Consórcio de empresas apresenta proposta de R$ 592 milhões para construção do Moegão ferroviário no Porto de Paranaguá
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Na quarta-feira (5), a Comissão Permanente de Licitação e Cadastro da Portos do Paraná abriu os envelopes da licitação 006/2022, referente ao Projeto Cais Leste, conhecido como Moegão. Apenas um consórcio, formado por quatro empresas de engenharia, habilitou-se para a concorrência, de acordo com a empresa pública.
A proposta do Moegão trata da centralização da descarga ferroviária de grãos e farelos em uma moega exclusiva, com reestruturação rodoferroviária dos acessos dos 11 terminais do Corredor Leste de Exportação do Porto de Paranaguá, otimizando a capacidade de recepção de cargas em ambos os modais. Atualmente, cada terminal tem seu próprio sistema de descarga de vagões, mas isso complica o trânsito na região portuária e representa mais tempo de operação. A intenção é construir um grande espaço de recebimento de cargas, capaz de aumentar a capacidade com menos transtornos.
Segundo a Portos do Paraná, o consórcio apresentou o valor de R$ 592.754.669,41 (quinhentos e noventa e dois milhões e setecentos e cinquenta e quatro mil e seiscentos e sessenta e nove reais e quarenta e um centavos) para a construção. Agora, correm-se os prazos para análise e recursos. De acordo com a CPLP, somente após esses prazos e a homologação dos resultados, é que serão divulgadas as empresas participantes.
“Depois de quase dois anos de preparação e projeto básico, chegamos à primeira fase, da etapa externa de apresentação das proponentes e seus preços”, comenta o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia da Silva.
Obra deve durar de 18 a 24 meses
O consórcio, segundo ele, reúne grandes empresas e apresentou uma proposta interessante, que será analisada antes de seguir para a segunda etapa, a de habilitação. A documentação, de mais de 1.500 páginas, será averiguada e, caso esteja tudo de acordo, “a expectativa é que, muito em breve, tenhamos condição de assinar o contrato, para darmos, enfim, início à execução de uma obra tão importante para o complexo portuário do Paraná”, diz o gestor.
Após a assinatura do contrato, a execução da obra deve durar de 18 a 24 meses. No início de 2021, quando o projeto foi anunciado, o custo máximo estava estimado em R$ 500 milhões.
Projeto doado pela Rumo
O projeto do Moegão foi doado pela Rumo, que tem interesse direto que a obra saia do papel. Israel Castro e Souza, diretor da Execução Sul da Rumo, informa que serão três moegas, funcionando em três linhas independentes, cada uma para produtos diferentes, e com capacidade de 60 vagões cada. “Hoje, a nossa capacidade é de 80 vagões na moega, com picos de 100. Com o Moegão, passará para 390 vagões, podendo superar 500 vagões por dia”, comenta.
Ele destaca que, além da quadruplicação da capacidade, também haverá ganhos em tempo e interferências. O número de pontos de passagem ou em que a locomotiva precisa parar e manobrar vai sair de 53 para 12. “E depois que o trem entrou no Cais Leste, tem zero interferência”, acrescenta. O diretor acredita que esse será o principal aspecto percebido pela população, com diminuição de 70% a 80% nos transtornos para os moradores do entorno ou mesmo para os motoristas.
Para Luiz Garcia, com a obra, o Porto de Paranaguá terá a condição de centralizar vários terminais em um único ponto de descarga, agregando a capacidade e melhorando a logística de operação. Ele ainda avalia que o Moegão terá impactos sociais positivos. “Tem um segundo efeito, que também é importante, que é a diminuição do conflito porto/cidade. Porque essas composições ferroviárias são ‘quebradas’ para manobrar em cada um desses terminais, interditam vias, causando transtorno na espera, que, por vezes, nos trava 15 minutos até uma hora”, diz.
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Maior obra da história
Em sua opinião, o Moegão, que pode ser considerado a maior obra da história dos portos do Paraná, deve mudar o conceito de operação ferroviária no Porto de Paranaguá. Segundo ele, o projeto considera a realidade atual e a necessidade de ampliar a participação do modal ferroviário, mas, também, olha para o futuro da logística no Estado e no cenário nacional.
“Desenvolveremos essa obra pensando na Nova Ferroeste, no fim da concessão da malha sul que nos atende. Enfim, temos grandes investimentos externos ao porto, que demandam muito a ferrovia e precisamos estar preparados para isso”, pontua o diretor-presidente.
O que será feito
- Nesta contratação, a Portos do Paraná pretende a execução de trecho do empreendimento, denominado FASE 01, composto por Moega ferroviária, formado por 3 linhas de recebimento de grãos com capacidade para descarga simultânea de 3 vagões cada;
- 1,7 km de galerias para transportadores de correia;
- 4,8 km de correias transportadoras totalmente enclausuradas com capacidade de projeto de 2 mil toneladas por hora (correias de 54”), para transporte do produto descarregado na Moega Ferroviária diretamente nos terminais logísticos da área portuária.
- O sistema de descarga ferroviária será concentrado em uma moega exclusiva e o escoamento se dará por correias transportadoras totalmente enclausuradas, de forma a não permitir emissões de material particulado para a atmosfera.
Características
- Capacidade para 180 vagões simultâneos;
- 3 linhas independentes;
- 11 terminais interligados;
- Expectativa de + 24 MILHÕES de toneladas de grãos e farelos/ano;
- 900 vagões/ dia (300 vagões em cada uma das 3 linhas);
- 60 vagões por lote, a cada 3,5 horas;
- Máxima – 15 composições diárias (com 60 vagões cada), 5 encostes diários, e aumentando gradativamente ao longo de dez anos;
- Vagões passarão de 65 toneladas para 80 toneladas.
Benefícios
- Mais organização no trânsito e no fluxo dos modais;
- Redução do ruído da buzina dos trens;
- 1 navio de grão = 1.200 vagões x 1.800 caminhões;
- Custo 30% menor;
- 73% menos CO2;
- Redução de 16 para 5 interferências rodoferroviárias.