Calote do Super DIP


Por Redação JB Litoral Publicado 03/03/2017 às 13h16 Atualizado 14/02/2024 às 17h51

Inconformados pela morosidade do processo judicial que os impede de terem ressarcidos os anos de trabalho na rede de supermercado Super DIP, do Grupo Diplomata, do Deputado Federal (PSC), o Empresário Jacob Alfredo Stoffels Kaefer (61), um grupo de ex-funcionários desde fevereiro criaram um grupo de whatsapp para troca de informações e lutar pelo recebimento de seus direitos.

Iniciativa da ex-funcionária, Rose Mara de Souza, eleita Colaboradora do Mês, em março de 2010, o grupo “Lesados do Super Dip conta com a participação de 256 pessoas de Paranaguá, Curitiba e Região Metropolitana que acompanham o processo de Massa Falida da empresa e trocam informações sobre o seu andamento na expectativa de receberem os direitos trabalhistas que não foram pagos desde 2014.

Neste ano a justiça decretou a falência do Grupo Diplomata e todos os supermercados da rede Super DIP fecharam suas portas no Paraná, começando justamente pela filial de Paranaguá.      

A idealizadora do grupo, Rose, quecomeçou como operadora de caixa e encerrou sua passagem de três anos pelo supermercado como encarregada de frente de caixa, era uma das muitas colaboradoras que trabalhavam no ritmo “faz tudo” e até a função de tesoureira ela exerceu.  

Ao pedir sua demissão no dia 1º de novembro de 2012 ela descobriu que seu FGTS estava errado e o INSS, alguns meses sem depositar. Outro “faz tudo” da filial local, em seis anos e meio de trabalho, Aurio Pless, além de atuar como encarregado do hortifrutigranjeiro abria e fechava a loja, atendia a polícia em caso de roubos na madrugada, foi testemunha em audiência e atuou até como preposto. Por conta disto, ficou sem receber em torno de 1000 horas extras até hoje.

Trabalhando atualmente na rede Condor de Supermercados, Ritha Margareth Romão, em três no DIP, começou como balconista e terminou como caixa e está sem receber seus direitos trabalhistas, da mesma forma que Almir Monteiro, o qual trabalhava na refrigeração, ficou por 12 anos na empresa e ainda não recebeu nada. “É frustrante”, dispara Almir.

 

Curitiba, ex-funcionários vivem o mesmo drama

Além de Paranaguá, existiam cinco filiais somente em Curitiba, outras em São José dos Pinhais, Araucária e a matriz e uma filial em Cascavel. Na capital, as lojas foram fechando aos poucos e, no final de 2014, encerraram suas atividades as três últimas filiais, localizadas em Santa Felicidade, Barreira e Centro Cívico.Integrante do Grupo, Maria Olivia Favoretto Machado, que trabalhou dois anos e quatro meses na sede administrativa na Linha Verde, em Curitiba, informou situações que também eram comuns aos ex-funcionários na filial, onde hoje

funciona uma unidade do Supermercado Bavaresco.  Ela conta que ninguém recebeu o FGTS, que era um dos principais itens sonegados dos empregados, além do depósito do INSS. A ex-colaboradora entrou com ação trabalhista e teve sentença favorável pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Segundo o escritório de advocacia que a defendeu, foi expedida uma Certidão de Habilitação de Crédito, a qual foi anexada à lista de pagamento da Massa Falida.

Da mesma forma, Paulo Koga, também da Capital, que trabalhou por quase três anos, diz que não recebeu nada, nem férias e nem FGTS e, por conta da convocação para recebimento de contas inativas do FGTS que vem sendo realizada pela Caixa Econômica federal (CEF), ao tentar resgatar seu benefício, descobriu que não tem nada a receber.
 

Dívida de R$ 1,6 bilhão com credores
 

Criado nos anos 70 e formado por cerca de 20 empresas, o Grupo Diplomata, do qual o Super DIP faz parte, foi um dos maiores e mais tradicionais do Paraná. Em 2011 chegou a faturar R$ 1 bilhão e já teve 5,2 mil funcionários.

Após o pedido de recuperação judicial de cinco empresas do Grupo, Diplomata, Attivare, Klassul, PaperMidia e Jornal Hoje, em 2012, elas passaram por auditoria e acabou entrando em recuperação judicial. Porém, em cinco meses de investigações, a consultoria constatou evidências de fraudes processuais e confusão patrimonial, além de descumprimento do programa de recuperação judicial. Em razão disto, um decreto do Juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Cascavel, Pedro Ivo Lins de Moreira, foi declarada a falência das empresas que compunham o grupo, uma vez que as irregularidades envolviam os demais estabelecimentos, que incluíam, por exemplo, fábrica de ração, shopping center, supermercado e instituições financeiras.

A dívida total do Grupo Diplomata é de R$ 1,5 bilhão, segundo a Capital Administradora, responsável pela Massa Falida. Porém, de acordo com o site www.massafalidagrupodiplomada.com.br, a soma total das classes de credores está em R$ 1.671.762.006,57, conforme levantamento feito até agosto do ano passado.
 

Mesmo com dívidas com trabalhadores, Deputado Kaefer continua em Brasília no terceiro mandato. Foto/divulgação.

O deputado federal mais rico de 2014

Ex-proprietário do Grupo Diplomata e, consequentemente do Super DIP, o Deputado Federal Alfredo Kaefer (PSC), que vive seu terceiro mandato consecutivo, em 2014 foi considerado o deputado eleito mais rico daquele ano, em um levantamento feito pelo site Globo.com (G1).

Ele declarou possuir 108,6 milhões em bens, porém, no processo onde foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes contra o sistema financeiro, Kaefer alegou pobreza para não pagar as custas do processo de R$ 910. A juíza, ao indeferir seu pedido, justificou a alegação como “falta de bom senso”.

Condecorado como Cidadão Honorário no Paraná, no dia 31 de outubro do ano passado, durante uma assembleia geral dos credores, realizada no auditório do Tribunal do Júri na cidade de Cascavel, o deputado afirmou “que sempre teve bons propósitos”.