PMs gêmeos presos em Guaratuba estavam jurados de morte; trio flagrado em Matinhos confessou o plano


Por Redação Publicado 31/08/2022 às 13h50 Atualizado 17/02/2024 às 16h15

Os irmãos gêmeos policiais militares do 9º Batalhão de Polícia Militar do Paraná (BPM), 2º sargento Ricardo Chiarello Marquesi e soldado Rodrigo Chiarello Marquesi, presos nessa terça-feira (30), durante a Operação Fish, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio da Corregedoria da PMPR, estavam marcados para morrer. Isso porque dois homens e uma mulher presos no dia 5 de julho, quando estavam em um carro, na avenida Dr. José Artur Zanlutti, em Matinhos, confessaram o plano.

Débora dos Santos da Cruz, Leonardo Santos de Oliveira e Jevison Borges Júnior foram abordados e, de acordo com o Boletim de Ocorrência (B.O) a que o JB Litoral teve acesso, no porta malas do veículo foram encontrados dois coletes balísticos; uma pistola calibre ponto quarenta; trinta cartuchos do mesmo calibre e cartuchos de calibre 9 milímetros. Os presos e os materiais apreendidos foram levados até a Companhia da PM de Matinhos onde relataram que iriam locar um quarto, por trinta dias, em uma pousada da região e aguardariam novas instruções, pois estaria sendo realizado um levantamento de rotina de dois policiais militares de Guaratuba, a fim de executá-los.

Ainda segundo o B.O, havia fotos dos militares estaduais que seriam alvo do crime nos celular de Débora, “sendo constatado por esta equipe policial tratar-se dos irmãos, 2º sargento Ricardo Chiarello Marchesi e o soldado Rodrigo Chiarello Marchesi, lotados na Rotam da 3ª Cia. do 9º Batalhão“, descreveu trecho do documento. Também foram encontradas várias fotos de residências, comércios, veículos e locais frequentados habitualmente por eles, pois segundo os presos, após reunirem informações suficientes iriam atentar contra a vida dos policiais.

Débora dos Santos da Cruz, Leonardo Santos de Oliveira e Jevison Borges Júnior confessaram o plano para execução dos irmãos militares. Foto: Reprodução



Prisão dos policiais


Após a prisão do trio, em 5 de julho, e de posse das informações confessadas e contidas no celular dos presos, possivelmente deu-se início às investigações que culminaram com a prisão dos policiais militares de Guaratuba. Nesta quarta-feira (31), o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, falou sobre a operação realizada na terça-feira (30), que prendeu os gêmeos.

O Gaeco de Curitiba iniciou investigação a partir de denúncia no final de julho, que dava conta de que dois policiais militares que atuavam no Litoral cometiam abuso de autoridade, posse ilegal de armas e munições, além de fraude processual. Com apoio da Coger, cumprimos quatro mandados de busca e apreensão expedidos pela Vara da Auditoria Militar. Em uma das casas foram encontradas armas e munições irregulares, R$ 70 mil em espécie e um cheque com valor de R$ 205 mil reais. Na outra casa, foram encontradas munições irregulares. Todo esse material nos imóveis estavam escondido em fundos falsos. Já na Cia da PM de Guaratuba, durante busca, sobre a mesa onde eles trabalhavam, tinha drogas e balanças de precisão. Nos trajes de um dos policiais, drogas e munição. Também foi encontrada a chave de um carro que estava estacionado há certo tempo no estacionamento da Cia, onde também havia drogas. Os policiais foram presos  e foi aberto um inquérito policial militar para apurar os fatos“, disse Batisti ao JB Litoral.

Já o tenente Lima, da comunicação do 9º BPM, explicou à reportagem como foi o apoio dado à operação do Gaeco. “Foram feitas buscas, encontradas drogas e armamentos irregulares, então esses policiais foram afastados do serviço e agora respondem judicialmente e administrativamente. Fizemos esse apoio durante as revistas para perceber e encontrar os ilícitos“, falou durante entrevista nesta quarta.

Drogas, armas e munições


Segundo o Boletim de Ocorrência da prisão dos irmãos PMs, a que o JB Litoral também teve acesso, o flagrante dos militares foi realizado na sede da Corregedoria-Geral, em que o 2º sargento Ricardo Chiarello Marchesi foi autuado por posse irregular de arma de fogo e o soldado Rodrigo Chiarello Marchesi por porte de munição irregular.

Na residência do sargento foi localizado R$ 70 mil em espécie e R$ 205 mil em cheque. Também estavam na casa uma pistola calibre 9mm, com 34 munições;  uma pistola calibre 6,35, com número de série suprimido e sete munições; uma caneta pistola cal .22; um cano de pistola sem numeração; uma pistola cal. 7,65, com cano alterado para utilização de silenciador, juntamente com oito munições .32 e mais uma pistola cal. 9mm, com três carregadores desmuniciados.

Na residência do soldado foram localizadas 35 munições .40 de lotes diversos; uma munição .40 treina; 15 munições CBC .40 sem lote; quatro munições CBC 6,35; quatro munições CBC 9mm; seis carregadores compatíveis com a PT 100; duas munições 9mm “luger” de origem estrangeira; uma munição águila.

O documento ainda cita outro B.O feito à parte, para detalhar o que foi apreendido na Cia. de Guaratuba, onde foi localizado, em cima da mesa da sala da Rotam, 90g de maconha, 28g de cocaína, 63 munições de calibres diversos e quatro balanças de precisão. No mesmo ambiente, no colete balístico do sargento havia, em um dos bolsos, uma pistola Beretta, cal. 22, 10 munições cal. 22 de festim, oito munições cal. 22 intactas e uma munição cal. 22 deflagrada. “Fora localizada ainda, na sala Rotam, a chave de um veículo, posteriormente identificado como sendo o VW/Gol de cor vermelha, localizado no pátio daquela unidade policial; ao ser vistoriado, foi localizado um saco preto, contendo em seu interior aproximadamente 929g de maconha; 110g de crack; 837g de cocaína; um revólver Taurus, cal. 38; um revólver cal. 32 sem marca aparente; um revólver Taurus, cal. 32, com quatro munições intactas; um revólver Rossi, cal. 22 com numeração suprimida, uma pistola Taurus, cal. 380, com oito munições intactas. O material foi arrecadado e encaminhado à sede da Corregedoria Geral da PMPR para providências“, finalizou o B.O.

Relações entre prisões

O JB Litoral também questionou ao Gaeco se a prisão do trio que revelou a intenção de matar os irmãos policiais teria relação com a investigação que culminou com a prisão dos militares. Mas as únicas informações recebidas foram sobre a operação dessa terça.