Prefeitura deixa de passar recursos ao Gaper e entidade pode fechar as portas


Por Redação JB Litoral Publicado 23/07/2014 às 21h00 Atualizado 14/02/2024 às 00h54

Com o convênio junto a prefeitura de Paranaguá encerrado desde dezembro do ano passado, o Grupo de Apoio ao Programa de Educação Respiratória (Gaper), vem sofrendo dificuldades financeiras para manter o atendimento as crianças com problemas respiratórios, a ponto de empresários e colaboradores se virem obrigados a assumir 100% sua continuidade.

Rumores de um possível fechamento de suas portas ganhou as redes sociais em março e, na oportunidade, o prefeito Edison de Oliveira Kersten (PMDB) afirmou numa entrevista na imprensa, que o Gaper continuaria funcionando no que dependesse da prefeitura. Ele confirmou a interrupção do repasse financeiro a entidade, alegando falta de prestação de contas e assegurou que o departamento jurídico estaria trabalhando no sentido de ajudar a entidade a solucionar este problema junto aos empresários.

Passados mais de três meses desta afirmação, a situação na entidade continua a mesma e o novo convênio para repasse financeiro foi renovado. Sem condições de manter o mesmo atendimento, na semana passada algumas consultas tiveram que ser canceladas e isso preocupou as mães e pais das muitas crianças atendidas pela instituição.

No dia 12, a empresária Vera Telles, uma das fundadoras do Gaper, acompanhada do empresário Jonas Mena Barreto do Instituto Mena Barreto, reuniram as mães das crianças atendidas pela entidade e explicaram a situação do Gaper.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, José Dougiva da Silva Costa, acompanhou a reunião e lamentou a dificuldade que o Gaper, mais uma vez, vem passando para continuar seu atendimento. “Vejo com tristeza a situação pelo que passa o Gaper e que não é de hoje. O conselho tem acompanhado essa situação capenga com problemas aqui e ali, discutindo com vereadores, prefeitos, funcionários de saúde e até agora só vemos o Gaper andando para trás. Esta bandeira que deveria de ser do município, uma camisa que deveria ser vestida pelo prefeito e por todas as autoridades em saúde na cidade, hoje, está sendo repassada para empresários que vem de fora com a maior boa vontade para trabalhar aqui e contribuindo de alguma forma, como a empresária Vera Telles, e outros empresários que fazem sua parte. “Para nós isso é muito triste. Chamamos a população e o prefeito para que vista, mas uma vez, essa camisa e que não deixe o Gaper, de uma hora para outra, ser destruído. O Gaper não pode fechar até porque a população de Paranaguá precisa desse trabalho, que deve permanecer para o bem de todos”, disse Dougiva.

Contas em dia no TCE

Na oportunidade a empresária Vera Telles apresentou documentos do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) comprovando que o Gaper está com suas contas em dia. Entre os documentos uma certidão liberatória do TCE-PR garante que a entidade está apta para receber recursos públicos mediante convênio, termo de parceria, contrato de gestão ou instrumento congênere. Mesmo com o documento, no dia 10 deste mês, a prefeitura divulgou em seu site, uma reportagem afirmando exatamente o contrário, alegando que a prefeitura está impossibilitada de fazer repasses ao Gaper pela falta de prestação de contas da entidade. “A falta das prestações de contas por parte da ONG continuam sendo um impeditivo para o repasse da prefeitura”, diz a reportagem.

O presidente do CMS, que tem acompanhado esta situação de perto, mostra-se preocupado ao perceber que “estão querendo bater o martelo para fechar o Gaper”, mas garante que se depender do Conselho  Municipal de Saúde e da boa vontade dos empresários  como Vera Telles, a entidade não irá fechar. “Penso que o prefeito com bom senso e a própria secretária de Saúde, que está acompanhando de perto toda a situação, eu, a secretaria e todo o Conselho Municipal, acreditamos que tudo isso seja mais uma discussão e encerre de forma positiva para que a população seja contemplada e o Gaper prossiga dando seus bons resultados como ocorreu no passado, agora no presente e continuará no futuro”, prevê Dougiva. De acordo com a empresária Vera Telles, nos seus 17 anos de existência, o Gaper já atendeu cerca de 55 mil crianças e, por essa razão, se tornou indispensável ao atendimento de saúde na cidade. Ontem, houve uma nova reunião com o prefeito Kersten, onde se discutiu a busca de uma solução para que o atendimento seja retomando com a mesma intensidade e qualidade que o Gaper vem prestando desde 1997.