Direção da UFPR Litoral critica Temer pela precarização do ensino público superior


Por Redação JB Litoral Publicado 28/10/2016 às 06h30 Atualizado 14/02/2024 às 16h47

Legenda: UFPR Litoral, com 11 anos de idade, foi inaugurada pelo Ex-presidente Lula do PT. Foto: UFPR Litoral.

Na última semana, a direção do Setor Litoral da Universidade Federal do Paraná (UFPR) divulgou uma carta aberta para toda a comunidade do litoral paranaense, onde criticou fortemente as consequências dos cortes do ensino superior público pretendidos pelo Presidente Michel Temer (PMDB). Segundo o documento, as propostas do atual governo irão causar na universidade litorânea um impacto “imediato, severo e devastador”, com corte de vagas para os alunos da região. Além disso, de acordo com a direção, as ações de Temer “irão prejudicar os serviços públicos, os trabalhadores assalariados e informais, aposentados, além dos beneficiários de programas sociais”.

O documento histórico conclama toda a sociedade litorânea a defender o ensino público, a própria instituição e as conquistas obtidas pela universidade nos seus 11 anos de existência. Ela foi criada na época do Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em mensagem direcionada à comunidade acadêmica, às servidoras e servidores docentes, bem como ao setor técnico-administrativo, a direção da universidade ressalta que “as homenagens devidas nestas datas (dia do professor) exigem que falemos do sentido mais profundo de nossa condição de servidores públicos. Condição por meio da qual nos revelamos não apenas integrantes de uma mesma categoria de trabalhadores, mas especialmente como trabalhadores cuja relevância se vincula àquilo que a sociedade brasileira propõe de dignidade aos seus cidadãos e cidadãs. Nossa existência se justifica nas lutas históricas que as gerações anteriores travaram em nossa sociedade para conquistar direitos sociais, como o acesso à educação em todos os níveis de ensino, incluindo o ensino universitário público e gratuito”, completa.

“A UFPR Litoral, nestes 11 anos de existência, sempre teve, em seus docentes e técnico-administrativos, pessoas comprometidas e conscientes daquilo que este projeto institucional representa para os territórios do litoral paranaense e suas gentes. Desde a instalação deste campus da UFPR, na cidade de Matinhos, somaram-se mais de duas centenas de pessoas que, juntas com as comunidades, vivem o desafio de materializar um Projeto Pedagógico caracterizado pela transformação da educação e da realidade social. São estas servidoras e servidores públicos que, ao lado dos estudantes, dos atores locais e de suas instituições, atuam para construir uma experiência de ensino superior que seja inclusiva e transformadora. Que assume o desafio de ser, ao mesmo tempo, democrática, qualificada e inovadora”, acrescenta a nota.

 

Sobre a PEC 241 e o ensino superior: só há riscos

 

Segundo a direção do instituto superior de ensino, há a necessidade de alertar a comunidade litorânea e estudantes, da gravidade do momento atual brasileiro. “É com extrema preocupação que recebemos as políticas anunciadas pelo Governo Federal e mudanças propostas na Constituição Federal, por meio da PEC 241, como também de outras medidas e projetos em andamento (como a MP 746). Já é público para a sociedade brasileira que tais legislações e políticas irão prejudicar os serviços públicos, os trabalhadores assalariados e informais, aposentados, além dos beneficiários de programas sociais. Em nome de um pretenso controle de gastos, serão comprometidos os investimentos em serviços públicos, incluindo a educação”, completa a nota.

Especificamente com relação ao viés universitário, a universidade ressalta que, em todas as análises realizadas, foi notado um impacto negativo na entidade. “Pelo anúncio de corte de recursos para investimentos e de bolsas estudantis, de não reposição de vagas de servidores, além da preparação de cortes de vagas nas universidades federais, o governo indica claramente seu objetivo: que a educação superior seja privilégio apenas de certas classes sociais, que poderão pagar mensalidades em instituições privadas ou acessar escassas e elitizadas vagas que restarem em universidades públicas”.

“Diante deste cenário preocupante, de imposição de políticas conservadoras, o Setor Litoral da UFPR figura como alvo vulnerável justamente porque nossa instituição resulta de uma conquista importante da sociedade: a expansão e interiorização das universidades para fora das capitais, bem como, a ampliação de cursos e de vagas, em horários acessíveis para a população trabalhadora. Assim, orientamos fortemente toda nossa comunidade ao diálogo e ao posicionamento coletivos, seja fazendo uso da vitalidade e dinamismo de nossos espaços pedagógicos, bem como na construção de novos espaços comuns”, explica a nota.

Segundo a direção da UFPR Litoral, o momento é de defesa coletiva e conjunta entre colegas de profissão e de serviço público, defendendo o acesso universal e qualificado à educação e produção do conhecimento, algo que inclusive é previsto na Constituição Federal. “Que continuemos a construir, juntos com as populações do litoral, experiências e ferramentas de análise crítica e de compreensão da sociedade brasileira e de seus dilemas atuais”, acrescenta.

 

 

Fonte:Com informações da UFPR Litoral e Correio do Litoral.