Com espaços ociosos vereador cobra construção de gavetas mortuárias


Por Redação JB Litoral Publicado 24/10/2016 às 19h09 Atualizado 14/02/2024 às 16h44

Problema crônico que se arrasta desde a gestão anterior, a superlotação dos cemitérios públicos em Paranaguá foi alvo de intensa crítica do Vereador reeleito Adriano Ramos (PHS) e que ganhou o endosso da também reeleita Vereadora Sandra Luzia Lopes de Souza Santos (PMB), a Sandra do Dorinho, na sessão de quinta-feira (13), no plenário do Palácio Carijó.  

O vereador trouxe a grave situação das gavetas mortuárias que não atendem a demanda dos falecimentos na cidade.

“A pessoa mais carente que não tem o seu terreno no cemitério, hoje, não tem mais espaço para sepultar seu familiar”, disse Adriano que falou sobre o caso da mãe de um amigo que, recentemente, passou por este doloroso drama por não ter gavetas disponíveis no Cemitério Municipal Nossa Senhora do Carmo.

 

 Estado precário das duas primeiras galerias de gavetas que precisam de reforços urgentes. Foto: JB

O vereador ressaltou que existe uma recomendação para não fazer sepultamento diretamente no solo no cemitério São Benedito, segundo informações da própria administração. Ele deu como solução paliativa e emergencial, a prefeitura fornecer o material necessário que os servidores construirão 100 novas gavetas mortuárias, sem a necessidade da contratação de uma empreiteira. Segundo o vereador, seria o suficiente para atender a demanda da população que necessita por seis a oito meses.

Contudo, ele recordou a polêmica gerada na própria Câmara e redes sociais da compra dos 32 mil sacos de cimento, que só foram utilizados 16 mil e não foi remanejado nenhum saco de cimento para que as administrações de ambos os cemitérios municipais pudessem construir as gavetas.

“Assim a população acaba não tendo, neste momento de dor da morte de um familiar, onde sepultar o ente querido”, disparou o vereador.
 

Estado das galerias evita limpeza e retirada de matos da lage temem que a estrutura se rompe
 

Por sua vez, a Vereadora Sandra do Dorinho reforçou que esta situação das gavetas mortuárias é antiga e de pleno conhecimento da Secretária de Meio Ambiente, Adriana Albini, que no mês passado, teve decretada a indisponibilidade de bens, juntamente com o Presidente da Câmara Municipal, Jozias de Oliveira Ramos (PDT), pela Vara da Fazenda Pública de Paranaguá em ação civil pública por ato de improbidade administrativa.

 

“Do próprio bolso”

O vereador disse, ainda, que citou o caso da vereadora reeleita, que atua na área de sepultamentos, que tem usado dinheiro do próprio bolso para comprar o cimento e construir algumas gavetas.
 

“A que ponto chegou. Ela me confidenciou isto. Não tendo gaveta, não enterra em lugar nenhum. Como ocorreu com esta mãe de meu amigo. Felizmente eles colocaram a situação na rede social e alguém se sensibilizou por conhecer a família e cedeu o seu túmulo para o sepultamento”, informou Adriano.
 

Para o JB o vereador defendeu a necessidade de abrir a Comissão Especial de Investigação (CEI) sobre o cimento, que desde novembro de 2105, ainda necessita de apenas uma única assinatura para ser aberta. Até o momento, apenas ele como autor da proposta da CEI e mais os vereadores Marcus Roque (PMDB), Laryssa Castilho (PRB), Adalberto Araujo (PHS) e Ivan Aparecido Hrescak (PTN) assinaram o pedido e abertura, mesmo após alguns terem sido reeleitos na eleição majoritária. 

 

Gavetas mortuárias e o risco de desabar
 

 A reportagem do JB esteve no cemitério central e tomou conhecimento, por meio dos servidores, que a situação das gavetas mortuárias é ainda mais grave do que a falta de oferta para as pessoas que necessitam sepultar seus familiares.

 

O risco de desabamento é iminente. Foto:JB
 

O estado das três galerias de gavetas é extremamente precário e as visíveis rachaduras, aliadas ao tempo sem manutenção, inibe os servidores de fazerem qualquer serviço de limpeza do mato e sujeira na laje, diante do risco de desabamento.

Um servidor, que preferiu não se identificar, disse que as gavetas das galerias 01 e 02, as próximas ao muro e sem estrutura no piso superior, estão sem nenhuma condição de serem mexidas e a necessidade de reparo é emergencial. No caso da galeria 03, que possui 90 gavetas divididas em três séries de 30, ele sugere que o mesmo poderia ser feito nas galerias 01 e 02 e abriria espaço para mais 180 sepultamentos. Mas, para isto, se faz necessário reforçar as galerias 01 e 02 e fechar as rachaduras, além da retirada do mato e limo e culminando com uma grande limpeza.

 

Beco da Balbina ainda é a melhor solução

 

Ainda no interior do cemitério, o JB constatou que o enorme espaço ocioso gerado pela desapropriação do antigo Beco da Balbina, que ainda não foi finalizado pela prefeitura desde 2008, possivelmente é a melhor solução para o problema da superlotação dos cemitérios públicos. Numa avaliação, sem a precisão de uma trena, o servidor estimou que todo aquele espaço ultrapassa a extensão de mil e duzentos metros quadrados de área destinada para sepultamento que continua em desuso.
 

Solução para falta de espaço, desapropriação do Beco da Balbina não é concluída desde 2008 pela prefeitura. Foto/JB
 

Mesmo com algumas casas demolidas, ainda existem pessoas morando nas residências que escaparam das máquinas. O Beco da Balbina integrou o projeto de ampliação da área de sepultamento do Cemitério Municipal Nossa Senhora do Carmo, iniciado pela prefeitura em 2008, por meio da Secretaria de Meio Ambiente. Em 2014, o JB mostrou que, passados mais de cinco anos, o processo de indenização das famílias até hoje não foi concluído, por ter sido feito de “modo incorreto pela gestão passada”, segundo o Prefeito Edison de Oliveira Kersten (PMDB).
 

O JB acompanha esta situação desde janeiro de 2011, época em que a prefeitura indenizou as famílias e não as retirou da área que se tornou pública.

Em uma reportagem veiculada na imprensa em 2008, o então Secretário de Urbanismo, Ayro Cruz Neto, informou que existiam três processos de indenização envolvendo todas as famílias residentes no local. Na época, um havia sido pago, outro estava em fase de pagamento e o terceiro, que envolvia herdeiros, tramitava na prefeitura. Porém, após sucessivas mudanças no comando da Secretaria de Urbanismo, o projeto de ampliação do cemitério não teve prosseguimento pela Secretaria de Meio Ambiente, inclusive por meio da atual titular da pasta, Adriana Albini.

Em 2014, numa nota enviada ao JB a prefeitura disse que pretendia usar a área para ampliação do cemitério e que a Secretaria Municipal de Urbanismo e o setor jurídico da prefeitura avaliavam a situação para retomar a negociação com as famílias afetadas e fazer a análise de pontos comerciais instalados na região. Porém, até o momento nada foi feito.

Nesta semana o JB irá procurar a Secretária Adriana Albini para saber como se encontra o projeto de ampliação do cemitério, uma vez que ela fez parte da gestão anterior.