Comitê para Proteger Jornalistas (CPJ) nos EUA destaca atentado contra o JB Litoral


Por Redação JB Litoral Publicado 28/03/2018 às 20h34 Atualizado 15/02/2024 às 02h03

As autoridades brasileiras devem investigar imediatamente um recente atentado contra os escritórios do semanário independente Jornal dos Bairros, no Paraná, e levar os responsáveis à justiça, informou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Um pistoleiro não identificado disparou, por volta da meia-noite do dia 25 de março, pelo menos três tiros contra a sede do jornal na cidade de Paranaguá, quando a edição da semana ia ser impressa, de acordo com o editor do semanário, Gilberto Fernandes.

O Jornal dos Bairros informa principalmente sobre política local; Fernandes disse ao CPJ que já havia recebido ameaças anônimas relacionadas à cobertura do jornal.

“As autoridades brasileiras devem agir rapidamente para levar os responsáveis pelo ataque às dependências do Jornal dos Bairros à justiça e mostrar que os atentados à mídia não serão tolerados”, disse Natalie Southwick, pesquisadora associada do CPJ para a América Central e do Sul. “Este ato mais recente de violência é um lembrete gritante que o Brasil continua sendo um dos países mais perigosos da América Latina para os jornalistas.”

Um porta-voz da polícia civil do Paraná, que se recusou a fornecer seu nome, disse que uma investigação sobre o atentado está em andamento.

Fernandes declarou ao CPJ que estava em sua casa, que fica ao lado do escritório do Jornal dos Bairros, quando ouviu tiros.

O editor contou que acompanhou pelas câmeras de circuito fechado, dentro de sua casa, enquanto o atirador disparava contra o prédio do jornal. “Três [tiros] atingiram a porta de metal e quebraram a segunda porta de vidro [na entrada do prédio]. Se eu estivesse trabalhando, teria sido atingido pela bala ou pelos estilhaços de vidro”, disse ao CPJ. Alguém em um carro prateado transportou o atirador para e da cena, segundo Fernandes.

O editor falou ao CPJ que já havia recebido ameaças relacionadas à cobertura de notícias locais do jornal. Em setembro de 2017, um homem telefonou anonimamente para a casa de Fernandes e disse à filha dele que iria bater em seu pai, disse o jornalista. Em maio de 2017, um amigo avisou Fernandes que um grupo político que não gostava dos artigos do Jornal dos Bairros havia falado em atirar em seus escritórios. Fernandes afirmou que não denunciou as ameaças às autoridades.

“Temos uma linha editorial independente; fazemos o básico do jornalismo; ouvimos todos os lados e depois escrevemos os fatos. Não importa se é um professor, um prefeito ou um coletor de lixo falando”, disse Fernandes.

O Jornal dos Bairros é distribuído todas as segundas-feiras em Paranaguá e nas cidades vizinhas de Morretes, Antonina, Guaraqueçaba e na capital do Estado Curitiba, explicou Fernandes.

Em janeiro deste ano, dois jornalistas brasileiros foram mortos em um período de uma semana. A impunidade é generalizada no país, que ocupa o oitavo lugar no Índice de Impunidade do CPJ, e onde as autoridades não condenam ninguém pelo assassinato de um jornalista desde 2015.

Leia na íntegra:

Brazilian newspaper offices shot at by unidentified gunman

São Paulo, March 27, 2018–Brazilian authorities should immediately investigate a recent attack on the offices of the independent weekly Jornal dos Bairros in the southern state of Paraná and bring those responsible to justice, the Committee to Protect Journalists said today.

One unidentified gunman on March 25 around midnight fired at least three shots at the paper’s main office in the city of Paranaguá as the week’s edition was going to print, according to the paper’s editor, Gilberto Fernandes.

Jornal dos Bairros mainly reports on local politics; Fernandes told CPJ he had previously received anonymous threats relating to the paper’s coverage.

“Brazilian authorities must act swiftly to bring those responsible for the attack on Jornal dos Bairros offices to justice and show that attacks on the media will not be tolerated,” said Natalie Southwick, CPJ’s Central and South America research associate. “This most recent act of violence is a stark reminder that Brazil remains one of Latin America’s most dangerous countries for journalists.”

A spokesperson for the Paraná state civil police who refused to give her name said an investigation into the attack was ongoing.

Fernandes told CPJ that he was at his home, which is located next to the Jornal dos Bairros office, when he heard gunshots.

The editor said he watched on closed circuit cameras inside his home as the shooter fired at the office building. “Three [shots] hit the metal door and broke the second glass door [on the building’s entrance]. If I had been working, I would have been hit by either the bullet or the flying glass,” he told CPJ. Someone in a silver car transported the shooter to and from the scene, according to Fernandes.

The editor told CPJ that he has previously received threats relating to the paper’s local news coverage. In September 2017, an anonymous man called Fernandes’ home and told his daughter that he was going to beat up her father, the journalist said. In May 2017, a friend warned Fernandes that a political group that did not like Jornal dos Bairros‘ articles had talked about shooting up its offices. Fernandes said he did not report the threats to authorities.

“We have an independent editorial line; we do the basics of journalism; we hear all sides and then write the facts. It doesn’t matter if it’s a professor or a mayor or a garbage collector who is speaking,” Fernandes said.

Jornal dos Bairros is distributed every Monday in Paranaguá and the neighboring cities of Morretos, Antonina, Guaraqueçaba, and Curitiba, Fernandes said.

Two Brazilian journalists were killed within a week of each other in January of this year. Impunity is widespread in the country, which ranks eighth on CPJ’s Impunity Index, and where authorities have not sentenced anyone for the murder of a journalist since 2015.