Mulheres de Paranaguá e litoral se unem em protestos contra Bolsonaro


Por Redação JB Litoral Publicado 02/10/2018 às 00h00 Atualizado 15/02/2024 às 04h58

Além da mobilização feminina massiva nas redes sociais, com quase 3 milhões e 900 mil mulheres reproduzindo e apoiando a hashtag #EleNão, atos públicos contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência tomaram conta de Paranaguá e de vários municípios no Brasil e no mundo, no último sábado (29). Na cidade, de acordo com a organização do evento, aproximadamente 400 pessoas do litoral estiveram presentes.

O eventoLitoral-PR contra o Inominável, no Facebook, organizado pela Rede de Mulheres Caiçaras, contava com 676 confirmações de presença e 2 mil pessoas interessadas, no dia 29. A caminhada teve concentração e início na Praça dos Leões e seguiu até a Praça Fernando Amaro.

De acordo com Ana Coutinho, participante do grupo e professora, o movimento começou nacionalmente, de forma espontânea, com atuantes de várias organizações, partidos, ou até mesmo sem partidos, que se organizaram coletivamente como uma forma de barrar a eleição do Bolsonaro.

“Nós não temos um único candidato, simplesmente acreditamos que o Bolsonaro não dá para aceitar como candidato, porque ele tem uma política fascista, uma política de violência. E nós estamos sempre à margem, somos as que mais sofrem com a violência”, declara.

Segundo Angélica Ripari, professora e também participante do movimento, o ato que aconteceu neste último sábado foi histórico. “É raro ver um momento de união tão grande em Paranaguá e no litoral. Este é o momento de nos unirmos e tentar agregar forças contra aquilo que entendemos que ameaça a nossa existência, nossa vida política, nossa voz”, diz. 

A Rede Caiçara surgiu do coletivo de moradoras em cidades do litoral do Paraná, com o intuito de promover rodas de conversa que reunissem todos os movimentos femininos. Emanuele Aguiar de Araújo é deficiente física e, devido à necessidade de conversar sobre as dificuldades que enfrenta, idealizou o grupo das Caiçaras. “O momento político exigiu que fizéssemos atos e mostrássemos que a política do Jair Bolsonaro não nos representa, é uma política excludente”, afirma.

Homens participaram do movimento

Angélica Ripari declara que as organizadoras do evento sofreram ameaças constantes de simpatizantes do candidato, afirmando que estariam no evento para tumultuar. “Tanto em Paranaguá quanto no Brasil existem aquelas que tiveram seus perfis nas redes sociais ‘hackeados’, teve uma moça no Rio de Janeiro que sofreu uma agressão por organizar o ato. Aqui também sofremos ameaças, por isso chamamos a Guarda Municipal para escoltar a Caminhada”, relata.

Apesar de o movimento se chamar Mulheres contra Bolsonaro, vários homens também participaram. “O movimento parte das mulheres, mas é uma luta por todos. A gente as representa, mas também o povo LGBT, os homens, os negros, as minorias. Então, todos que estão aqui participam de uma luta conjunta contra as práticas de exclusão existentes”, explica Emanuele.

Bolsonaro é líder nas pesquisas desde o início da campanha, com 27% de intenções de votos, segundo o Ibope. No entanto, o candidato se envolveu em discussões públicas com o sexo feminino e fez declarações que dividem opiniões e alimentam movimentos contrários à sua candidatura. Ainda de acordo com o Ibope, 44% de eleitores em geral e 50% das mulheres não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum.