Petrobras quer vender 60% da REPAR-PR e poderá privatizar Transpetro em Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 27/04/2018 às 18h56 Atualizado 15/02/2024 às 02h34

Na quinta-feira, 19, a Petrobrás, por meio de notícia divulgada no seu portal, anunciou que a atual direção da empresa, nomeada pelo Presidente Michel Temer (MDB), pretende vender 60% das refinarias Presidente Getúlio Vargas (Repar-Paraná), em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba, assim como Abreu e Lima (RNEST-Pernambuco), Landulpho Alves (RLAM-Bahia) e Alberto Pasqualini (Refap-Rio Grande do Sul). Com o processo de venda, consequentemente, há a possibilidade imediata de privatização do Terminal de Paranaguá (TEPAR) da Transpetro.

A intenção seria manter a operação, exclusivamente estatal, nas unidades de refino do sudeste do Brasil. Segundo informe da empresa, a intenção deve ser seguir o modelo de privatização incluindo os denominados ativos logísticos, envolvendo dutos e de terminais, administrados pela Transpetro, incluindo a TEPAR de Paranaguá, que possui relação direta com a refinaria de Araucária. “O terminal aquaviário de Paranaguá opera interligado com a Refinaria Presidente Getúlio Vargas. O escoamento dos derivados é realizado por modais, rodoviário e ferroviário, e pelo oleoduto Araucária-Paranaguá (bidirecional). Ele também fornece bunker para navios no Porto de Paranaguá, terminal este operado pela subsidiária Transpetro”, informa o site da empresa, demonstrando a conexão direta entre os dois pontos. Ou seja, se privatiza a refinaria, consequentemente o terminal também será privatizado.

Apesar do anúncio, até o momento, o modelo não foi apreciado formalmente pelo Conselho de Administração ou Diretoria Executiva da Transpetro. Pedro Parente, Presidente da Petrobrás, junto aos Diretores Ivan Monteiro, Jorge Celestino e Eberaldo de Almeida Neto, segundo o site Brasil de Fato, teria feito uma transmissão interna à categoria na última quinta-feira, 19, explicando a intenção de privatização parcial da Petrobrás.

Sindipetro afirma que privatização é golpe

Segundo o Presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro), Mário Dal Zot, há esforço da atual direção tentando convencer os trabalhadores da empresa de que a privatização seria necessária para diminuir riscos econômicos e atrair investidores, porém a entrega de grande parte do refino de petróleo nacional nada mais seria do que uma parte do golpe em andamento no Brasil. “Alcançar o poder sem o endosso do sufrágio universal tem um preço e sabe-se que ele é demasiadamente alto, talvez até impagável”, completa.

Dal Zot afirma que a Petrobrás é uma empresa respeitada internacionalmente e sempre desejada para compra por parte de investidores estrangeiros. Durante todos os anos de sua existência, a estatal teria resistido a várias crises nacionais e governos neoliberais, sendo que “em todos estes momentos, a resistência da categoria foi fundamental para manter a companhia como patrimônio nacional”, explica Dal Zot.

O presidente afirma que a oficialização da direção da empresa sobre a privatização causou revolta entre toda a categoria petroleira, porém não foi surpreendente, visto a constante intenção de denegrir a imagem da Petrobrás, algo alavancado com a Operação Lava Jato, a qual intensificou a venda de ativos e ausência de investimentos na petrolífera. “É a principal vítima do golpe e a cereja do bolo para o mercado financeiro internacional”, comenta o presidente.

Pré-sal foi privatizado

A Liquigás, a BR Distribuidora e boa parte da área de Pré-Sal do Brasil já foram privatizadas, segundo o ente sindical. O momento agora é da atual direção, sob o comando de Temer, mirar as refinarias, terminais e dutos do País, incluindo o de Paranaguá (TEPAR), assim como o Terminal de São Francisco do Sul – SC (TEFRAN), e também os terminais terrestres de Biguaçu, Guaramirim e Itajaí, todos em Santa Catarina, além dos Oleodutos Opasc, Olapa e Ospar. Apesar de a intenção de privatizar da empresa, o caminho para a entrega de parte da estatal para a iniciativa privada não será fácil, com resistência dos trabalhadores petroleiros. “Já estamos debatendo as formas de ação para impedir a privatização, inclusive com indicativo de greve nacional na companhia. Agora é resistir e lutar até vencer”, finaliza o Presidente da Sindipetro, Dal Zot.

 

*Com informações do Brasil de Fato (Ednubia Ghisi) e Petrobrás.