Oficina de coleta e despolpa de juçara impulsiona renda e preservação ambiental na Ilha do Amparo

*Com informações da Portos do Paraná

A busca por práticas sustentáveis e a valorização dos recursos naturais ganharam destaque na última semana com a realização da primeira Oficina de Coleta e Despolpa de Juçara, promovida pela Portos do Paraná. O evento, realizado na Associação Comunitária dos Moradores de Amparo, na Ilha do Amparo, em Paranaguá, contou com a participação de 80 moradores locais na última quinta (25) e sexta-feira (26).

O objetivo da iniciativa foi promover a geração de renda aliada à conservação ambiental nas comunidades litorâneas. Durante dois dias intensos de aprendizado, os participantes puderam mergulhar no conhecimento sobre a utilização sustentável da palmeira juçara, semelhante ao açaí amazônico, que antes era principalmente explorada para a produção de palmito, colocando em risco a espécie.

João Paulo Santana, diretor de Meio Ambiente da Portos do Paraná, destacou a importância do curso para o desenvolvimento sustentável do território, enfatizando a conscientização ambiental e a educação alimentar proporcionadas pela oficina. “É um momento de troca de conhecimento com a comunidade, onde demonstramos uma nova forma de olhar para a palmeira juçara, que até então, era derrubada para a retirada de palmito, condenando a espécie. Agora, com o conhecimento da despolpa dos frutos, é possível uma mudança cultural, trazendo renda às comunidades e incentivando o replantio das sementes contribuindo para a preservação da espécie”, disse.

Potencial de lucro

O evento contou com uma palestra do Instituto Juçara de Agroecologia, seguida por uma pesquisa de campo para a coleta dos frutos. No segundo dia, os participantes realizaram a colheita, preparo, despolpa e congelamento dos produtos, aprendendo todo o processo de aproveitamento da juçara.

A despolpa da juçara, um dos principais ensinamentos da oficina, envolve a seleção dos frutos maduros, a lavagem com água sanitária para esterilização, seguida pela remoção dos caroços e cascas, resultando em uma polpa pronta para consumo. Pedro Pisacco Pereira Cordeiro, coordenador de Sustentabilidade da Portos do Paraná, ressaltou o interesse gerado na comunidade, especialmente entre as mulheres e crianças, indicando um potencial contínuo para a atividade após o término do curso.

A juçara, fruto produzido pela palmeira Euterpe edulis, nativa das áreas litorâneas da Mata Atlântica, é rica em antioxidantes e possui propriedades semelhantes ao açaí amazônico. Rafael Serafim da Luz, vice-presidente do Instituto Juçara de Agroecologia, destacou a viabilidade econômica da produção de juçara em comparação com o palmito, ressaltando o potencial de lucro e preservação ambiental associado à atividade.

“Tem mercados que já vendem o quilo da polpa pura por até 50 reais o quilo, então ele é muito mais rentável do que o palmito, que você precisa cortar a árvore para extraí-lo, que você vai conseguir de 10 a 15, 20 reais e ainda vai eliminar a planta”, disse Rafael.

Programa de Educação Ambiental

A Oficina de Coleta e Despolpa de Juçara é parte integrante do Programa de Educação Ambiental da Portos do Paraná, que desde 2019 tem promovido diversas atividades educativas e cursos profissionalizantes para as comunidades litorâneas do estado. Além de capacitar os participantes, essas iniciativas visam fortalecer a organização comunitária e oferecer alternativas de geração de renda sustentável.

Entre os cursos oferecidos estão capacitações em comunicação, atendimento, maquiagem e corte e costura, proporcionando oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional para os membros das comunidades locais.