Prefeitura e Secretário dão diferentes versões para suspeito uso de carro oficial


Por Redação JB Litoral Publicado 15/06/2017 às 15h26 Atualizado 14/02/2024 às 18h46

Situação recorrente que vem sendo registrada pelas redes sociais e divulgação na imprensa, o uso indevido de veículo oficial em Paranaguá, gerou nova polêmica com o flagrante de um carro da Secretaria Municipal de Ação Social (SEMAS) no estacionamento da rua que fica ao lado da Igreja Batista Memorial no Bairro da Estradinha.

Fato registrado por volta das 21 horas, do dia 26 de maio, sexta-feira, ocorreu no momento em que era realizada uma vigília de fieis, o que fez muitas pessoas pensar se tratar de alguém envolvido com a Igreja, e que estaria fazendo uso indevido do veículo, o que não foi verdade.
 

Ainda não se sabe o motivo do carro  estar estacionado em  frente à igreja. Foto/JB

Ao ganhar as redes sociais, a postagem revoltou muitos da comunidade cristã mais pelo envolvimento do nome da Igreja, do que pela possibilidade de estar ocorrendo um uso indevido do bem público.

Versões do Secretário não foram confirmadas pela prefeitura. Foto/PMP

Questionado sobre o assunto, o Secretário de Ação Social, Levi Andrade se manifestou imediatamente e, inicialmente confirmou tratar-se de uma vigília e que o carro havia levado crianças abrigadas do Lar das Meninas ao local do culto no domingo. Disse, ainda, que levar à igreja é de conhecimento e autorização da Juíza da Vara de Infância.

Entretanto, alertado que o fato aconteceu na sexta e não no domingo, o secretário garantiu que “se não foi para levar as crianças, o responsável, após o devido processo legal, será exemplarmente punido” e ressaltou, ainda, “sou legalista e tenho sofrido por cortar privilégios”, assegurando que iria apurar o fato.

 

Nova versão: aluno no colégio estadual
 

Apurando novamente o fato, Levi Andrade apresentou outra versão do fato e, depois de falar com o suposto motorista que estacionou o carro, disse que ele estava aguardando um aluno abrigado no Lar dos Meninos que estuda, à noite, no Colégio Estadual José Bonifácio. Disse ainda se tratar do chefe da frota e dos motoristas da SEMAS, uma pessoa, seguindo o secretário, “super respeitado pelos seus subordinados”.

Segundo o motorista, de nome Ediel, ele estacionou próximo à igreja, perto do colégio e estava esperando dar a hora para pegar o Liam sair da escola por volta das 22h40, porque no colégio o estacionamento fica lotado e resolveu esperar ali, por ser mais tranquilo e seguro. Porém, por volta das 21h30 o carro já não estava mais no estacionamento. Esta foi a última versão que o secretário defendeu nas redes sociais a respeito do caso.

 

Prefeitura alega projeto “Convivência Comunitária Religiosa”
 

Deflagrada a polêmica, o JB questionou a prefeitura sobre o critério para uso de veículos por servidores, comissionados e agentes políticos dentro e fora do exercício da função. Foi enviado para a Secretaria de Comunicação pedido de informação contento, além do questionamento a respeito do caso específico, envolvendo o veículo da SMAS de placa AHW-6903 da Secretaria de Ação Social, outras questões como itinerário, pessoas transportadas, inclusive nomes e motivo do deslocamento no período das 18h às 23h, perguntas sobre quem, quantos e quais funções de servidores do quadro fixo ou comissionado podem usar veículo oficial durante, após o expediente e no horário de almoço, entre outras?

Em nota, a prefeitura esclareceu que a “utilização de veículo oficial depende da disponibilidade do mesmo na frota municipal, analisando a existência da necessidade pública”. Disse também que “é sempre feita, exclusivamente, a serviço do município” e que “deve se dar sempre em atividades relacionadas ao cargo do servidor e aos fins da secretaria a qual pertence o veículo”. Porém, no caso específico relacionado pelo Jornal, a utilização do veículo foi feita pela SEMAS para o projeto “Convivência Comunitária Religiosa”, iniciativa autorizada judicialmente após Pedido de Providências ajuizada pela prefeitura à Justiça Estadual. A instituição municipal ressaltou, ainda, que o Ministério Público do Paraná (MPPR), “não se opôs à realização do projeto, desde que respeitado o genuíno interesse de cada um, inclusive a recusa da participação do ato voltado à prática religiosa”. Finalizou assegurando que a Juíza Débora Cassiando Redmond, concedeu autorização à realização do projeto.

 

Pastor desconhece projeto “Convivência Comunitária Religiosa”

 

A reportagem procurou ainda o Pastor Rivelino dos Santos, da Igreja Batista Memorial, para esclarecer esta situação e ele confirmou que no dia 26 ocorreu a vigília na igreja, entretanto, foi taxativo ao garantir que não houve nenhuma participação de qualquer criança, adolescente ou adulto trazido pela prefeitura e tampouco pela Secretaria de Ação Social. O que não confirma nenhuma das duas versões do Secretário Levi Andrade e a que foi enviada pela Secretaria de Comunicação. Disse, também, desconhecer a existência do projeto “Convivência Comunitária Religiosa”.

O pastor destacou que o estacionamento não é da igreja e sim se encontra na calçada ao lado da igreja e que toda e qualquer pessoa tem acesso, caso queira estacionar o seu carro. Rivelino ressaltou que a Igreja não possui qualquer tipo de relacionamento com política e lamentou a desnecessária polêmica que a postagem trouxe para a igreja que, hoje, possui cerca de 50 outras na cidade.