Representatividade feminina: No Litoral, mulheres correspondem a menos de 20% da Câmara de Vereadores


Por Redação Publicado 15/03/2023 às 12h46 Atualizado 18/02/2024 às 07h00

Apesar da luta pela igualdade de gênero ter avançado nos últimos anos com a criação de políticas públicas voltadas para inclusão da mulher, como a Emenda Constitucional nº 117 de 2022, que estabelece 30% do Fundo Eleitoral para candidaturas femininas, no Litoral, as mulheres ainda correspondem à minoria no Poder Legislativo.

Ocupando apenas 18,82% dos cargos, juntas, as vereadoras somam 16 das 85 cadeiras das Câmaras Municipais do Litoral sendo: duas em Pontal do Paraná, sendo Elinete Guimarães Rocha (PROS) e Rosiane Rosa Borges (MDB), a Nega; cinco em Guaratuba, que são: Cátia Regina Silvano (PROS), Ana Maria Côrrea da Silva (PROS), Diva Carneiro Magalhães de Oliveira (União), Edna Aparecida Oliveira de Castro Vaca (Cidadania) e Maria da Silva Batista (PSC); uma em Paranaguá, Isabelle Dias (PSB); duas em Morretes, que são Luciane Costa Coelho (Podemos) e Marcela da Silva Elias (PSC); uma em Antonina, Elizandre Rodrigues Machado (PSD), a Fofa; duas em Guaraqueçaba, sendo Luciane Teixeira (PSD) e Nair de Siqueira (MDB), e uma em Matinhos, Nívea Carraro Gurski (PSD).

A nível nacional, de acordo com estudo realizado pelo Observatório da Mulher Pública em 2022, as mulheres ocupam 14,81% das vagas na Câmara dos Deputados. Já na Mesa Diretora, formada por 11 cargos, apenas três são ocupados por deputadas. Quanto à presidência das comissões permanentes, somente 8% delas são exercidas por deputadas.

Seja no Poder Federal ou Municipal, a representatividade feminina, vital para a manutenção da democracia brasileira, ainda caminha a passos lentos.

A Câmara de Guaratuba é a que tem mais mulheres como vereadoras; elas ocupam cinco das 13 cadeiras. Foto: Câmara de Vereadores de Guaratuba


Representatividade em Paranaguá

A professora de Língua Brasileira de Sinais e vereadora de Paranaguá, Isabelle Dias (PSB), fala sobre os desafios que enfrentou como mulher e pessoa com deficiência. Aos cinco meses de vida, ela contraiu meningite, doença que a deixou surda.

Ao longo desta trajetória, sofri com bullying e preconceito, mas nada disso me fez desistir de seguir em frente e mostrar minha capacidade. A falta de representatividade da comunidade surda foi o que fez eu me interessar pela política, porque há tempos lutávamos por acessibilidade e direitos básicos, mas não éramos atendidos. Então, em 2020, eu resolvi arriscar e me candidatar para vereadora”, lembra Isabelle.

Dentre os projetos de autoria da parlamentar, está a criação da Central de Intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e guia-intérprete para surdocegos; o programa Municipal de Equoterapia, instituído pela Lei nº 4163/2022, que permite a permanência de animais de terapia e assistência em ambientes privados e a Semana de Informação e Conscientização sobre Doenças Raras etc.

Isabelle Dias é a única vereadora do Litoral com deficiência; ela é, também, a primeira vereadora surda do Paraná. Foto: Kaike Mello/JB Litoral


Para a vereadora, ser mulher num local historicamente ocupado por homens é um desafio, mas afirma que os demais representantes da Casa apoiam suas iniciativas. “É um desafio diário, são barreiras que vão sendo quebradas com o tempo, provando que nós também podemos desempenhar funções importantes dentro da sociedade. Apesar das dificuldades, os demais vereadores sempre nos apoiam nos projetos voltados para mulheres e também para pessoas com deficiência, pois sabem da importância deles e da nossa luta”, conclui Isabelle.

As demais vereadoras do Litoral foram procuradas pelo JB Litoral para se manifestarem acerca dos desafios enfrentados por elas na política, no entanto, não responderam aos questionamentos.