Cadeirante denuncia falta de acessibilidade no Fórum de Justiça de Paranaguá


Por Luiza Rampelotti Publicado 06/09/2022 às 15h49 Atualizado 17/02/2024 às 16h47
Cadeirante denunciou que elevador do Fórum de Justiça não está funcionando há mais de 1 ano. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Na terça-feira (30), a Câmara de Vereadores de Paranaguá enviou o Ofício nº 2650/2022 à juíza e diretora-geral do Fórum da cidade, Priscila Soares Crocetti, e ao presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), José Laurindo de Souza Neto, questionando a respeito da falta de acessibilidade na sede do Fórum de Justiça, que fica na avenida Gabriel de Lara.

A solicitação para o encaminhamento foi feita pelo vereador Adalberto Araújo (MDB) que, em 19 de agosto, protocolou o Requerimento nº 342/2022 na Câmara, informando que há cerca de um ano o elevador de acesso ao prédio encontra-se avariado e em desuso. O pedido foi votado e aprovado pela Câmara na segunda-feira (29).

Segundo Adalberto, ele teve conhecimento sobre a falta de acessibilidade no prédio após o parnanguara Hélio José que, em razão da diabetes tornou-se deficiente, relatar sobre a dificuldade que teve para participar de uma audiência no Fórum de Justiça. “Ele contou que o elevador está avariado há mais de um ano, e eu também confirmei essa informação”, disse o vereador.

Durante a votação do requerimento, a vereadora Isabelle Dias (PSB), a primeira vereadora surda do Paraná, parabenizou a atitude de Adalberto. “Já há um ano com o elevador danificado, realmente, é um prazo muito distante. É um ato de urgência e é muito importante dar voz à pessoa com deficiência fazendo essa solicitação. Que as pessoas sejam atentas, que tenham visibilidade a essas questões”, comentou.

Em entrevista ao JB Litoral, Hélio José relatou o acontecimento. “Quando adentrei ao Fórum, eu teria que ir até a 2ª Vara, que fica na parte superior. Ao questionar os funcionários e seguranças, a informação que tive é de que o elevador está pifado há mais de um ano e até agora não foi feita a manutenção. Por isso, não só eu, como vários deficientes físicos estão sendo prejudicados”, contou.

Hélio só não perdeu a audiência porque foi acompanhado de seu filho, que subiu até a 2ª Vara, questionou sobre o problema e buscou os papéis que o pai deveria assinar. Porém, o homem lamenta não ter tido a possibilidade de ir até o local indicado.

Com o Ofício enviado aos responsáveis, o vereador Adalberto Araújo destaca que a Câmara está cobrando soluções para a questão o mais breve possível. “Queremos o conserto e manutenção do equipamento, mas também as demais adaptações necessárias à acessibilidade de pessoas com deficiência na sede do Fórum”, comenta.

Vereador Adalberto Araújo trouxe o assunto à Câmara Municipal e cobrou o conserto do elevador, bem como melhorias na acessibilidade do prédio. Foto:Câmara de Vereadores

Falta de acessibilidade em vários locais

Hélio é radialista há 23 anos, mas está afastado da profissão devido à deficiência, já que se tornou cadeirante em razão das consequências da diabetes. Ele conta que o problema não está apenas no elevador do Fórum de Justiça.

A falta de acessibilidade está em vários locais. São restaurantes, lanchonetes, que não têm rampa para entrada dos cadeirantes e pessoas com outras deficiências. Para que isso não aconteça, é necessário existir uma fiscalização, que sinto que não existe”, lamenta.

Sobre o assunto, o JB Litoral questionou a Prefeitura, que respondeu por meio de sua Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde. “A fiscalização ocorre de forma regular e por meio de denúncias dos moradores quanto à falta de acessibilidade. A Vigilância reforça que é relevante que o cidadão que se sentir afetado com a falta de acessibilidade em um estabelecimento entre em contato com o departamento para que a equipe possa verificar o ocorrido. A informação pode ser fornecida por e-mail visa@paranagua.pr.gov.br ou pelo número 3420-2816”, informa.

Hélio também fala sobre outra situação que está prejudicando os deficientes de Paranaguá. Ele comenta que antes da pandemia, o Centro de Diagnóstico João Paulo II, no Parque São João, disponibilizava atendimento em Fisioterapia para deficientes.

Hélio desabafa sobre “descaso com os deficientes

Eu era um deles, e era atendido duas vezes por semana. No local, conseguia observar vários cadeirantes e deficientes. Mas com a pandemia, o hospital acabou desativando o local e, agora, a Fisioterapia retornou a funcionar, mas em um espaço muito pequeno, que só entra uma pessoa; antes entravam mais de 10 e tinham várias atendentes para os deficientes. Agora, só tem uma. É um descaso total com o deficiente”, desabafa.

Com relação ao Centro de Diagnóstico João Paulo II, a Prefeitura ressaltou que o serviço que era oferecido no local, antes da pandemia, acontecia individualmente. “O que ocorreu foi a alteração quanto ao espaço de atendimento, mudança necessária em virtude da pandemia que, como ocorreu em todo o país, teve as consultas eletivas suspensas. Em dezembro de 2021, o setor foi reaberto em outro espaço ainda no interior do Centro de Diagnóstico João Paulo II e o atendimento também retornou”, conclui.

O JB Litoral também questionou o TJPR a respeito do motivo pelo qual o elevador do Fórum de Justiça não está funcionando e desde quando está em desuso; qual a previsão de manutenção do elevador; e de que forma as pessoas com deficiência estão sendo atendidas no local, uma vez que o deslocamento está sendo prejudicado. Mas até a conclusão desta reportagem não houve retorno.