Editorial – Um golpe para entrar para história


Por Redação JB Litoral Publicado 18/04/2016 às 12h22 Atualizado 14/02/2024 às 13h10

Mais uma vez o Brasil entra para história mundial de forma vexatória, como o único que tirou do poder sua presidente pelo “crime” da impopularidade, patrocinado pelo capital e por aqueles que jamais se conformaram com uma classe média e baixa cada vez mais emergente desde 2003.

A Câmara Federal conseguiu no domingo dar consistência a célebre frase do diplomata brasileiro, Carlos Alves de Souza Filho, erroneamente atribuída ao presidente francês Charles de Gaulle, que “o Brasil não é um país sério”. Porque nos países sérios, um impeachment começa pela constatação de um crime de responsabilidade para dar início a um processo político institucional e, no Brasil, mesmo fazendo o inverso, não se conseguiu encontrar crime algum cometido pela presidente Dilma Rousseff.

Mas a vida segue e o impeachment não acaba com a saída da presidente, pois se houve crime ainda faltam julgamento e sentença, caso contrário o golpe será comprovado. É isso que se espera de quem a tirou, que se dê sequência ao processo e, agora, a cidadã Dilma Rousseff pague pelo crime pelo qual já foi punida.

Penso que ela foi vítima da união de setores irritados e que foram à forra, como postou o professor acadêmico Cilmar Tadeu no sábado: “Dilma vetou reajuste de 70% ao Judiciário (irritou a justiça), Dilma vetou a precarização do trabalho (irritou a FIESP), Dilma vetou o financiamento privado de campanha (irritou os propineiros), Dilma deu liberdade a PF e não interferiu na Lava Jato (irritou os corruptos) e Dilma negou apoio a Eduardo Cunha para a presidência da Câmara (irritou Cunha e seus deputados asseclas)”.

Estes foram os crimes da presidente que a tiraram do poder e marcaram com lama a Constituição, a bandeira do Brasil e jogaram na lata de lixo o voto de mais de 54 milhões de brasileiros.

E que Deus nos ajude a partir de agora, que tudo vai “melhorar”.