Mesmo com 54 dias de chuva no primeiro semestre de 2024, porto de Paranaguá bate recorde na movimentação de granéis sólidos
As frequentes chuvas que caíram no primeiro semestre de 2024 não foram suficientes para frear o aumento da movimentação de granéis sólidos no porto de Paranaguá, o segundo maior do Brasil. Mesmo com a paralisação das atividades em períodos de mau tempo, o complexo portuário registrou uma elevação de 10% na sua produtividade.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, o volume de água nos primeiros seis meses deste ano aumentou 7% no município. Esse número equivale a 54 dias de chuva. Em conversa com o JB Litoral, o diretor de Operações da Portos do Paraná, Gabriel Perdonsini Vieira, explicou como funcionam os trabalhos durante as condições climáticas desfavoráveis.
“Grande parte da nossa movimentação é estruturada para os granéis de exportação e importação. A operação dos sólidos é um grande desafio. Se tiver algum tipo de mofo, bolor, molhadura, a carga pode ser condenada. A partir do momento que o comando do navio identifica uma possibilidade de chuva ou de grande umidade, é ordenado o fechamento dos porões. Então, a soja, o milho, farelo de soja, açúcar e, até mesmo, os fertilizantes não podem ser manuseados em tempos chuvosos”, afirmou.
Gabriel também revelou o percentual de interrupção dos serviços. Em contrapartida, reforçou que a suspensão do embarque e desembarque de cargas não impediu o crescimento da movimentação portuária. “Esses períodos de parada chegam em torno de 30% do tempo operacional do porto paralisado. Tivemos esse aumento de chuva, mas, mesmo assim, o porto movimentou 10% a mais de carga”, afirmou.
A QUE SE DEVE O AUMENTO NA PRODUÇÃO
Ainda de acordo com o diretor de Operações da Portos do Paraná, o aumento na produtividade está ligado aos dias favoráveis, ou seja, as atividades são compensadas quando não há registro de chuvas. “Produzimos de 220 a 230 mil toneladas em um dia operacional favorável. Esse índice cai para 20 mil, 30 mil toneladas no dia chuvoso. Conseguimos compensar, de certa forma, nos dias produtivos”, contou Gabriel Vieira.
Além disso, o diretor também pontuou que os períodos de interrupção da movimentação de granéis sólidos servem para dar uma atenção maior a outros segmentos do ramo portuário. “Algumas operações não são paralisadas, como a movimentação de granéis líquidos, já que é feita por tubulação, e tem uma garantia da qualidade da carga, mesmo com a chuva. A carga conteinerizada e a operação de carga geral, sendo veículos e máquinas, também não são suspensas. Assim, conseguimos, nesses períodos de paralisação, operar muito bem esses segmentos”, salientou.
REFLEXO DA MOVIMENTAÇÃO DE 2023
Aliada à habilidade logística, a operação dos últimos seis meses de 2023 também foi um fator determinante para o aumento da movimentação de cargas, em 2024, no porto de Paranaguá. “A gente trabalhou muito no segundo semestre do ano passado. Isso resultou no aumento da movimentação nesse primeiro semestre. Dessa forma, com a parceria da Praticagem, da Capitania dos Portos e de outros órgãos intervenientes, conseguimos aumentar a eficiência das operações”, destacou o diretor da empresa pública.
Essa eficiência, citada por Gabriel, está associada à agilidade de toda a cadeia logística portuária durante a importação e exportação dos produtos. “Os navios conseguiram ter uma eficiência maior nas manobras, o que gerou um tempo menor na realização delas. Tivemos, também, um aumento na capacidade de carregamento das embarcações e a ampliação do calado dos nossos berços. Então, isso contribuiu para a elevação da produtividade”, concluiu o diretor de Operações da Portos do Paraná, Gabriel Perdonsini Vieira.
MAIS DE 16 MILHÕES DE TONELADAS EXPORTADAS
De acordo com a Portos do Paraná, somente entre janeiro e maio deste ano, foram movimentadas 16,8 milhões de toneladas ao longo das exportações nos terminais paranaenses, o que equivale a 715 mil a mais que em 2023. A mercadoria que apresentou maior crescimento foi o grão de soja.
Outro produto que demonstrou aumento na exportação foi o açúcar a granel. Segundo a Portos, a carga passou de 1.086 toneladas, no ano passado, para 2.212 em 2024, o que representa uma elevação de 104%. A mercadoria em saca também se manteve no mesmo percentual, chegando a 293.510 toneladas.
Já os contêineres tiveram uma alta nas operações de carnes congeladas. De 232.566 de capacidade, no ano passado, saltaram para 325.382 no primeiro semestre.
“Mais da metade da movimentação nacional passou pelo porto paranaense. É um volume bastante expressivo, que mostra a eficiência das nossas operações”, ressaltou o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.