Cooperativa de pescadores de Guaraqueçaba voltará a funcionar depois de dois anos sem atividades
A principal atividade econômica da pequena Guaraqueçaba é a pesca. Até 2018, a cidade contava com uma associação que dava assistência aos cerca de 3 mil pescadores. Com a falta de apoio do poder público, os trabalhos foram encerrados na localidade.
Além disso, apesar de ser um lugar propício para a captura de diversas espécies de peixes, o município também não possui um espaço para a comercialização dos frutos do mar. Essas situações fizeram com que dois jovens da região se mobilizassem para a volta da Cooperativa de Pescadores e Maricultores de Guaraqueçaba e Vale do Ribeira (Coopescamar).
Filha de pescador e ex-presidente da entidade, Luiza Barcelos acompanha, desde cedo, a luta dos profissionais que vivem das atividades pesqueiras. Por conta da dificuldade que eles enfrentam, a moradora de Guaraqueçaba resolveu entrar no caso para dar dignidade à classe.
Durante a conversa, ela destacou a importância da implantação da Coopescamar na região ribeirinha. “É uma cooperativa onde meu pai foi presidente, só que estava desativada desde 2018. Portanto, o projeto visa dar um suporte ao pescador, porque muitas vezes quebra um motor, rasga uma rede, e aí ele não tem mais como ir para o mar. Com isso, não tem mais o peixe para vender. A cooperativa é justamente para apoiar esses trabalhadores, que são esquecidos”, disse.
Para agilizar o processo de abertura da cooperativa, Luiza resolveu buscar parceria. Ela conseguiu apoio de um pescador da cidade que aceitou o desafio de entrar como membro da instituição, assim como dividir as tarefas burocráticas para o funcionamento do espaço. “Eu chamei um morador aqui da região, que também é filho de pescador. Ele vai me ajudar a pôr para frente, por que sozinha não consigo. Agora estamos correndo atrás dos sócios”, contou.
Edital lançado e espaço liberado pela prefeitura
O parceiro de Barcelos, que ajudará a resgatar a Coopescamar, é Eriel Mendes Junior. Ele disse ao JB Litoral que um edital foi lançado para a realização de uma Assembleia Geral Extraordinária, a qual será feita no dia 16 de março, às 19h, na sede da entidade.
Localizada na Rua Salim do Carmo – 345, a cooperativa será aberta para discutir assuntos referentes à aprovação da chapa e eleição dos Conselhos de Administração e Fiscalização da nova fase da Instituição pesqueira. “Temos que convocar os sócios antigos e fazer uma nova chapa. Vamos fazer uma reunião e entrar como uma nova diretoria”, complementou.
Eriel realtou, ainda, que a prefeitura disponibilizou um local para a venda de pescados. O espaço fica dentro do Mercado Municipal, em frente ao principal trapiche da cidade. “Se você procurar um peixe para comprar, não tem. Por isso, a Prefeita Lilian cedeu um espaço para a gente montar o mercado do peixe. Isso foi essencial para darmos o ponta pé inicial. Ela está dando todo o apoio, porque é o sonho dos guaraqueçabano ter um ponto de vendas no Mercado. Tendo a estrutura, o pescador pega o peixe e já leva fresquinho para a cooperativa”, afirmou.
Além da peixaria, a Coopescamar contará com um novo endereço para a realização de outras atividades. Um terreno também foi cedido pela atual gestão para a construção de uma outra sede. “Já temos a planta e a prefeita já cedeu o local. Na gestão passada, o pessoal não deu um local para eles trabalharem. Os cooperados antigos buscavam recursos fora e, mesmo assim, o prefeito não cedia um lugar. Agora, conseguimos. Creio que o projeto vai para frente, para que todos sejam beneficiados”, comemorou Luiza.
Membros e capacitação
Ao todo, a cooperativa, que tem previsão de iniciar os trabalhos no mês de abril, ficará com 21 membros. Desses, 12 irão compor a diretoria e os demais assumirão a presidência, tesouraria, secretária e suplência. De acordo com Barcelos, os pescadores serão capacitados por meio de cursos da área ambiental.
Essa estratégia é para que os profissionais desenvolvam as suas tarefas diárias com consciência. “Vamos realizar capacitação e cursos de meio ambiente para conscientizar o pescador. Ele tem que saber que o peixe está ali para procriação. Porque tem época que não se encontra o animal. No período de defeso, o pescador fica sem nenhum suporte. Por isso, queremos trabalhar para dar esse apoio, até mesmo com doação de cestas básicas, entre outros”, explicou.