DNIT diz que acesso na BR-277 existente há 46 anos é irregular e ilegal em Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 08/11/2015 às 06h00 Atualizado 14/02/2024 às 10h50

Inaugurada em março de 1969 pelo governador Paulo Pimentel, a BR-277, conhecida na época como “Grande Estrada”, possui 730 km de extensão com início no porto de Paranaguá e término na Ponte da Amizade, na cidade de Foz do Iguaçu.

Sua construção fez o elo do porto com o Paraná e favoreceu o escoamento das safras agrícolas, gerando os recordes da exportação e trazendo divisas ao Paraná. Entretanto, a partir de sua utilização, moradores da região do Emboguaçu tiveram o acesso com a cidade dificultado pelo isolamento do bairro, que já sofria com a convivência diária das manobras da malha ferroviária.

Entretanto, para minimizar os impactos criados pelo trânsito de veículos foi feito um acesso que permitiu a travessia para o centro da cidade e bairros da região do Posto Fiscal. Assim, como alternativa aos moradores da região e aos prestadores de serviços (inclusive os essenciais, como Corpo de Bombeiros, polícias militar, civil, federal e Siate), surgiu a travessa Sezinando Benkendorf.

No último feriado municipal de 7 de outubro, atendendo solicitação da prefeitura, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), realizou o fechamento do acesso à Travessa Sezinando Benkendorf, na BR-277. Porém, na madrugada de quinta-feira (29), cerca de 200 moradores dos bairros do Emboguaçu, Vila Nova Primavera, Vila do Povo e Vila São Carlos, munidos de máquinas, picaretas, carrinhos de mão e pás reabriram o acesso.

Após a reabertura, a superintendência do DNIT se manifestou sobre o assunto na imprensa e, surpreendentemente, afirmou que a entrada que existe ali há 46 anos é irregular. Ao longo de mais de quatro décadas o órgão jamais tomou a iniciativa de corrigir a suposta irregularidade e só o fez depois do pedido da administração municipal e, em tempo recorde, usando, inclusive, um feriado para realizar a “obra”.

O DNIT disse ainda que quem promoveu “a medida foi inconsequente e irresponsável”, mesmo assumindo uma suposta irregularidade e ilegalidade do qual é conivente há mais de 40 anos. A superintendência alegou que o trecho possui “a presença de veículos pesados ou leves, além de ciclistas e motociclistas, buscando entrar ou sair de um dos lados da avenida de forma irregular, o que pode gerar, a qualquer momento, um acidente”.
Este argumento chama a atenção pelo fato de somente após a reabertura pelos moradores, o DNIT temer por acidentes em um acesso o qual seu uso é permitido há mais de 40 anos na rodovia federal. No final da nota, o órgão informa que o acesso será novamente fechado e ameaça os autores da reabertura com processo na justiça.