Tendência contrária: enquanto o número de jovens eleitores cresce no Brasil, em Paranaguá diminui
Em Paranaguá, a realidade eleitoral desafia a tendência nacional. De acordo com dados recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de eleitores brasileiros com menos de 18 anos, para quem o voto é facultativo, cresceu 14,22% em janeiro de 2024 em relação ao último pleito municipal, em 2020. No entanto, na Cidade Mãe do Paraná, a situação é inversa: houve uma redução de 23% na quantidade de eleitores de 16 e 17 anos, em comparação com o mesmo período.
Em 2020, Paranaguá contava com 683 jovens eleitores aptos a participar das eleições para prefeito e vereadores, sendo 195 deles com 16 anos e 488 com 17 anos. No entanto, uma queda significativa foi observada em 2024. Até março deste ano, o número de eleitores jovens reduziu-se para 525, com 114 eleitores de 16 anos e 411 de 17 anos.
Além disso, a participação eleitoral entre os jovens de 18 a 20 anos também registrou um declínio. Em 2020, havia 5.523 eleitores nessa faixa etária, mas o número caiu para 4.983 em 2024, uma redução de cerca de 10%.
Até março de 2024 – dados mais recentes –, o município contava com 106.874 eleitores aptos, sendo que 52% eram mulheres, com 55.305 eleitoras, e 51.569 homens. A maior parte tem entre 45 e 59 anos (27.871 pessoas).
Maior demanda é no início do ano
Segundo Paulo Sérgio Kawka, chefe do Cartório Eleitoral de Paranaguá, é comum uma maior procura pelo título de eleitor entre os jovens de 16 a 18 anos no início do ano. No entanto, muitos buscam se inscrever não para exercer o direito ao voto, mas porque a posse do título é requisito obrigatório para a matrícula em instituições de ensino superior. “Portanto, sempre vemos um aumento na demanda pelos serviços da Justiça Eleitoral nos primeiros meses do ano, quanto as universidades estão no período de matrículas“, explica ao JB Litoral.
Para Sérgio, o parnanguara tem mais interesse em votar nas eleições federais, particularmente na escolha da presidência da República. “A população da cidade não tem muito interesse em votar para prefeito e vereador”, observa.
Ações para atrair os jovens
Buscando alterar essa realidade, a 5ª Zona Eleitoral de Paranaguá vem intensificando esforços para atrair o interesse dos jovens eleitores. O chefe do Cartório conta que, em fevereiro, foram realizadas reuniões com a Secretaria de Educação e com instituições de ensino superior para promover a conscientização sobre a importância do voto juvenil.
Ele explica que as escolas foram encorajadas a incorporar discussões sobre a obtenção do título de eleitor nas salas de aula, especialmente entre os alunos do ensino médio, para estimular a participação dos jovens de 16 e 17 anos nas eleições. Sérgio enfatiza a importância do engajamento dos jovens na democracia, especialmente no que tange a escolha de representantes municipais. “A partir dos 16 anos, eles já podem se alistar e votar, tomando decisões informadas e conscientes“.
“É importante que acompanhem todas as etapas do processo eleitoral, desde o alistamento até a diplomação dos eleitos, todas elas públicas e conduzidas pela Justiça Eleitoral, acessíveis à fiscalização de qualquer eleitor. Nosso objetivo é assegurar não apenas a existência da democracia, mas sua transparência e segurança, principalmente através da urna eletrônica“, conclui Kawka.
Um ato de responsabilidade com o município
O JB Litoral marcou presença no Fórum Eleitoral de Paranaguá na última sexta-feira (12), onde registrou a movimentação de jovens eleitores em busca de seu primeiro título. Entre eles estava Beatriz Alves Barbosa, de 18 anos, que afirmou que considera o voto um ato de responsabilidade com o município.
“Votar é algo que pode ajudar a construir um futuro melhor para todos nós. É uma forma de afirmar nossa presença na sociedade, porque somos nós quem dirigimos o país. Então, precisamos escolher pessoas capacitadas e responsáveis, que se comprometam com a sociedade, com a cidade e com o país como um todo”, explicou Beatriz.
Ela expressou arrependimento por não ter se alistado aos 16 anos. “Sinto que deveria ter agido antes e isso me deixou um pouco mal, mas agora estou corrigindo esse erro. Como ainda estou começando a entender sobre política, para essas eleições municipais, vou inicialmente me basear nas opiniões da minha família e, gradualmente, formar minha própria visão”, compartilhou.
Beatriz acrescentou que seus critérios para escolher os candidatos incluem a responsabilidade com a sociedade, a população, a cidade, os monumentos históricos e a cultura local. “Espero que eles sejam responsáveis por trazer novidades e melhorar nossa cidade, tornando-a mais acolhedora para o turismo e mais agradável para seus moradores”, concluiu.
Na primeira oportunidade
Já José Roberto Alves Barbosa da Silva, presente no Fórum Eleitoral para solicitar seu título de eleitor, compartilhou que optou por se alistar imediatamente ao atingir os 16 anos, assim que teve a oportunidade. Estudante do segundo ano do ensino médio no Colégio Estadual Porto Seguro, ele viu na votação uma oportunidade de escolher representantes para administrar a cidade.
“Na hora de votar, vou analisar as propostas dos candidatos para transformar e melhorar a cidade, com foco especial na educação, uma vez que muitos espaços destinados aos jovens estão abandonados. Muitos projetos são iniciados, mas interrompidos no meio do caminho, o que afeta diretamente nossas chances de conseguir estágios ou empregos”, afirmou José Roberto.