Desocupados usam carros abandonados como moradia e falta de vagas continua


Por Redação JB Litoral Publicado 26/08/2016 às 17h03 Atualizado 14/02/2024 às 15h43

Desocupados e moradores de rua usam os carros abandonados como moradia. Foto: JB

O impasse acerca das vagas de estacionamento no Mercado Municipal “Nilton Abel de Lima” parece estar perto do fim. Com vagas destinadas a usuários dos comércios oferecidos no espaço, na prática, o local acomoda também carros de moradores oriundos da Ilha dos Valadares, o que gera descontentamento por parte dos permissionários e confusão sobre os critérios para distribuição de espaço.

Inaugurado pelo Ex-prefeito José Baka Filho (PDT), em 2009, com a finalidade de acondicionar comerciantes e os permissionários que tiveram de deixar o antigo “Ferradura”, em razão da construção do Aquário Marinho Municipal, o Mercado Nilton Abel de Lima surgiu como opção gastronômica e um centro comercial diversificado, voltado ao atendimento da população de Paranaguá e dos turistas. Sete anos depois, o local se destaca pela ampla diversidade no que diz respeito ao ramo de alimentação e variedades, porém um aspecto segue como elemento uníssono de reclamação por parte de comerciantes e usuários: as vagas de estacionamento, principalmente por parte dos moradores da Ilha dos Valadares que, diante da ausência de outro local para acomodar seus veículos, lançam mão das instalações do Mercado Novo para garantir a segurança de seus carros.

Para o permissionário Marcos Caggiano, proprietário do Restaurante Divina Gula, no segundo andar do Mercado Nilton Abel de Lima, algumas situações nos últimos anos tornaram conflituosa a disputa por espaço no local.

“Somos comerciantes e necessitamos do público todos os dias para que tenhamos condições de manter nossas portas abertas. Porém, percebo que há uma postura desleal em relação aos permissionários que aqui trabalham. Diariamente, sofremos com a dificuldade em relação ao estacionamento.

Apesar de o local ser bem amplo para acondicionar os veículos, sofremos a ocupação de indivíduos que não utilizam as dependências do mercado e apenas aproveitam o espaço vago. É preciso que o poder público intervenha e aja para nos ajudar, pois do contrário continuaremos sendo prejudicados.

Todos os dias o estacionamento está cheio, mas apenas 10% deste público correspondem a pessoas que frequentam nossas lojas. E é fato que, quando o consumidor não acha uma vaga aqui perto, ele acaba optando por outro lugar e isso nos prejudica de forma muito danosa”, lamenta.

 

Carros abandonados com usuários de drogas e mendigos

 

Ainda de acordo com o empresário, a morosidade do Poder Público tem interferido diretamente em resoluções que possam contribuir com a otimização das vagas do estacionamento. Para Caggiano, estratégias adotadas em outras cidades litorâneas devem ser adotadas na cidade.

“Tudo depende da vontade de agir no sentido de estabelecer critérios para uso das vagas. Vejo que em cidades de Santa Catarina, situações como esta são resolvidas de forma inteligente, com estabelecimento de descontos para quem usa o estacionamento para usufruir das opções que o espaço oferece, bem como instalação de cancelas que são controladas por guardas municipais a fim de controlar a entrada e saída de veículos, garantindo que quem estaciona por aqui vai, efetivamente, usar de forma consciente o local”, comentou.

De acordo com Marcos Caggiano, uma das possibilidades seria a instalação do Programa de Estacionamento Regulamentado (PERTO), com o intuito de garantir a devida rotatividade no local, além da terceirização, a fim de que os problemas fossem minimizados. Para o comerciante, nos últimos meses, a situação se agravou, já que não há nenhuma fiscalização, o que contribui para a desordem no espaço.

“Tenho percebido que, além do baixo movimento no mercado, o que contribui negativamente no orçamento de cerca de 80 famílias que dependem das atividades do local, é que não há nenhuma ação por parte da prefeitura para poder minimizar essas mazelas.

Diante disto, nos últimos meses, tenho percebido o uso indiscriminado das vagas de estacionamento, além da presença de veículos abandonados que estão servindo como moradia para usuários de drogas e mendigos e até mesmo barcos inutilizáveis estão sendo abandonados por aqui.

Tudo isto desestimula a presença de clientes e turistas, o que é lamentável por se tratar de uma região com forte vocação turística, mas que tem sido deixada de fora da pauta da administração municipal”, dispara.

Em reportagem veiculada pelo JB no primeiro semestre, o problema foi trazido à tona. Na ocasião, a administração municipal afirmara que existiam “estudos neste sentido sendo feitos por meio do Departamento Municipal de Trânsito (Demutran) e secretarias afetas ao local”. Porém, até agora, nada foi feito para regularizar o atual quadro. Nesta semana, o jornal irá procurar novamente a prefeitura para saber se há possibilidade de instalação do PERTO no local, além da necessidade de implantação de outros mecanismos que possam organizar as vagas de estacionamento do Mercado Municipal.
 

Estacionamento lotado e bares e restaurantes continuam vazios no Mercado. Foto: JB