Cresce ocupação de espaços públicos por moradores de rua em Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 02/09/2016 às 09h06 Atualizado 14/02/2024 às 15h56

Passada uma década do escândalo nacional, causado pelo Padre Adelir de Carli pela suposta “limpeza social” executada pela Guarda Municipal, na gestão do Prefeito José Baka Filho (PDT), o problema com moradores de rua ganhou uma nova proporção com a ocupação de espaços públicos e privados em Paranaguá.

Escorado num diferente entendimento do direito constitucional de “ir e vir”, o uso de calçadas e marquises como dormitório tem crescido assustadoramente nos últimos meses, desde que a prefeitura cedeu o espaço onde funcionava o albergue municipal para instalações da filial da Empresa Klabin.

Mesmo sem uma procura de 100% por parte da população de rua pelo abrigo no albergue que ficava no Bairro do Emboguaçu, até o ano passado as ocupações de imóveis ocorriam de forma sorrateira em casas abandonadas e algumas invadidas.

Neste ano, porém, a partir do momento em que um grupo de sem teto decidiu usar a calçada do ginásio de esportes Dr. Joaquim Tramujas, como dormitório, a prática começou a ser estendida para outros espaços, alguns deles da iniciativa privada.

A tentativa da prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Ação Social (Semas), de minimizar o sofrimento destas pessoas, devido às baixas temperaturas, cedendo no interior do ginásio para não ficarem expostas ao frio, das 23 às 07h da manhã, resultou no aumento e fixação das pessoas no local, a qualquer hora do dia.

Moradores de rua podem ser vistos pela manhã, tarde e noite nas camas improvisadas e colchões no ginásio de esportes.

Entretanto, próximo ao local outros espaços têm sido usados frequentemente para a mesma finalidade, como o acesso à Viação Graciosa e a marquise da Casa China.

 Até pouco tempo, ainda na área central da cidade, moradores de rua estavam ocupando a calçada da Loja Operadora OI e da Woodstock Áudio & Vídeo na Rua Faria Sobrinho. Comércios de outros bairros também acabaram sendo ocupados, como a calçada da Rosibras Atacadista na Estradinha.
 

 
A última ocupação nesta região vem acontecendo com frequência no acesso de entrada da Copel e até mesmo debaixo do mais novo viaduto construído na PR-407, onde há moradores de rua dormindo pela manhã, tarde e noite.

 

Solidariedade religiosa

Na semana passada, a reportagem do JB percorreu estes pontos ocupados pela população de rua e constatou que entidades religiosas, sensibilizados com a situação destas pessoas, prestam solidariedade levando alimento no período noturno. É o caso da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) que desenvolve um projeto de ajuda aos moradores de rua, levando, uma vez ao mês, alimentos para essas pessoas nos locais onde ocupam.

Vale destacar que, em novembro de 2008, o então Secretário de Ação Social, Joaquim Guilherme da Silva Filho, defendia a necessidade de realizar campanhas para a população evitar o ato de dar esmolas. “Não dar esmola e comida. Muitos fazem por questão cultural ou religiosa. Mas, dando esmola, fixam o morador no local” argumentava, na época, o Secretário de Ação Social, posição que era compartilhada com o então Presidente da Associação Comercial Industrial e Agrícola de Paranaguá (ACIAP), Yahia Hamud.

Guilherme Filho ressaltava que, as pessoas e entidades que adotam esta prática deveriam, ao menos, tentar conversar com os moradores de rua a quem ajudam, para convencê-los a procurar os órgãos oficiais responsáveis pelo assunto. Um ano antes desta posição do Ex-secretário de Ação Social, outra declaração da Assistente Social, Rosane Maria de Oliveira, nomeada pelo Prefeito José Baka Filho para coordenar os trabalhos relacionados aos moradores de rua, repercutiu negativamente na imprensa do Estado. Nesta época, Rosane, que dirigia o albergue municipal, afirmou que “50% dos moradores de rua que perambulam por Paranaguá são marginais”.

Nesta semana, o JB irá procurar a Secretaria de Ação Social para saber o que vem sendo feito para resolver este problema.