Dia do TPA é comemorado com entrega de brindes no porto de Paranaguá

O TPA mais idoso em atividade conversou com o JB e relembrou as mais de seis décadas de trabalho no porto


Por Flávia Barros Publicado 29/09/2024 às 16h03

Neste domingo (29), é comemorado o Dia do Trabalhador Portuário Avulso (TPA) em Paranaguá. A data foi instituída pela Lei 4.046, de 2021, e passou a fazer parte do Calendário Oficial de Eventos do município. De lá para cá, a categoria comemora e faz parte, ano após ano, dos recordes do porto.

Para marcar a data, o Órgão Gestor de Mão de Obra de Paranaguá (OGMO) realizou, na quinta-feira (26) e sexta-feira (27), a entrega de brindes aos trabalhadores. “É com muita alegria que nós celebramos e parabenizamos todos os TPAs! A data é uma ótima oportunidade pra reconhecermos a importância desses trabalhadores. E já deixamos aqui um recado aos TPAS; se você ainda não pegou seu brinde, dá uma passada no setor operacional do OGMO lá no porto que ainda dá tempo!”, disse o responsável pelo setor de Comunicação e Marketing do OGMO/Paranaguá, Reinaldo David, ao JB Litoral.

Gostaríamos de parabenizar todos os trabalhadores portuários avulsos, que diariamente, por meio de seu esforço e dedicação, fazem o porto de Paranaguá cada dia mais eficiente e pujante. Vocês são o coração do OGMO, e trabalhamos para que ele continue pulsando forte!”, falou Shana Bertol, diretora-executiva do Órgão Gestor de Mão de Obra de Paranaguá, responsável por manter o cadastro e o registro do trabalhador portuário avulso, além de treiná-los e habilitá-los profissionalmente.

VIDA DEDICADA AO OFÍCIO

E para falar sobre a data festiva, o JB Litoral foi até o Sindicato dos Conferentes de Carga e Descarga nos Portos do Estado do Paraná (CONFEPAR) para conversar com o TPA mais idoso e o 2º mais antigo na ativa de Paranaguá.

Foi em 1960 que João Staniscia, agora com 87 anos, começava no ofício, junto com os irmãos Antônio e Italino. Seu João é conferente há 64 anos.

Fiz concurso pela Capitania dos Portos e entrei em 1960. De lá para cá, mudou muita coisa, era mais trabalhoso, não tinha essa modernidade que tem hoje, os aparelhos eram diferentes, o porto era pequeno, não tinha dessa parte da TCP para lá, não tinha o silão”, lembrou.

TUDO MANUAL

O conferente também conta que antigamente o turno era de 24 horas corridas, diferente do que ocorre atualmente, das 24 horas em turnos. “Antes, quem comandava tudo era o nosso TPA conferente, desde o carregamento à descarga. Ele saía junto com o navio e ficava a estadia do navio toda, tanto o chefe como o ajudante. Além disso, quando começou o embarque de milho, ele era ensacado, não vinha a granel, então eles depositavam no armazém, abriam os sacos e faziam um monte que chamávamos de polenta. Depois de tudo, o conferente calculava ‘de olho’ o montante”, detalhou seu João. 

E para exemplificar o quanto o ofício mudou ao longo das décadas em que ele trabalha na área portuária, Staniscia também contou como era feita a operação com trigo. “Quando chegava o trigo no porto, tinha uns armazéns com umas moegas, ficava um arrumador em cima e eram carregadas as tinas, cada tina tinha 500 kg e o conferente conferia o peso fazendo um risquinho no papel, no fim do dia somava cada risquinho para saber o valor total. Agora é tudo no computador”, relatou o TPA.

João Staniscia, 87 anos, é o TPA mais idoso em atividade; ele atua como conferente há 64 anos. Foto: Juan Lima/JB Litoral
João Staniscia, 87 anos, é o TPA mais idoso em atividade; ele atua como conferente há 64 anos. Foto: Juan Lima/JB Litoral

NÃO QUER PARAR

Viúvo e pai de quatro filhos, entre eles, um falecido, mesmo aposentado, seu João preferiu continuar trabalhando. “O trabalho do TPA é muito importante para o Brasil porque o TPA é que, praticamente, movimenta o porto. Eu quis continuar trabalhando para ocupar a cabeça. Foi com o meu trabalho que conquistei minha casa própria, também uma casa própria e um carro para cada um dos meus filhos. Hoje eu sou viúvo e morava sozinho, mas depois um neto veio morar comigo”, disse.

O TPA mais idoso em atividade também deixou uma mensagem aos colegas. “Alô TPAs, agradeço a todos que conviveram comigo nesses 60 e tantos anos, aos que já foram, aos que ficaram, meus parabéns à nossa classe, que sempre foi unida, e que Deus nos proteja no futuro”, finalizou.

O neto do Seu João tem 24 anos e pretende seguir os passos do avô. Por isso, ele se inscreveu no Processo Seletivo Privado para novos Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs), do OGMO, que oferece 772 vagas no total, das quais 237 são imediatas e as demais para cadastro reserva. As inscrições para o processo se encerram nesta segunda-feira (30).

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