Nas praias, casas de temporada dificultam o controle da dengue no litoral
Por Karla Brook
A 1ª Regional de Saúde de Paranaguá, que abrange os sete municípios do litoral, registrou 3.357 casos de dengue desde agosto de 2020, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). No mesmo período, três moradores da região perderam a vida por decorrência de complicações da doença.
Esse é um recorte da realidade do litoral quando se trata da dengue, principalmente nas cidades balneárias, Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná, onde grande maioria das casas ficam vazias depois que termina a temporada de verão. Entre várias questões que facilitam a procriação do mosquito transmissor da doença, estão as piscinas das casas de veraneio.
Na maior parte do ano as “casas de praia” ficam vazias e sem cuidados de manutenção. Com isso, as piscinas e calhas, entre vários outros ambientes e objetos, tornam-se o ambiente perfeito para o mosquito transmissor Aedes aegypti: água parada.
Um aposentado de 65 anos, morador de Matinhos, que preferiu não se identificar, relatou ao JB Litoral o que presencia nas praias paranaenses.
“A gente que mora no litoral tem conhecimento de várias piscinas e, principalmente calhas, em situação de abandono. Não há uma fiscalização severa sobre isso, pois a vigilância, na maioria das vezes, acaba olhando somente as casas que têm pessoas pra atender, o que não é o caso da maioria dos locais que precisam de atenção”, desabafou o aposentado.
De acordo com o relatório de dengue da Sesa, foram computados 15 casos de dengue no município de Matinhos, até o momento. No mesmo período do ano passado, foram 71. A maior dificuldade da prefeitura, para combater a doença, são, justamente, as casas de veraneio.
“A gente vem fazendo um trabalho de prevenção na cidade, mas nossa maior dificuldade são as residências fechadas. No entanto, fizemos parcerias com imobiliárias para que, durante todo o ano, possamos executar nosso trabalho nas casas de temporada”, explicou o coordenador de endemias de Matinhos, André Matsuzaki.
ALÉM DAS PRAIAS, UMA EPIDEMIA
Os municípios do litoral paranaense, como um todo, estão em alerta para os casos crescentes de dengue. Isso quer dizer que o problema não fica restrito nas cidades balneárias. Paranaguá e Antonina apresentaram alta nos primeiros meses de 2021 e a Secretaria de Estado da Saúde já classifica a situação como epidêmica.
Empresas que fazem parte da comunidade portuária também promovem atividades de combate ao mosquito. Terminais, operadores e prestadores de serviço têm um papel importante nas ações de prevenção e um compromisso com a saúde de trabalhadores, familiares e toda a população. De acordo com a Sesa, a parceria entre poder público e iniciativa privada é essencial para ampliar a capacidade e a área de atendimento.
Para combater a proliferação do mosquito transmissor da doença, a empresa pública Portos do Paraná mantém ações constantes de cuidado e prevenção. O plano de trabalho envolve limpeza, eliminação de criadouros, aplicação de larvicidas e atividades de conscientização.
Todos os dias são feitas inspeções diárias na área portuária. “Estamos em uma região com altos índices de temperatura e chuvas frequentes, o que faz com que se crie um ambiente propício para o desenvolvimento das larvas do Aedes aegypti. Por isso, nossas equipes fazem a vistoria de forma permanente”, diz o diretor de Meio Ambiente da Portos do Paraná, João Paulo Ribeiro Santana.