pelo desfile na Avenida, Josemeri Pinto Mayer, irmã da presidente do Bloco, a carnavalesca Vera Lucia Pinto do Nascimento, espera cerca de 450 foliões antoninenses brincando ao lado do Boi Barroso, entre eles, turistas de todas as regiões do país. Entre as novidades, o bloco vai trazer um boi automático que balança nos chapéus de alguns componentes. Por sua vez, o bloco Boi do Norte, que também existe desde 1920, atualmente sob a presidência de Erick Mendes, deve trazer para Avenida do Samba cerca de 200 pessoas, com 30 ritmistas na bateria. Fundado por Bedenack Luis Pedro, o Boi do Norte levará nas suas cores vermelha, branca, preta e amarela, para Avenida dois bois e o nanico (garça) puxados pelo casal Rui e Soraia, filhos do famoso casal de cantores Belarmino e Gabriela, juntamente com netos e noras. De acordo com a vice-presidente Alessandra Souza Torres, o bloco que já foi tese de doutorado, é um tradicional bloco de família e, sua filha, Ágata (7) é a porta-estandarte mirim do Boi do Norte. Sem ajuda do Poder Público, Alexsandra acredita que o desfile custará cerca de R$ 3 a R$ 4 mil para levar o bloco para Avenida. Veja como os blocos irão para Avenida. 

Bonecos Gigantes e Índio Guarani

Ensaiando no corredor da estação Ferroviária, a reportagem do JB encontrou os blocos Bonecos Gigantes e Índio Guarani, que também levarão sua tradição e fazendo a alegria dos foliões que moram e visitam a cidade capelista. De acordo com Cainã Alves, dos Bonecos Gigantes, o bloco remonta os carnavais do passado com bonecos grandes e duplos, lembrando a tradição que permanece até hoje em Olinda (PE). Este ano, o bloco levará uma banda para Avenida com 35 ritmistas com instrumentos de sopro, percussão e voz. Com o tema “Circo, o bloco pretende levar cerca de 550 pessoas para Avenida, trazendo nas tradicionais marchinhas carnavalescas seu ponto alto, misturando com axé e sertanejo. Por sua vez, o Bloco do Índio Guarani, presidido por Lauro e que possui dois vice-presidente, Celso Souza Silva e Jair da Costa, pretende levar para Avenida do samba cerca de 150 pessoas, entre elas, uma bateria de 40 ritmistas.