GRAVE DENÚNCIA Vídeos e fotos mostram que Silão da APPA está cheio de possíveis focos de dengue


Por Redação JB Litoral Publicado 22/01/2016 às 09h00 Atualizado 14/02/2024 às 11h55

Uma série de fotos e vídeos feitos recentemente e enviados à redação do JB denunciam uma perigosa situação próximo ao Silo Vertical de 100 mil toneladas, onde fica o Corredor de Exportação da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), em Paranaguá.

Dois vídeos mostram que a estrutura lateral do reservatório está com muita água acumulada e parada, inclusive ao lado do muro que separa o Corredor de Exportação e pontos abaixo das dalas transportadoras. Os locais filmados mostram condições temerárias ao lado da moega do Silão, onde trabalhadores portuários avulsos (TPA’s) do Sindicato dos Arrumadores descarregam os caminhões de farelo de soja, soja e milho. Há ainda outro vídeo que foca um denso matagal próximo aos armazéns que, possivelmente, também é um banhado. A sujeira nestes lugares é tamanha que até urubus são vistos voando sobre a água parada. [tabelas]
Nas fotos, por sua vez, é possível ver pneus acorrentados, maquinários, equipamentos e veículos, inclusive caminhões e tratores, em desuso e enferrujados, com vestígios de água parada em seu interior. Até mesmo um banheiro químico inativo se encontra embaixo da dala do Silão.
Diante da gravidade da situação, proporcionada pelas fortes imagens dos três vídeos e a condição de epidemia que vive a cidade, a reportagem do JB procurou a APPA, através da Assessoria de Comunicação, para saber o que está ocorrendo no local e o que a autarquia está fazendo neste sentido.

APPA se omite e não informa

Preocupado com os riscos a que estão sujeitos trabalhadores portuários e TPA’s, o JB enviou à Assessoria de Comunicação, com cópia para o único Diretor da APPA com vínculo na cidade, Lourenço Fregonese, cinco questionamentos sobre a denúncia recebida. Foram eles: a Appa tem mantido equipamentos e pneus em desuso que podem conter acúmulo de água. Neste momento de epidemia, por que não se dá destinação a este material? Por que vem sendo mantido um banheiro químico embaixo da dala do Silão que pode ter água acumulada? A Appa tem feito a manutenção e limpeza destes materiais em desuso? Diversos veículos sem utilização também estão esquecidos no interior da faixa primária, por que de sua manutenção no local até o momento? Na área interna de suas instalações, o que a Appa tem feito para contribuir com a redução dos focos de dengue na cidade?
Mesmo com o combate que a prefeitura e a população vêm travando contra os focos de proliferação da dengue na cidade, até o fechamento desta edição a Assessoria de Comunicação e o diretor Fregonese não responderam os questionamentos, que poderiam elucidar estas situações e informar possíveis providências.

APPA combate a dengue em Guaratuba

Sem informação da empresa estatal sobre o combate à dengue e esta grave situação denunciada, a reportagem do JB constatou que, desde quinta-feira (14), a autoridade portuária está empenhada no combate à doença na cidade de Guaratuba, através de um mutirão de prevenção e divulgação das ações de combate à doença nos estabelecimentos comerciais do litoral.

O mutirão chamado de “Patrulha de Combate à Dengue”, além de Guaratuba, cuja prefeita Ivani Justus (PSDB) é cunhada do deputado estadual Nelson Justus (DEM), da bancada de apoio ao governador Beto Richa (PSDB) na Assembleia Legislativa, a APPA desenvolveu ações na sexta-feira (15) no município de Matinhos e, hoje, segunda-feira (18), estará em Pontal do Paraná.
Nesta semana, a “Patrulha de Combate à Dengue” da empresa fará ações programadas nas cidades de Morretes, Antonina e Guaraqueçaba, cujos prefeitos apoiaram publicamente a reeleição do atual governador em 2014.

Ainda no site da estatal existe a informação que a APPA realiza ações de pulverização diária com retorno a cada três dias em locais como Vila Becker – mostrado na reportagem da edição passada -, Vila da Madeira, Sindicato dos Trabalhadores Portuários (Sintraport), pátio de triagem, área de extensão do pátio de caminhões da Vila da Madeira, faixa primária, áreas de transbordo, divisões de manutenção do porto e faixa próxima ao Silo Público, local de onde partiu a grave denúncia ao JB.

Prefeitura diz que responsabilidade é da APPA

O JB procurou a prefeitura para saber o que pode ser feito para checar esta denúncia e tomar providências no sentido de por fim aos possíveis focos de proliferação de dengue.
De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Luiz Fernando Gaspari de Oliveira Lima, diante de qualquer denúncia grave da existência de possíveis criadouros da dengue, seja na área urbana ou na faixa portuária, a pasta poderá atuar eliminando resíduos sólidos e com serviço de limpeza pública. Apesar disso, Gaspari afirma que a responsabilidade pela faixa portuária é da APPA, que possui inclusive um setor relativo ao meio ambiente, com atuação na limpeza da faixa portuária.