Moegão Ferroviário deve começar a sair do papel em maio com recursos próprios da Portos do Paraná


Por Luiza Rampelotti Publicado 16/02/2023 às 19h57 Atualizado 18/02/2024 às 04h59

O Projeto Cais Leste, conhecido como “Moegão Ferroviário” do Porto de Paranaguá, começa a sair do papel em 2023. Em dezembro de 2022 foi homologado o contrato com o consórcio formado pelas empresas Tucumann, TMSA, Zortea e Engeluz, único concorrente e vencedor da licitação 06/2022 para a elaboração dos projetos executivos e da implantação do empreendimento. Já no dia 30 de janeiro, a Ordem de Serviço para início das obras foi emitida.

Com investimento de R$ 592.7 milhões, de recursos próprios da empresa pública Portos do Paraná, a nova moega ferroviária vai centralizar a descarga dos trens que chegam ao porto. A área onde a estrutura será instalada terá quase 600 mil metros quadrados, o suficiente para o descarregamento simultâneo de 180 vagões em três linhas independentes, o que permitirá um aumento de 63% na capacidade de descarregamento, passando de 550 para 900 vagões ao dia.

Além disso, haverá a reestruturação rodoferroviária dos acessos dos 11 terminais do Corredor Leste de Exportação do Porto de Paranaguá, otimizando a capacidade de recepção de cargas em ambos os modais. Atualmente, cada terminal tem seu próprio sistema de descarga, mas isso complica o trânsito na região portuária e representa mais tempo de operação. O objetivo é construir um grande espaço de recebimento de cargas, capaz de aumentar a capacidade com menos transtornos.

Além da moega exclusiva e reestruturação dos acessos dos terminais, a obra envolve novas galerias de transporte para levar os produtos descarregados até os terminais logísticos da área portuária. A elaboração do projeto básico, doado pela Rumo, que tem interesse direto na iniciativa, durou cerca de dois anos.

Execução do empreendimento deve durar 20 meses, a contar a partir de 30 de maio de 2023. Foto: Divulgação


Execução da primeira fase do Moegão

Ao JB Litoral, a assessoria de imprensa da Portos do Paraná explicou que nesta contratação, de R$ 592.7 milhões, pretende-se a execução de apenas um trecho do empreendimento, denominado Fase 01, composto por: 

• Moega ferroviária composta por três linhas de recebimento de grãos com capacidade para descarga simultânea de três vagões cada;

• 1,7 km de galerias para transportadores de correia;

• 4,8 km de correias transportadoras totalmente enclausuradas com capacidade de projeto de 2000 t/h (correias de 54”), para transporte do produto descarregado na Moega Ferroviária diretamente nos terminais logísticos da área portuária.

Após a conclusão, a expectativa é de que mais 24 milhões de toneladas de grãos e farelos saiam anualmente por Paranaguá, ampliando para 50% a participação do modal ferroviário no transporte de cargas que passam pelo porto. A obra também deve gerar uma economia de 30% nos custos de transporte e diminuir os impactos ambientais com 73% a menos de CO2 emitido.


Impactos para a comunidade


A comunidade local e quem transita pela região portuária de carro também deverá sentir os impactos positivos após a conclusão da construção. Isso porque o Moegão reduzirá de 16 para cinco os cruzamentos entre as linhas férreas e as ruas da cidade, com efeito direto na diminuição nas interrupções do trânsito e em riscos de acidentes.

De acordo com o diretor de Engenharia e Manutenção da Portos do Paraná, Victor Yugo Kengo, a obra era muito esperada pela comunidade portuária. “Ela vai trazer muitos benefícios para a cidade e para a operação logística dos Portos do Paraná, centralizando todo recebimento ferroviário do corredor leste de exportação. Os trens vão parar de interligar individualmente em cada terminal e vão passar a descarregar em um ponto só, aumentando a produtividade de toda a cadeira logística“, afirmou. 

O diretor informou que, com a conclusão da licitação, o prazo para a empresa iniciar o projeto executivo é de quatro meses após a assinatura da Ordem de Serviço, ou seja, até 30 de maio de 2023, quando começa o prazo de execução da construção. “Após a conclusão da estrutura, a nossa expectativa é conseguir equalizar a balança, chegando a 50% do transporte por meio rodoviário e 50% por meio ferroviário. Com isso, também já estamos nos preparando para receber a demanda da Nova Ferroeste“, concluiu.

Projeto do Moegão: perspectiva de revolucionar a descarga ferroviária em Paranaguá. Foto: Divulgação


Maior obra da história


Após a contagem do prazo para início do projeto executivo, a execução deve durar 20 meses, conforme o edital da licitação. Para o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia da Silva, o Moegão pode ser considerado a maior intervenção da história dos portos do Paraná, e deve mudar o conceito de operação ferroviária no Porto de Paranaguá.

Segundo ele, o projeto considera a realidade atual e a necessidade de ampliar a participação do modal ferroviário, mas, também, olha para o futuro da logística no Estado e no cenário nacional. “Desenvolveremos essa obra pensando na Nova Ferroeste, no fim da concessão da malha sul que nos atende. Enfim, temos grandes investimentos externos ao porto, que demandam muito a ferrovia e precisamos estar preparados para isso”, pontuou.

O governador Ratinho Junior (PSD) também comentou sobre o empreendimento. “O trem vai chegar com a capacidade inteira para descarregamento sem necessidade de desmembramento, o que vai mudar a velocidade de carga e descarga, melhorar ainda mais a eficiência do Porto de Paranaguá e colaborar com a mobilidade do trânsito, reduzindo os trechos de entroncamento entre ferrovias e rodovias“, explicou. 

Características

  • Capacidade para 180 vagões simultâneos;
  • Três linhas independentes;
  • Onze terminais interligados;
  • Expectativa de + 24 MILHÕES toneladas de grãos e farelos/ano;
  • Novecentos vagões/ dia (300 vagões em cada uma das três linhas);
  • Sessenta vagões por lote a cada 3,5 horas;
  • Máxima – 15 composições diárias (com 60 vagões cada), cinco encostes diários, e aumentando gradativamente ao longo de dez anos;
  • Vagões passarão de 65 toneladas para 80 toneladas.

Benefícios

  • Mais organização no trânsito e no fluxo dos modais;
  • Redução do ruído da buzina dos trens;
  • Um navio de grão = 1.200 vagões x 1.800 caminhões;
  • Custo 30% menor;
  • 73% menos CO2;
  • Redução de 16 para cinco interferências rodoferroviárias.