Reivindicação de caminhoneiros faz Câmara Municipal de Paranaguá mediar conversa com o TCP


Por Cleverson Teixeira Publicado 15/04/2021 às 11h39 Atualizado 15/02/2024 às 23h02

Por Cleverson Teixeira

No dia 5 de abril, caminhoneiros que transportam contêineres paralisaram as atividades para reivindicar questões que envolvem transportadoras e o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP). Nesta quinta-feira (15), a categoria, representantes e a empresa se reúnem para discutir as reivindicações.

Como foi a manifestação

A manifestação, encerrada às 18h de terça-feira (6), foi realizada na Rua Barão do Rio Branco no bairro da Costeira, em Paranaguá. Durante o movimento, considerado pacífico pela categoria, faixas foram expostas mostrando o descontentamento dos motoristas com relação aos valores dos fretes recebidos e à multa aplicada pelo TCP em caso de atraso no transporte.

No primeiro dia de paralisação, o líder do movimento conversou com o repórter Diogo Monteiro, ao vivo, por meio da página do JB Litoral. João Carlos Sellmer Júnior, caminhoneiro há 13 anos, explicou, detalhadamente, os motivos pelos quais levaram os motoristas a aderirem ao manifesto.

 “A nossa reivindicação é por um aumento de frete, porque faz quatro anos que não temos esse aumento. O valor do diesel subiu constantemente. Nós estamos pedindo, com contêiner vazio, que puxamos por R$ 150, chegue a R$ 180. Um cheio de R$ 200, queremos a R$ 230”, afirmou.

Paralisação de caminhoneiros internos ocorreu no dia 5 de abril. Foto: Diogo Monteiro JB Litoral

Além do reajuste de R$ 30, solicitado às transportadoras para o carregamento dos reservatórios que acondicionam cargas, Sellmer também mencionou outros problemas enfrentados durante a realização dos serviços no Terminal de Contêineres. Um deles é o no-show, que é um termo de origem inglesa, o qual significa “não comparecimento”, ou seja, no caso do TCP, é uma multa cobrada dos caminhoneiros, quando não chegam no horário estipulado para descarga.

“O no-show é uma multa, de R$ 337, que a TCP lança para quem não cumpre o horário de entrada. Qualquer coisa, se quebrar o caminhão ou pegar um trânsito, não conseguimos entrar naquele horário. Não tinha nem como a gente contestar tudo isso. Quinta-feira passada, dia 1, aconteceu de um companheiro nosso fazer três viagens. Fez duas, quebrou o caminhão. Quando ele foi pegar a terceira viagem, passou na triagem e caiu a roda do caminhão. Ele teve que pagar o no-show. Perdeu o dia de trabalho, praticamente”, disse João Carlos Sellmer.

Alto fluxo de veículos

O motorista relatou, também, que o alto fluxo é outro fator que prejudica a categoria na hora de entrar no Terminal Portuário. Conforme ele, no intervalo de horários, entre um caminhão e outro, as transportadoras contratam mais profissionais do volante para operarem.

“Além de dar serviço para a gente, as empresas, muitas vezes, pegam caminhoneiro de fora para fazer o trabalho. Isso é por culpa do no-show do TCP, que agenda a nossa entrada com mais distanciamento de horário para trabalharmos. E, com isso, aumenta o fluxo de caminhão aqui dentro de Paranaguá”, pontuou.

Diante dessas informações, repassadas pelo líder do movimento dos caminhoneiros durante a paralisação, o JB Litoral entrou em contato, no dia 9 de abril, com Sellmer, para saber se a categoria recebeu uma resposta, tanto das transportadoras quanto do TCP.

De acordo com o motorista, a empresa de contêineres dará um posicionamento, a respeito das reivindicações, no dia 15 deste mês. Com relação ao aumento do frete, o responsável pela manifestação disse que a classe conseguiu o reajuste proposto.

