Voluntários de Paranaguá enfrentam cenas de terror para resgatar vítimas no Rio Grande do Sul; confira as imagens


Por Luiza Rampelotti Publicado 09/05/2024 às 18h39

A situação no Rio Grande do Sul é de devastação após temporais e inundações que assolam o estado desde o final de abril. Até esta quinta-feira (9), são 107 mortes confirmadas, 136 pessoas desaparecidas e milhares desabrigadas. Segundo a Defesa Civil, 232.100 pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas, com 67.500 em alojamentos e 164.500 desalojadas. O desastre atingiu 425 das 497 cidades gaúchas.

Em meio ao caos, a solidariedade se destaca. Grupos de voluntários do Litoral se mobilizaram para auxiliar no resgate de possíveis vítimas ainda presas em suas residências inundadas. Em entrevista ao JB Litoral, Antônio Soares, socorrista do SAMU em Paranaguá, relata a experiência dele e de outros oito colegas que se deslocaram para Canoas, uma das cidades mais afetadas.

Nós estamos em nove amigos aqui, todos trabalhamos. Eu mesmo tirei sete dias de férias do trabalho. Todos nós tiramos um tempo do nosso trabalho para estar aqui. A ideia é ficar cinco dias, mas estamos dispostos a permanecer mais se necessário“, afirma Antônio, que chegou na cidade na última segunda-feira (6) de madrugada.

Os voluntários partiram de Paranaguá no domingo (5) e receberam apoio da comunidade, com doações de combustível e recursos financeiros para a viagem e estadia no Rio Grande do Sul. “Viemos com nossos próprios carros e fomos muito bem recebidos aqui, com muito calor humano. Já nos arranjaram abrigo e estão nos ajudando com comida, alojamento, banho, enfim, com tudo. São voluntários ajudando voluntários“, relata.

Cenas de filme

A situação em Canoas é descrita como “de filme”. A água continua alta e a previsão é de mais chuvas. Apesar dos desafios, o grupo de voluntários conseguiu resgatar muitas pessoas e animais, todos vivos, até o momento. “Graças a Deus, não encontramos nenhum cadáver até agora, apenas pessoas vivas. No entanto, acredito que quando as águas baixarem, infelizmente encontraremos vítimas fatais“, comenta Antônio.

Segundo ele, muitas pessoas ficaram presas em suas casas e incapazes de sair devido a condições físicas limitadas. “Quando as águas baixarem, a situação não será boa. Ainda há muita água, e é como uma cena de filme, algo surreal ver telhados, casas e prédios inundados até o segundo andar. É difícil de acreditar“, lamenta o socorrista.

Vídeo: Arquivo pessoal/Antônio Soares

Tiroteio entre policiais e criminosos

Antônio também revelou que, nesta quinta-feira (9), a situação começou a ficar mais tensa no bairro Fátima, em Canoas. A operação de resgate precisou ser interrompida porque houve troca de tiros entre policiais e criminosos.

Os únicos problemas são alguns moradores que se recusam a deixar suas casas inundadas e a presença de facções criminosas, o que torna a situação mais perigosa e tensa. Mas estamos fazendo o que podemos“, afirma o voluntário.

Se não fossem as ajudas comunitárias, nada seria feito

Ele também critica a atuação do Poder Público, que, segundo ele, tem sido ineficaz na resposta à tragédia. “Aqui, a ajuda é basicamente voluntária, pois as autoridades governamentais não estão agindo. Exército, polícia, não estão realizando ações efetivas. Se não fossem as ajudas comunitárias, nada seria feito. As Forças Armadas estão totalmente inativas; elas vieram, instalaram barcos, barracas, mas não realizam atividades de resgate. São apenas os voluntários que entram na água, resgatando e auxiliando. Somente hoje eles intervieram nesse tiroteio”, conclui.

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *