Documentos apontam que Beto Richa teria se beneficiado de licença ambiental ilegal


Por Redação JB Litoral Publicado 31/03/2017 às 17h55 Atualizado 14/02/2024 às 20h40

Documentos apresentados pelo Ministério Público (MP), aos quais a RPC teve acesso, apontam que o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), e a família dele teriam se beneficiado de supostas fraudes envolvendo o porto de Paranaguá.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) autorizou, na quinta-feira (30), a abertura de um inquérito para investigar “suspeitas de corrupção na concessão de licença ambiental pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP)”. Ele nega as acusações.

Os promotores afirmam que cinco funcionários do IAP formavam uma quadrilha que atendia aos interesses de empresas na concessão de licenças ambientais ilegais – entre eles, o presidente do Instituto, Luiz Tarcísio Mossato Pinto.

Uma dessas licenças foi dada à empresa Green Logística, para a construção e um estacionamento de caminhões. A área de Mata Atlântica é vizinha de um parque nacional e tem espécies em extinção.

Os promotores passaram a investigar como a empresa conseguiu licença para fazer um estacionamento numa área de mata, já que isso, segundo o Ministério Público, é proibido por uma lei federal.

Os promotores descobriram que a Green Logística comprou o terreno em 11 de dezembro de 2013, ainda antes de ter a licença.

Pouco mais de um mês depois, ainda segundo o MP, o governador Beto Richa assinou um decreto criando o eixo modal de Paranaguá, uma área que inclui o terreno do estacionamento.

Pelo decreto, o local passou a ser de utilidade pública, o que, de acordo com as investigações, flexibilizou as restrições de caráter ambiental. Também foram autorizadas diversas atividades, como o estacionamento de veículos.

Segundo o MP, essas atividades não são de utilidade pública nem de interesse social.

Em 24 de fevereiro de 2014, o IAP liberou a licença prévia para a obra do estacionamento.

No pedido de investigação à Procuradoria-Geral da República, os promotores do Paraná citaram o depoimento de um dos funcionários do IAP que assinaram relatórios autorizando o estacionamento.

O homem afirma que a aprovação dos pleitos da Green Logística atenderia a interesses do governador Beto Richa e sua esposa.

Os promotores dizem que há indícios que a Green Logística faz parte de um grande grupo empresarial com diversas empresas que pertencem às mesmas pessoas.

No quadro de sócios de uma dessas empresas estariam a mulher do governador, Fernanda Richa, e os filhos Marcelo, André e Rodrigo.
 

Os promotores afirmam ainda que o nome da empresa, BFMAR, seria referência às iniciais Fernanda, Marcelo, André e Rodrigo e que não há como não se cogitar que o “B” seja de Beto Richa.
 

Outro lado

Em nota, o governador Beto Richa disse que considera absurda a denúncia que envolve o seu nome e de familiares relacionadas à concessão de licença pelo IAP à empresa Green Logística.

A defesa de Luiz Tarcístio Mossato Pinto afirmou que se manifesta apenas nos autos do processo.

A reportagem entrou em contato com a BFMAR, mas a funcionária que atendeu a ligação disse que não poderia dar nenhuma informação.

O advogado da Green Logística, Carlos Alberto Farracha de Castro, informou que a empresa foi constituída legalmente na Junta Comercial e que não tem vínculo com o governador Beto Richa ou com parentes dele. Disse, ainda, que as decisões na Justiça Federal suspenderam os autos de infração aplicados e que a empresa não praticou crime ambiental.

O Instituto Ambiental do Paraná informou que os processos de licenciamento seguem as legislações estadual e federal e critérios para a concessão de licenças e que a regularidade do processo em questão vai ser comprovada.

Segundo o IAP, todos os funcionários em questão seguem trabalhando e, antes desse caso, não havia nenhuma denúncia contra eles. O IAP também não vê nenuma irregularidade no licenciamento do empreendimento.

 

Fonte: G1 Paraná