Famílias de vítimas reclamam de falta de assistência após acidente PR


Por Redação JB Litoral Publicado 07/07/2016 às 15h07 Atualizado 14/02/2024 às 14h29

Robson Novakoski é irmão Ana Carolina Novacoski, de 43 anos, uma das seis vítimas fatais do acidente com um caminhão-tanque em Morretes, no litoral do Paraná, no início da noite de domingo (3). Quatro dias depois da tragédia, ele diz que a família não recebeu suporte da empresa responsável pelo caminhão.

“Eles têm divulgado na TV que têm prestado toda a assistência, mas é mentira. Quando a gente vê essa nota, essa afirmação, é mais uma facada, mais uma dor. É uma afronta a empresa ter coragem de ser tão cruel, de mentir em rede nacional, dizendo que está prestando apoio”, afirma.

Já Deusedino Cunha, pai de Anderson Luiz Cunha, de 36 anos, e avô de Gabriel Cunha, de 13 anos, ambos mortos no acidente, diz ter recebido ligações apenas da assistente social da empresa responsável pelo caminhão.

“Eles dizem que estão agilizando as coisas para que tudo isso termine logo”, afirma. Andrea Cunha, irmã de Anderson e tia de Gabriel, confirma. “Eles disseram que vão dar todo o apoio à família, agilizar a questão do DNA, mas, de concreto, não tem nada por enquanto. A gente só quer que tudo se resolva da maneira mais rápida possível”, afirma.

A Concórdia Logística S.A, empresa proprietária do caminhão-tanque, preferiu não se manifestar novamente e manteve a nota oficial, emitida na segunda-feira (4), em que diz que lamenta o acidente, que tem apoiado as vítimas e familiares envolvidos e que auxilia nas investigações.

Corpos ainda não liberados

As famílias de Ana Carolina e de Anderson e Gabriel ainda não sabem quando poderão velar e enterrar os corpos.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública doParaná, como as vítimas foram carbonizadas, os corpos serão liberados após exame de DNA. Não existe prazo para o resultado, que depende da qualidade da amostra.

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que o exame de DNA é realizado em três etapas: extração, amplificação e detecção. O resultado é obtido depois da última parte.

A inexistência de estimativa quanto à data do resultado do exame está atrelada à condição das amostras coletadas. Em condições perfeitas, o resultado pode sair em uma semana.

Se aparecer algum complicador, porém, o tempo pode ser superior maior. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o nível de carbonização dos corpos é elevado, sendo quase uma incineração, o que dificulta a realização do exame.

O exame é realizado pelo Laboratório de DNA da Polícia Científica, em Curitiba.

Bebê sobrevivente

Por causa do acidente também morreram Caroline Fernanda Grassmann Martins, de 22 anos, e Luiz Carlos Silva, de 26 anos, pais da recém-nascida Maria Fernanda. Antes de morrer, o pai tirou a filha do carro e a deixou em um local seguro com o dentista Sérgio Schacht, que a entregou para um dos bombeiros que trabalhava na ocorrência.

No dia do acidente, a criança tinha 17 dias. Segundo a bisavó materna, Zenilda Grassmann, o casal foi para Morretes para que a família pudesse conhecer Maria Fernanda. Ela conta que os pais estavam felizes com a chegada do primeiro filho. “Estavam tão felizes os dois, tão felizes com essa criancinha, meu Deus, misericórdia, a gente não entende, não entende o que aconteceu”, lamentou.

A menina está com a avó materna, que pretende pedir a guarda definitiva da neta.

Homicídio doloso

O motorista do caminhão-tanque que se envolveu no acidente ficou preso por dois dias. Ele, que não se feriu, foi solto após pagar fiança de R$ 8.800,00.

Segundo a Polícia Civil, o motorista, que tem 43 anos, disse em depoimento que o painel do caminhão-tanque havia sinalizado falha no freio e mesmo assim seguiu viagem. De acordo com as investigações, o dono da empresa permitiu que o motorista usasse o caminhão, mesmo com problemas.

Um inquérito foi aberto, e o motorista foi autuado por homicídio doloso, com dolo eventual. “Embora ele não quisesse produzir o resultado diretamente, ele tinha condição de prever esse resultado e de evitá-lo, assim ele assumiu o risco de produzi-lo”, disse o delegado Antônio Cesar Pereira dos Santos.

A polícia deve começar a ouvir as testemunhas nesta quarta-feira (6). O prazo para conclusão do inquérito é de 30 dias. O caminhoneiro teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa.

“Estamos no aguardo dos laudos do IML, do laudo do Instituto de Criminalística acerca da dinâmica do acidente, da perícia dos veículos, que foram destruídos no acidente, em especial, do caminhão, e outras diligências e o boletim da Polícia Rodoviária Federal (PRF)  para termos o número oficial de vítimas”, explica o delegado.

Fonte: G1