Gestão Jozias consome a história digital do Legislativo de Paranaguá desde 2012


Por Redação JB Litoral Publicado 20/10/2015 às 17h00 Atualizado 14/02/2024 às 10h25

Na edição 204 de maio de 2012, o JB denunciou um grave crime cometido contra a memória histórica do Legislativo de Paranaguá, na gestão do presidente Jozias de Oliveira Ramos (PDT). 

A criação de um novo Portal para a Câmara Municipal, desenvolvido por funcionários efetivos com o suporte técnico da Interlegis, segundo a Assessoria de Comunicação da época, “proporcionaria manutenção do portal, independentemente da direção da Casa, além de gerar uma considerável economia aos cofres públicos, já que o serviço não precisaria continuar sendo terceirizado”.
Porém, ao acessar a ferramenta que contaria a história da Câmara e que mostraria fotos e informações dos vereadores que passaram pelos palácios Visconde de Nácar e Carijó constatou-se que as informações haviam sumido. Uma mensagem aparecia em todas as opções de pesquisa: “atualmente não existem itens para esta pasta”. Assim, todas as fotos dos ex-vereadores e ex-presidentes da Câmara foram retiradas, da mesma forma que o grande volume de informações de cada um deles, como partido, votação, dados pessoais e políticos, entre outras informações que constavam no site antigo.

Do dia para noite, a cidade que deu origem a todas as demais no Paraná e, consequentemente, a primeira Câmara de Vereadores do Estado ficou com o registro de sua memória histórica “apagada”, desde que o novo Portal da Câmara foi para a rede mundial.

Cobrada pelo JB, a Assessoria de Comunicação garantiu que até o dia 20 de junho daquele ano (2012) o arquivo fotográfico e informativo dos vereadores e ex-vereadores que continha no site anterior seria disponibilizado no novo Portal. “O Departamento de Informática da Câmara Municipal de Paranaguá está providenciando o backup dos arquivos presentes no site anterior para posteriormente serem encaminhados à Assessoria de Comunicação da Casa, que estará providenciando a instituição das informações no novo portal”, disse na época o Assessor de Comunicação, Thiago Campos da Silva. Mas nada foi feito até hoje.

Vereadores cobraram de Jozias

A reportagem do JB ouviu, na época, alguns vereadores que tiveram parentes “apagados” e todos foram unânimes em dizer que o registro histórico precisava ser mantido. O vereador Marquinhos Roque (PMDB) defendeu que não se estava apagando as pessoas e sim a história da Câmara de Vereadores. “Pessoas que passaram aqui de um jeito ou de outro fizeram parte de toda a história de Paranaguá. E agora você entra lá, até mesmo para uma pesquisa de colégio e não tem mais. Acho que o presidente vai rever isso. Não sei o que aconteceu e nem vou criticar, mas isso não pode acontecer”, disse na época, o vereador que é filho do ex-presidente Mário Roque.
O então vereador Edson Augusto da Silva Junior (PTC) defendeu que teriam de permanecer os vereadores que já passaram pela Câmara e tiveram uma história, como o seu tio Marcos Tiriça e o seu pai, Edson, além de tantos outros que já se foram. Da mesma forma, disse ainda o então o vereador José da Costa leite Junior (DEM) ao afirmar que já havia reclamado e cobrado a restauração. “Vou aguardar e continuar cobrando porque a memória da casa é uma coisa que tem que ficar sempre aqui, jamais poderá ser tirado e não colocado, independente de trocas de site ou não. Inclusive, já deveria, na troca do site, esperar para inaugurar com tudo, mas já que não foi feito assim, espero que nos próximos dias seja resolvido”, disse Leite Junior, irmão e filho de vereador. Porém, mesmo diante todas essas cobranças a memória não foi resgatada.

Presidente é o mesmo de 2012

Por ironia do destino, o atual presidente, Jozias de Oliveira Ramos, que administra a Câmara Municipal é o mesmo cuja gestão resultou no “sumiço” da memória digital histórica do Poder Legislativo.

Com um novo Portal e ainda com o mesmo problema gerado em 2012, o presidente enfrentou outras situações com o Portal por dificuldade de acesso aos dados de 2014, que resultaram em novas cobranças do JB. Em julho deste ano, em nota, o Assessor de Cerimonial e Comunicação da Câmara Municipal, Claudino Nunes, afirmou que “o Portal da Transparência que existia na Câmara Municipal teve que migrar, por força de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público para o portal atual. Infelizmente, ocorreram realmente alguns problemas, hoje já sanados graças ao alerta do Jornal dos Bairros. Realmente, em “Câmara” só constavam os dados referentes a 2014, porém em “Município” (que já foi alterado) estavam os atualizados. A observância do JB ajuda e muito o nosso trabalho de divulgação”, ressaltou na época.
Nesta semana, o JB encaminhará novos questionamentos a respeito da memória histórica digital para que a Câmara possa se manifestar a respeito do assunto.