Quase sete anos após muitas promessas, Beto Richa vai recuperar Bento Rocha


Por Redação JB Litoral Publicado 24/10/2017 às 02h23 Atualizado 14/02/2024 às 22h55

A sintonia negativa entre duas gestões que transformaram a Avenida Bento Rocha em palanque político de suas campanhas, Roberto Requião (PMDB) e Beto Richa (PSDB), mais uma vez, surge em cena nas vésperas de mais uma eleição geral, que ajudará o governador, se entrar na disputa do Senado em 2018, resgatar sua imagem junto à população da Cidade Mãe do Paraná.

O governador Roberto Requião investiu mais R$ 15 milhões e concretou a Avenida nos anos de 2004 e 2005 com a promessa de durabilidade entre 20 a 30 anos. Durou menos de quatro para apresentar problemas e insegurança e até o final do governo do PMDB não foi investido em sua recuperação.

Prejudicou a cidade e o escoamento das muitas safras no porto, mas Requião se tornou senador pelo Paraná.

Eleito em 2010 com diversas promessas para Paranaguá, inclusive a de recuperar a Bento Rocha, o governador passou exatos seis anos, 10 meses e 23 dias para acenar, de forma concreta, a recuperação da Avenida, faltando pouco mais de dois meses para mais um ano de eleição geral, onde existe a possibilidade de seguir pelo mesmo caminho de Requião e disputar uma vaga ao Senado.

Porém, ao longo destes quase sete anos, ocorreram muitas promessas, diferentes orçamentos, licitações e até tentativa de repassar a responsabilidade da recuperação da via para o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) e para concessionaria ECOVIA – Caminhos do Mar, a pedido do atual vice-prefeito Arnaldo Maranhão (PMDB) e acatado pelo presidente da CPI do Pedágio da Assembleia Legislativa do Paraná, Nelson Luersen (PDT) em 2013.

Desde 2009 o Jornal dos Bairros tem cobrado a recuperação da Avenida Bento Rocha e, diante do anúncio da obra feito nesta segunda-feira (23), traz, hoje, uma retrospectiva do que o Governo do Estado prometeu, anunciou, fez e desfez  até se chegar nesta reunião no Palácio do Governo. Veja o histórico:

JUNHO DE 2012

Primeiro anúncio e valor da obra

Em janeiro deste ano, o JB cobra providências e a Assessoria de Comunicação da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), garante que a recuperação das vias de acesso ao porto aconteceria após o processo licitatório agendado para o dia 12 de janeiro. Surge o primeiro valor para a contratação da obra, orçado em R$ 3,2 milhões e que atenderia os 25 quilômetros das vias de acesso que compreendem as avenidas Bento Rocha, Manoel Ribas, Coronel Santa Rita, Coronel José Lobo e Portuária e Rua Manoel Bonifácio. Depois de contratada a empresa, o prazo para a conclusão das obras seria de quatro meses. Ou seja, somente a partir de junho as vias de acesso ao porto estariam em perfeitas de condições de tráfego.

 

NOVEMBRO DE 2012

Repassando responsabilidade ao DER

Após cobrança feita pela reportagem em outubro da recuperação da concretagem na Avenida Bento Rocha, a APPA repassou o problema para o Departamento de Estradas e Rodagens (DER), alegando que não caberia à autarquia fazer os reparos necessários na via estadual. Desta vez, o portal da APPA traz a informação que o porto “iria realizar a manutenção da concretagem das vias de acesso ao porto, obra no valor de R$ 3,25 milhões, que foi autorizada pelo governador do Paraná, Beto Richa”. Anunciado o segundo valor da obra. De fato, uma equipe do DER esteve na Avenida Bento Rocha fechando com asfalto a frio todas as crateras da avenida feita em concreto.

 

AGOSTO DE 2013

Câmara Municipal cria Comissão de Assuntos Portuários

Por iniciativa do então vereador Arnaldo Maranhão (PSB), hoje, vice-prefeito da cidade, a Câmara Municipal de Paranaguá a Comissão de Assuntos Portuários e Turismo, que passa integrar o Regimento Interno do Poder Legislativo.  Em seu discurso como presidente, Maranhão, diz que a Comissão será um instrumento para fazer funcionar o elo da importante união entre porto, cidade e turismo. A situação precária que se encontrava a Avenida Bento Rocha foi dado como ponto de partida das ações da nova Comissão. Porém, a única ação conquistada foi uma limpeza na Avenida, através da Patrulha da Limpeza e mais nada.

 

DEZEMBRO DE 2013                                                         

Repassando responsabilidade a ECOVIA

Na condição de presidente da Comissão de Assuntos Portuários, Arnaldo Maranhão (PSB), atual vice-prefeito da cidade, durante uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pedágio da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), ocorrida em Paranaguá, entregou ao presidente da CPI, Nelson Luersen (PDT), o ofício 03/2013 pedindo que o trecho da Avenida Bento Rocha tornasse de responsabilidade da concessionária ECOVIA – Caminhos do Mar. O vereador fez mais ainda e conseguiu aprovar na Câmara Municipal o Requerimento 3566/2013, desta vez, cobrando do governador Beto Richa (PSDB), do secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho e o DER para a passagem do trecho de 2,8 km passasse para a responsabilidade da concessionária. Nada foi feito.

