Opinião: O dia em que Paranaguá voltou à época da política coronelista
Editorial da edição do jornal impresso (nº 844).
Na última quinta-feira (24), presenciamos, estupefatos, a nossa cidade estampada nas manchetes dos portais e telejornais de todo o estado e até do Brasil. Mas o motivo em nada nos orgulha, pelo contrário, joga na lama o nome de Paranaguá e de toda a região. Em pleno 2024, uma prática abominável motivou a presença de muitas viaturas da Polícia Federal para cumprir oito mandados de busca e apreensão nos bairros Estradinha, Jardim Eldorado, Ilha do Valadares, além de três gabinetes de vereadores na Câmara Municipal. Os alvos? Vereadores da atual legislatura e da próxima, ou envolvidos diretamente com parlamentares. A denúncia remonta aos primórdios da política coronelista em que a prática de compra de votos era farta. Dentaduras, botijões de gás, promessas de emprego ou, simplesmente, alugar ônibus e coagir a população a votar eram práticas comuns não há muito tempo. Mas saber que isso ainda existe, além de entristecer, traz consequências graves, que podem (e devem) impactar diretamente na composição do Palácio Carijó, a partir de 2025 e, pouco mais adiante, refletir nas eleições de 2026.
Acompanhar os resultados dessa investigação nomeada de Voto Não Tem Preço até o final, certamente, será a postura da imprensa séria e comprometida com a verdade, em nossa região. Nos colocamos nesse rol.
O voto é o instrumento mais poderoso e libertador que a população pode ter. Temos o privilégio de viver em uma democracia em que podemos e temos a responsabilidade de eleger os nossos representantes. O voto é essa “arma” que possibilita a evolução e o crescimento em direção a um futuro sustentável, cada vez melhor e mais justo para a sociedade. “Vendê-lo” é um ato lamentável e mesquinho. Comprá-lo é crime e, como tal, a prática está sendo investigada pela Polícia Federal.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, inclusive com a exposição de como seriam feitas essas “negociações” e quais serão as consequências para os políticos, caso sejam comprovadas as práticas ilegais.
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