Crise política e econômica provoca fechamento de várias lojas em Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 10/03/2016 às 08h00 Atualizado 14/02/2024 às 12h39

Corte de funcionários, contenção de despesas, vendas abaixo do esperado, poucos investimentos. Esse é o cenário observado atualmente em Paranaguá. Mas poderia também ser o retrato de qualquer município brasileiro. Para o agravamento do quadro, soma-se a isso a instabilidade econômica e política pelo qual o país atravessa, que faz resvalar para o grande empresário ou para o pequeno comerciante uma carga tributária pesada, com impostos cada vez mais vigorosos. Resultado: mercado estagnado, poder de consumo reduzido e uma avalanche de demissões, que contribui para elevar os números da inadimplência e atestar a inabilidade de nossa economia. 

Em 2015, com o agravamento desta conjuntura, os setores que mais perderam vagas foram agropecuária, construção civil e comércio, com forte impacto sobre o varejo. Em Paranaguá, por exemplo, diversas lojas fecharam as portas no ano passado. Com o início de 2016, a perspectiva parecia mais animadora. Porém, o quadro não se alterou e mais pontos comerciais findaram suas atividades. Somente nestes primeiros 60 dias do ano foi possível observar, principalmente na região central, que a coisa é mais séria do que se pode imaginar. Na semana passada, pelo menos 08 lojas da cidade pararam de funcionar.Em 2015, em Paranaguá, 488 unidades decretaram mortalidade. O número é quase cinco vezes maior que o registrado em 2014.

Segundo economistas, o comércio é a área que mais sofre com a desaceleração da economia. Com juros e inflação nas alturas, é fácil encontrar lojas vazias.

De acordo com o vice-presidente de Comércio Varejista da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Paranaguá (Aciap), Anwar Hamud Hamud, a crise econômica é o principal fator que levou os comerciantes a fecharem as portas na região central da cidade. “Independentemente de ser uma franquia de uma grande empresa ou ser um comércio tradicional local, a crise apertou e essa foi a única solução”, disse.

Questionado se a instalação de dois shoppings pode ter contribuído para o encerramento, Hamud disse acreditar exatamente em um impacto contrário. “Temos a expectativa de que isso agregue ao comércio de rua, traga um movimento diferente e é por isso que vamos lutar”, concluiu.

Através de uma pesquisa realizada no site Empresômetro, que afere a abertura e encerramento de empresas a nível nacional, em 2015, em Paranaguá, 488 unidades decretaram mortalidade. O número é quase cinco vezes maior que o registrado em 2014, por exemplo, quando 131 empresas fecharam. Já em 2016, apenas nos mês de janeiro, data do último levantamento, 31 empresas deixaram de prestar serviços. Isso não leva em consideração, ainda, dados referentes a fevereiro e março, o que fará com que os dados sejam ainda mais temerários.

Atualmente, na cidade, o número de empresas ativas é de 14. 762. O setor mais volumoso é o de comércios e serviços, com 6.088 postos ativos. Logo depois, ás áreas de alimentação, transporte, indústrias de transformação e construção puxam as primeiras fileiras. No outra extremidade, os setores de arte, cultura e educação são os menos numerosos no que diz respeito à atuação empresarial.

Nacional

Estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) no início de fevereiro mostrou o fechamento líquido de 95,4 mil lojas com vínculo empregatício em 2015. Os números representam um balanço final do ano, de acordo com os dados de dezembro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência Social. O volume corresponde a uma retração de 13,4% nos estabelecimentos comerciais que empregam ao menos um funcionário. Nem mesmo as grandes lojas do varejo foram poupadas: nos últimos 12 meses, esses estabelecimentos registraram recuo de 14,8%.