Paranaguá enfrenta falta de vacina contra meningite desde o ano passado
Considerada uma doença endêmica, ou seja, com casos esperados ao longo de todo o ano, bem como a ocorrência de surtos, a meningite é uma doença transmitida por via respiratória, por intermédio de gotículas de saliva expelidas pela fala, espirro, tosse, beijo ou compartilhamento de objetos pessoais. De acordo com o site Viva Bem, da UOL, entre 1.500 a 3 mil brasileiros são acometidos, todos os anos, pelo vírus.
A doença provoca sintomas como febre, dor de cabeça, náusea, vômito ou sinais de inflamação das meninges e, quando não diagnosticada de forma precoce, pode levar à morte ou deixar sequelas como surdez ou lesões cerebrais.
Uma das formas de prevenção é manter os ambientes ventilados, evitar aglomerações e não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos, talheres, canudos, entre outros, porém, a mais eficaz é a vacinação. No entanto, desde o ano passado, todos os Estados do Brasil vêm passando por uma falta de vacinas nos postos de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Da mesma forma, a 1ª Regional de Saúde do Paraná, que compreende os sete municípios do Litoral, tem enfrentado o desabastecimento da imunização. Mães que vão até a Regional em busca da dose para seus bebês têm ficado preocupadas com o atraso. “Eu vim no ano passado para dar a primeira dose no meu filho, que, na época, tinha três meses, mas eles informaram que não havia a vacina. Aos cinco meses, ele precisaria tomar a segunda dose, mas ele não tomou nem a primeira ainda e, até agora, aos sete meses, continua sem ela. Já são duas doses em atraso e, não por negligência minha, porque eu vou atrás de cuidar do meu filho”, diz a mãe Roseli Magalhães.
Sem previsão para normalizar a situação
No Calendário Nacional de Imunização, o Ministério da Saúde indica a vacinação meningocócica C para crianças com três meses de vida (1ª dose), aos cinco meses (2ª dose), um ano (3ª dose), ou para jovens de 11 a 14 anos, como reforço ou dose única.
Na rede particular de saúde, a vacina custa, em média, entre R$ 230 e R$ 280 a pneumocócica 13-valente; entre R$ 280 e R$ 350 a dose contra a meningite ACWY e, entre R$ 350 a R$ 780 contra a meningite B.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SESA), a falta de abastecimento não acontece apenas no Paraná, mas em todo o Brasil, desde janeiro de 2018. Não existe previsão para quando a situação será normalizada. “O Ministério da Saúde está disponibilizando um número menor de vacinas do que a demanda necessária e não informou quando a situação será normalizada. A orientação é que, antes de ir ao local de vacinação, se informe no seu município se a vacina está disponível”, comunica.
Vacinas devem ser entregues nesta semana
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, atualmente o órgão possui, em estoque, vacina meningocócica C. “Fomos informados pela 1ª Regional de Saúde que, nesta segunda-feira (11), serão entregues algumas doses. Desde novembro do ano passado, o abastecimento de imunobiológicos tem sido abaixo da necessidade”, esclarece. A Secretaria informa, ainda, que a distribuição das vacinas será feita às unidades no decorrer desta semana.
Secretaria de Saúde perdeu doses
Apesar da falta de vacinas na rede estadual de saúde, de acordo com o Vereador Jaime Ferreira dos Santos, o Jaime da Saúde, em Paranaguá, a situação tomou uma proporção muito maior. Ele afirma que, no ano passado, milhares de doses foram perdidas, na Secretaria Municipal de Saúde. “Estas doses foram jogadas fora, por incompetência do então secretário da pasta, Paulo Henrique de Oliveira, que já havia sido avisado, pela epidemiologia, que não estava sendo realizada a manutenção das geladeiras em que são acondicionadas as vacinas”, declara.
Ele diz que, após uma queda de energia, as vacinas foram perdidas, devido à falta de manutenção nas geladeiras onde são guardadas as doses, que não podem ficar sem refrigeração. “Hoje, eles estão aproveitando a situação que está acontecendo no Brasil, mas, em Paranaguá, houve, também, negligência”, afirma Jaime.
Segundo a Secretaria de Saúde, esta situação não ocorreu. “Todos os cuidados são tomados com relação ao armazenamento dos imunobiológicos, em geladeiras especiais e espaços climatizados, para garantir a qualidade e eficácia dos produtos. Em caso de queda de energia elétrica, há baterias nestes equipamentos, que garantem um período necessário para transferência”, informa.
Durante esta semana, o JB Litoral irá procurar a Secretaria de Saúde para esclarecer esta situação.