Eles ficaram de dar uma resposta em uma semana para nós. Quinta-feira, às 15h, terá uma outra reunião. O reajuste do frete nós conseguimos. A questão do no-showeles falaram que iam ter uma conversa entre eles, para ver o que podia ser feito para beneficiar os transportadores internos da cidade”, complementou.

Legislativo intermedeia encontro

A situação foi levada à Câmara Municipal, com o vereador Luiz de Sá Maranhão Neto (PSB), o Luizinho Maranhão, expondo a manifestação na sessão Ordinária, realizada no dia 6 de abril. O atual presidente da Comissão de Assuntos Portuários e Turismo (CAPT) disse que a classe dos caminhoneiros procurou os vereadores para que fosse dado um suporte nas negociações com o TCP.

“Fomos procurados por mais de 400 caminhoneiros que atuam na cidade de Paranaguá, que vêm sofrendo com o descaso do TCP. Fui chamado na paralisação ordeira e respeitosa. A polícia e a Guarda Portuária estiveram por lá. Eles só queriam ser ouvidos e respeitados. Acionei, imediatamente, os meus quatro companheiros, os vereadores Renan Britto (Pode), Ezequias Rederd (Pode), Bruno Miguel (PP) e Lindonei Santos (PTC), que também compareceram lá e ouviram os anseios dessa categoria”, discursou.

Ao tomarem conhecimento de todos os pedidos feitos pelo grupo, os vereadores da Comissão do Legislativo participaram de uma reunião com representantes do TCP e os caminhoneiros.

O TCP proibiu a minha entrada. Entraram apenas os quatro vereadores. Depois de um certo tempo de reunião, chamaram os dois representantes dos motoristas, dizendo que eles iam cumprir as pautas. E que, na próxima semana, seria agendada uma nova reunião com os motoristas”, destacou Maranhão.

Outros vereadores se manifestam

Além do presidente da CAPT, a equipe de reportagem do JB também conseguiu falar com dois vereadores que estiveram presentes no encontro. Lindonei Santos comentou que a conversa entre eles foi amigável.

Foi boa a reunião. Tinham várias exigências que os motoristas pediram, como as melhorias. Eles não conseguiam acesso ao TCP para conversar com o pessoal e definir a melhor maneira de arrumar algumas coisas. Graças a Deus, a gente interviu e o pessoal do TCP nos recebeu. Mostramos essas exigências e eles aceitaram. Eles falaram que iam sentar, daqui uma semana, para resolver todos os problemas ou quase todos, porque são exigências básicas. A reunião foi bem produtiva”, descreveu.

O parlamentar Ezequias Rederd também se manifestou sobre o assunto, onde levantou outra questão discutida durante a reunião com a empresa TCP, que foi a possibilidade de mapear a área acessada pelos motoristas que entram no terminal.

“Outra reivindicação é o mapeamento da área, deixar o tráfego livre para o caminhoneiro, para não ter atraso. São situações que foram conversadas, para que haja uma solução para o caminhoneiro não sofrer tanto. A gente entende que um Terminal de alto fluxo de navios e caminhões precise de uma lei que regulamente essas questões. Eles não são contra isso. Mas queremos um direito amplo, que seja uma maneira mais simples para o caminhoneiro provar que está certo ou errado, se ele cumpriu ou não com a sua função naquele período de tempo. A princípio, deu tudo certo”, concluiu.

Vale destacar que, na pauta constava, também, a suspensão da cobrança de no-show para a Unidade Equivalente a 20 Pés (TEUs) vazias; a conferência de placas de agendamento na Retro Área (SAV) e a não validação desse programa em caso de divergências. E, por fim, outros pontos solicitados pelos caminhoneiros foram a permanência de um controlador de fluxo na entrada do terminal, assim como a conversa com os motoristas em caso de bloqueio desses profissionais durante a entrada no pátio da empresa.

O JB Litoral tentou contato com o Terminal de Contêineres de Paranaguá, para obter um posicionamento diante dos assuntos levantados pelos envolvidos no protesto. Entretanto, até o fechamento desta edição, o departamento de jornalismo não conseguiu falar com a área responsável.