 

SETEMBRO DE 2014

Fregonese anuncia licitação para o dia 1º de outubro

Atendendo convite do presidente da Comissão de Assuntos Portuários e Turismo da Câmara Municipal, Arnaldo Maranhão, dia 18 de setembro, em plena campanha eleitoral onde o governador Beto Richa buscava sua reeleição, o diretor empresarial da APPA, Lourenço Fregonese, falou no plenário do projeto de recuperação e anunciou que a licitação para a obra já tem data marcada para ser aberta e aconteceria no dia 1º de outubro. Ele disse que a obra foi orçada em R$ 14.8 milhões e seria executada com recursos da Administração dos Portos.  Anunciado o terceiro valor da obra. “Quero parabenizar o Porto de Paranaguá pela ação de investir na recuperação de uma das mais importantes vias públicas da cidade, pois vai atender, não só um acesso ao porto, mas também vai melhorar uma avenida utilizada por milhares de trabalhadores e moradores de Paranaguá”, destacou Maranhão.

ABRIL DE 2016

Sai a primeira empresa vencedora

Passado um ano do anúncio da concorrência pública 28/2015 pela APPA, que previa um valor máximo estimado de R$ 14.665.313,88 para contratação de empresa para obra de recuperação da Avenida Bento Rocha, após sete meses do anúncio e tramitação, duas empresas foram classificadas para sua execução; São Paulo Engenharia, por R$ 14.657.356,95 e CIMA Engenharia e Empreendimentos por R$ 14.664.244,21. Porém, no dia 28 de março, a empresa CIMA foi inabilitada pela APPA e restou a São Paulo Engenharia como vencedora. O anúncio da inabilitação da empresa CIMA constou no Diário Oficial do Paraná, edição 9665 de 29 de março de 2016. Porém, curiosamente, o documento não aparecia na edição que consta no portal da Transparência do Governo do Paraná.

OUTUBRO DE 2016

Dividino anunciou início da obra em 2015

De posse do Jornal do Bairros nas mãos, uma nova morte ocorrida na Avenida Bento Rocha neste mês fez o Vereador Adriano Ramos (PHS) apresentar novo pedido de informação sobre a obra de revitalização da Avenida Bento Rocha, que ele caracterizou como a “Avenida da Morte”. Com um discurso indignado, o vereador reeleito teve aprovado por unanimidade seu requerimento pedindo informações das seguintes autoridades: Prefeito Edison Kersten (PMDB), Governador Richa, Diretor presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Luiz Henrique Tessuti Dividino e do Presidente da ALEP, Ademar Traiano, de quando a obra de recuperação daquela via teria início. Ele lembrou o fato de o Diretor Fregonese, ter anunciado no plenário da Câmara que a obra começaria no início de 2016. E lembrou ainda anúncio feito pelo próprio Dividino, por meio da solicitação 803/2015, de que a obra iniciaria em setembro de 2015. O que não aconteceu.  O vereador e vice-prefeito eleito, Maranhão, reforçou as críticas e a cobrança de Adriano, fazendo uma síntese do trabalho da Comissão de Assuntos Portuários no sentido de cobrar da APPA e do Governador, a realização da obra desde 2014, por meio do ofício 02/2014.

 

OUTUBRO DE 2017

Governador vai recuperar avenida

Depois de todo este histórico, Beto Richa anunciou novamente a execução dos serviços de recuperação do pavimento de concreto, readequação do sistema de drenagem da Avenida Bento Rocha e também a reconstrução de uma ciclovia, para que caminhões, ciclistas e pedestres possam usar a via com segurança. As obras serão iniciadas ainda neste ano e tem previsão de entrega para a metade de 2018, provavelmente quando todo o Paraná estará em plena campanha eleitoral. Foi anunciado ainda o quarto valor da obra, orçada em R$ 20,2 milhões. O trecho de obras compreenderá uma extensão de 2,9 km entre a ponte do rio Emboguaçu até a interseção com a Avenida Portuária. Toda a rodovia passará por uma revitalização na sinalização, com trocas de placas, faixas de pedestres e sinalização horizontal de todo o trecho.

 

Foto: Arnaldo Alves/ANPr

Quatro orçamentos em seis anos

Vale destacar que o primeiro orçamento da obra, anunciado em janeiro de 2013 de R$ 3,2 milhões, mas que atenderia os 25 quilômetros das vias de acesso e recuperaria não apenas a Bento Rocha, como Manoel Ribas, Santa Rita, José Lobo e Portuária e Manoel Bonifácio. O segundo foi no valor de R$ 3,25 milhões, autorizado pelo governador do Paraná, Beto Richa, mas que abrangeria apenas a Bento Rocha. O terceiro foi no valor de R$ 14.8 milhões, repassado pelo Diretor Fregonese e que seria executada com recursos da Administração dos Portos. Porém, ficou em R$ 14.657.356,95 na licitação vencida pela empresa São Paulo Engenharia. O quarto foi anunciado nesta segunda-feira e a obra ficou orçada em R$ 20,2 milhões.