“Hospitalidade e criatividade é a receita do sucesso do carnaval de Antonina”, diz Bó


Por Redação JB Litoral Publicado 12/02/2017 às 20h35 Atualizado 14/02/2024 às 17h47

Exatamente 42 anos após esbanjar criatividade e bairrismo com seu inesquecível “Carnaval no Mar”, que transformou a Avenida do Samba na maior pescaria do mundo e o Rei Momo se fez de Neptuno, o novo Secretário de Cultura e Turismo, Eduardo Nascimento, conhecido em Antonina e em todo Paraná, como Eduardo Bó, encara o mesmo desafio de 1975, fazer a folia de Momo sem nenhuma verba em um início de gestão em Antonina.

Professor aposentado do Departamento de Design da UFPR, artista Plástico de formação, Design Gráfico e fotógrafo de devoção, Bó participou ativamente da vida cultural e artística do Paraná, desde a década de 80.

Integrante da equipe que criou a Secretaria de Estado da Cultura, Esporte e Turismo em 1982, Bó participou de inúmeras comissões organizadoras de eventos de artes plásticas por todo o Paraná. Em 1977, como presidente do Centro Acadêmico da EMBAP, realizou o 9º Encontro de Arte Moderna da EMBAP em Antonina que, após 14 anos, se tornou referência na criação do Festival de Inverno da UFPR em 1991, sendo um dos seus idealizadores e coordenador por seis edições.

Ao retornar para sua cidade natal, em 2005, foi Secretario de Turismo e Esporte, por apenas 11 meses. Antes, porém, por participar do carnaval da cidade desde criança, como folião ou organizador da festa, fez enredos e, em 1996, foi homenageado pela Escola de Samba do Batel, que contou sua história na avenida.

Hoje, compõe a equipe de governo do Prefeito José Paulo Vieira Azim, na pasta de Turismo e Cultura e, nesta entrevista ao JB fala um pouco de tudo.

 

JB – Como você caracteriza o Carnaval de Antonina?

Bó – Por sua diversidade, criatividade e alegria contagiante. Temos um pouco de tudo: Escolas de Samba, Blocos Folclóricos e Carnavalescos, Concurso de Escandalosas e os Bailes Públicos. Cada um em seu quadrado e misturado.

 

JB – Qual a informação que você tem sobre a evolução do Carnaval ao longo dos anos?

Bó – Como tudo na vida, tem seus altos e baixos momentos. Do início da simplicidade dos Blocos Carnavalescos e familiares, do Corso (1930) até o auge dos anos oitenta e noventa, com o glamour das Escolas de Samba. A chegada dos Bailes Públicos, gerados pela presença dos Trios Elétricos mudou, até então, o formato no final dos anos noventa.

 

JB – A que você credita o título de Antonina fazer o Carnaval mais animado do Paraná?

Bó – Creio que é sua diversidade, a maneira ordeira do nosso folião e nossa hospitalidade. As últimas edições se preocuparam em cativar um público diferenciado. Os que vêm e lotam nossos hotéis e moradias, durante todo o período de momo.

 

JB – Qual a história das principais escolas de samba da cidade?

Bó – As duas maiores e tradicionais são a Escola de Samba Filhos da Capela e a do Batel – que este ano completa cem anos (a Capela completará em 2018). Começaram como simples Blocos Carnavalescos e, na década dos anos oitenta, tomaram corpo de Escolas de Samba (alas, alegorias, enredos… etc.). Também fazem parte da nossa história a Escola de Samba Império da Caixa D’água (extinta), a Batuqueiro do Samba, do Portinho, Leões de Ouro e a Brinca Pra Não Chorar (se a memória me traiu me perdoem).

 

JB – Para você qual foi o Carnaval inesquecível na cidade?

Bó – Particularmente foi em 1975 (na simplicidade do tempo dos valores), onde fui convidado pelo Prefeito Joubert Gonzaga Vieira a organizar a festa. Verba nenhuma. Criamos um tal de “Carnaval no Mar”, onde o Rei Momo se transformou em Neptuno, chegou de canoa no trapiche municipal e foi recepcionado pelos blocos carnavalescos. Os troféus foram feitos com casquinhas de siri e a decoração da Avenida do Samba com redes de pesca. Era o que tínhamos para o momento.

 

JB – Como surgiu o tradicional Desfile das Escandalosas?

Bó – Foi criado pelo radialista Jose Maria Storache Filho, da Rádio Antoninense, nos anos setenta (não tenho precisão), como “Concurso da Mais Charmosa”. De lá pra cá são mais de quarenta anos, e houve uma enorme evolução na participação do público. Sem dúvida alguma, a segunda-feira de carnaval, o Dia das Escandalosas, é um dos pontos altos da festa.

 

JB – Como está sendo fazer um Carnaval de início de mandato, com dificuldade de recursos para logística?

Bó –  Muito difícil. Apesar de que podemos contar com o apoio dos funcionários de carreira (em especial ao Cezar Broska) na parte de procedimentos e planejamento. E no esforço concentrado da equipe na solução dos problemas. Sabemos que cometeremos um montão de equívocos, mas ano que vem, com mais tempo poderemos planejar e promover um evento ainda melhor.
 

JB – Quais os principais atrativos e novidades para este ano?

Bó –  As novidades são poucas, mais conceituais e comportamentais. Apostamos na participação como maneira propositiva. Grande parte das ações está sendo discutidas com uma Comissão, formada por pessoas com disposição espontânea.  Acho que a grande diferença estará na qualidade musical dos bailes públicos, que serão abrilhantados pela Banda 50°, formada (inédito) por músicos da nossa premiadíssima escola musical (Filarmônica Antoninense). Programamos melhor a avenida, priorizando o público. Toda parte de alimentação será concentrada no calçadão da Praça Cel Macedo, com sinalização e regras bem definidas de higiene e atendimento. Para não ficar apenas na festa, estamos promovendo uma Oficina de Máscaras Carnavalescas, onde as pessoas poderão aprender e desenvolver técnicas aplicadas, cuja produção irá decorar a avenida do carnaval. A festa passa, mas a aprendizagem fica.

 

JB – Quais escolas e blocos estarão na Avenida do Samba?

Bó –  No sábado: Boi do Norte, Boi Barrozo, Dragão, Chafariz, dos Bonecos e Última Hora; no domingo: Escola de Samba do Portinho, Filhos da Capela, Leões de Ouro e Batel.

 

JB – O que o folião de todo o Paraná pode esperar do Carnaval “É pra lá que eu”?

Nossa hospitalidade. Uma cidade bonita e acolhedora. Um carnaval alegre, vibrante e seguro.